Por: Sofia Mayer*
As plaquinhas fixadas por Mércio Ruyz e família, nas margens do rio Capivari, pedem gentileza e cuidado à natureza. A ideia é fruto do amor que o paulistano, radicado há mais de 25 anos no Rio Grande do Sul, tem pela praia da Pinheira, sobretudo pela região do Mar Aberto - área que conheceu em 2002 e onde adquiriu casa em 2015. O comprometimento pela causa ambiental, segundo ele, pode ser traduzido como amor à primeira vista.
A produção, manutenção e posição das plaquinhas é contínua e tem inspiração situacional, afirma Ruiz, que trabalha como coordenador de leanthinking, uma espécie de filosofia de gestão, com foco em eliminar alguns tipos de desperdícios da empresa. “Outro dia, vimos uma mulher atirar uma sacolinha no rio, bem na ponte: ‘Plin! Tá faltando uma plaquinha na ponte!’ E assim vai, escolhemos frases inspiradoras, alegres e positivas”, explica.
A colaboração é coletiva e envolve a família toda, que abraçou forte a causa. “Temos um ritual de que toda visita que vem em casa, pinta uma plaquinha”, revela.
Embora ainda não tenha se mudado definitivamente para Palhoça, a família, que inclui a esposa e dois filhos, passou a criar raízes na praia em 2015. Na pandemia, é na casa construída na rua Peterson Assunção, em frente ao rio Capivari, que fazem o chamado home office. “Optamos em fazer nossa quarentena aqui. Eu estou entre idas e vindas mensais para Porto Alegre. Meu menino está em EaD por enquanto. Contudo, a filha já está alocada aqui definitivamente com o namorido”, conta o pai. A diversidade de flora e fauna local ajudou na decisão de permanecer.
A transição já está sendo preparada; em até cinco anos, a família completa deve passar a residir, de forma permanente, na praia da Pinheira.
Projeto de revitalização
Em 2015, ano em que compraram o terreno no Mar Aberto, havia três possibilidades de escolha. “A minha esposa diz assim: ‘Não seria outro lugar que não fosse aqui, na rua Peterson Assunção, na rua de frente para o rio Capivari’. Isso foi uma escolha dela, também pela forte conexão que a gente tem com a natureza”, lembra Ruiz.
Na época, as marcas da falta de zelo do homem com o meio ambiente já preocupavam. Com a margem do rio parcialmente devastada e concentração de descartes e entulhos em alguns pontos, os dois partiram para a ação. “A gente ficou sabendo que comportamentos do passado, de outros moradores do passado, estavam mostrando suas consequências agora, no presente. E, a partir daí, a gente adotou esse rio; não só a nossa frente, que é totalmente preservada, como no rio inteiro”, revela Ruyz.
De forma anônima e autônoma, a família iniciou um trabalho denominado de “Revitalização do Rio”, e Ruyz, a esposa, filhos e pessoas próximas começaram um mutirão particular de limpeza, conservação reflorestamento e conscientização.
Apoio do Poder Público
O trabalho para a mudança é “de formiguinha”, e focado sobretudo nos bons exemplos e na disseminação de informações pertinentes à comunidade. As plaquinhas criativas de conscientização, por exemplo, pedem a defesa do meio ambiente, lembram que os animais também sentem e que é necessário amar a natureza como a si mesmo - em referência ao mandamento bíblico.
Mas não para por aí: o projeto familiar é pautado em estudos e busca uma comunicação estreita com o Poder Público. “Nesses últimos quatro anos, temos nos aproximado da FCam (Fundação Cambirela do Meio Ambiente) e da Prefeitura para algumas aberturas de protocolos, para alguns assuntos específicos. Eles sabem do nosso projeto. E a gente é sempre muito bem atendido”, conta o morador. “A gente fez pesquisa, contatou gente importante e profissional, para realizar até onde a gente pode ir. Esse é o nosso norte. Temos muito perto de nós uma biodiversidade, é fascinante o que temos aqui. Famílias de capivara, lagartos, outros répteis, lontras, tartarugas. Centenas de espécies de aves, uma flora maravilhosa”, complementa.
Recentemente, a família conseguiu adquirir o terreno ao lado do espaço que já possuía. “Ampliei a minha área de proteção. E a gente tá muito feliz com isso”, comemora.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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