Nesta edição, a dica de alternativa de lazer para aproveitar as férias em Palhoça é o stand up paddle (SUP), o esporte que consiste em remar sobre uma prancha. Como em qualquer esporte, existem as competições, mas diferente de muitos outros esportes, o SUP pode se transformar em um delicioso momento de contemplação da natureza e interação com os amigos.
A massoterapeuta e empresária Alcinéia Maria Demétrio Soares, moradora da Pinheira, procurava uma atividade para ocupar o corpo e a mente. Em abril do ano passado, observou uma publicação no Instagram onde o fotógrafo Luis Reis oferecia aulas de stand up paddle. Ficou entusiasmada com a possibilidade de aprender a remar sobre a prancha. "Eu tenho depressão, e em abril, começa a me dar, por causa do clima frio e muito nublado. Eu quis fazer alguma coisa para liberar um pouco a serotonina, aí eu vim pra cá. Você fica ativando o cérebro e esquece dos problemas. É um remédio", define. "A gente usa o termo supterapia. É um esporte totalmente natureza. Tem o barulho dos remos na água, o canto dos pássaros", ensina Luis. "Em dia tranquilo, dá pra ir até a Ilha do Papagaio. A gente vê peixes, tartarugas, golfinho", acrescenta.
Para quem rema solitário, as remadas proporcionam momentos de contemplação introspectiva; para quem rema em turma, é um lazer que agrega o convívio social. Luis, por exemplo, costuma remar com a esposa e a filha, de 14 anos. "A gente sai remando e vai conversando e quando vê, já remou duas horas", detalha.
Alem de tudo, tem a questão da saúde. O instrutor conta que teve muitos alunos da faixa etária acima de 50 anos que só trabalhavam e viviam uma vida sedentária; hoje, participam de clube de remadores e são saudáveis. Cada treino de uma hora pode queimar cerca de 600 calorias. "É um esporte funcional. Trabalha a coordenação motora, braços, pernas", explica o instrutor, que foi um dos pioneiros no desenvolvimento do esporte no Rio Grande do Sul, em meados de 2008.
Luis avalia que o esporte evoluiu muito desde então. As pranchas estão cada vez mais leves e mais resistentes, fabricadas com materiais de última geração, como a fibra de carbono. Também cresceu em termos de competições, com as variantes de corrida e de "surfe" nas ondas, o "SUP wave". Isso sem falar no aumento no número de praticantes!
Há os que procuram o esporte como competição, e há os que preferem o lazer, como a Alcineia. A empresária conta que precisou de apenas três aulas para assimilar as técnicas básicas. "Eu nunca tinha andado disso. Ele deu a técnica certa, isso que é importante, a base, o alicerce", enumera. "Mas já caí tanto, tanto! A gente tem que aprender a se equilibrar", diverte-se. As quedas não a desestimularam; pelo contrário. Luis conta que a aluna sempre foi empolgada, e não demorou muito para aprender. O instrutor observa que o ritmo de aprendizado varia de cada pessoa, mas logo na primeira aula os alunos já saem remando, pelo menos um pouquinho; nem que seja de joelhos.
As aulas são ministradas no popular "riozinho", no Mar Aberto. "Isso aqui é muito bom, que delícia, a água é maravilhosa e está aí, à disposição. E é seguro, não tem pedras, nada", afirma. Luis garante que a água é limpa e vem do interior do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Tem um tom amarelado, mas é límpida, e se enxerga o fundo arenoso com nitidez. "Esta coloração é da decomposição das folhas, então isso aqui é um chá, você tem um processo de embelezamento aqui", defende a empresária. "É um lugar perfeito pro stand up. É um dos melhores lugares em que eu já dei aula", sustenta o instrutor. "Aqui é ótimo para aprender", concorda a aluna.
Luis destaca que o stand up paddle é um esporte que praticamente não tem lesão e é muito indicado como um hobby. A faixa etária indicada é dos oito aos 80 anos, mas ele tem aluno até de 82 anos. O que importa é prestar a atenção às noções básicas de segurança, como a utilização do colete salva-vidas e do leash (espécie de corda que prende a prancha ao corpo).
Além de tudo, os praticantes do stand up paddle na região Sul do município costumam se mobilizar para realizar ações sociais, como mutirões de limpeza do mar e dos rios da região e arrecadação de doações para campanhas solidárias. "É um esporte que une muito as pessoas", reforça Luis Reis, que mora no Mar Aberto há quatro anos e elogia a qualidade de vida do local.