Na casa da família Mello Rego, na Guarda do Embaú, o esporte é levado a sério. O patriarca, Luiz Antonio, jogou polo aquático no Rio de Janeiro, onde fez história no Flamengo e integrou a Seleção Brasileira. Espelhados nos passos do pai, os filhos Luiz Felipe, de 16 anos, e Luiz Henrique, de 12 anos, seguem a tradição esportiva, mas em outro território: o tatame do judô. “A competição partiu deles, mas o esporte lá em casa é uma obrigação”, destaca Luiz Antonio.
O pai já não joga mais polo aquático - quem sabe um surfe, de vez em quando? Seu “esporte” agora é apoiar a carreira dos filhos, que têm tudo para ter sucesso no concorrido (e prestigiado) universo do judô brasileiro. A formação não poderia ter sido melhor, sob os cuidados do mestre Pedro Antun, no extinto Clube Pura Vida, na própria Guarda do Embaú. Pedro mudou-se para a Austrália, e desde o ano passado os garotos passaram a treinar no Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, sob o comando do técnico Bruno Venâncio. “Ele é muito bom”, elogia Luiz Henrique.
Todos os dias, o pai leva os filhos e mais dois garotos para treinar na capital. Luiz Antonio acompanha os treinos e não se cansa de incentivar os filhos. E cobra, também; não resultado, mas esforço. Não só nos treinos, especificamente, mas em toda a preparação que os atletas costumam encarar, como a preparação física e a dieta – eles também treinam jiu-jitsu, que garante um bom condicionamento para as técnicas de solo do judô. “A parte mais difícil é a dieta”, brinca Luiz Henrique, que precisa “cuidar do peso” para conseguir lutar na categoria -52kg (já ganhou competição no peso -60kg, mas é na categoria abaixo que ele tem grandes chances de brilhar no cenário nacional).
Os dois fazem preparação física específica com o educador físico George Washington de Almeida Junior, o popular Professor Madeira. O treino é específico para o judô. “Para o judô, a gente faz muito treino de força e funcional, simulando aquele movimento que o atleta está treinando”, explica Madeira. O educador criou um sistema de peso e elástico que simula a pegada no quimono. “Isso fortalece a musculatura. Alguns tipos de lesões que os atletas têm, passam a não ter mais. E alguns movimentos que eles não estavam empregando, por insegurança, porque não têm aquele arranque, estão começando a aplicar”, elogia o treinador. “Está ajudando bastante”, concordam os irmãos.
Os resultados são uma prova de que o trabalho está no caminho certo. O caçula foi campeão estadual recentemente e está classificado para o Campeonato Brasileiro Sub-13, que vai ser disputado em Campo Grande (MS).
E Luiz Felipe acaba de conquistar a medalha de ouro na fase estadual dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina, disputados em julho, em Curitibanos. No caminho para o lugar mais alto do pódio, ele bateu o terceiro e o quarto melhores colocados no ranking brasileiro da faixa marrom na sua categoria (meio médio, até 81kg). Isso que ele ainda é faixa roxa! Campeão estadual, Luiz Felipe já está classificado para os Jogos Escolares Brasileiros, para atletas de 15 a 17 anos, que será disputado em Natal (RN), e vai tentar uma vaga nas categorias de base da Seleção Brasileira. A seletiva nacional vai ser disputada em novembro, em Porto Alegre (RS). Os oito primeiros na seletiva e mais quatro convidados da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) fazem um meeting em São Paulo pra definir os quatro integrantes da equipe nacional. “Eu quero ir lá para ver se eu consigo pegar uma vaga na Seleção”, projeta o atleta, que no ano que vem estará em seu “ano bom”, o último na categoria sub-18.
Apesar de serem muito novos, os dois já projetam um futuro no esporte. “Tem que pensar, tem que ter este objetivo, de integrar uma Seleção Brasileira, senão não chega a lugar nenhum”, ensina Luiz Felipe, que tem como ídolos os judocas Leandro Guilheiro e Tiago Camilo. O irmão mais novo é fã de duas feras internacionais: o imbatível francês Teddy Riner e o japonês campeão olímpico em Barcelona (1992) Toshihiko Koga.
Que no futuro, eles é que sejam citados como referências! Até lá, têm muito chão pela frente. O caminho é duro – e caro. Já conseguiram um patrocínio da escola de idiomas Rockfeller, e o restante é bancado com “paitrocínio”. “Para competir, o judô não é um esporte para qualquer um. É um investimento que a gente faz”, diz o pai.
Quem quiser patrocinar os atletas ou obter maiores informações sobre a carreira dos judocas pode entrar em contato com Luiz Antonio pelo e-mail anjodaguardapousada@gmail.com.