O inverno é uma grande desculpa para muitas pessoas abandonarem os exercícios físicos, mas o que elas não sabem é que estão desperdiçando o melhor período para a prática, potencializando o emagrecimento e os ganhos de saúde. “No frio, precisamos de mais calorias para nos manter aquecidos”, afirma Felipe Lisbôa, mestre em Educação Física e coordenador do curso de Educação Física da Faculdade de Tecnologia Nova Palhoça (Fatenp). “Esse gasto calórico extra torna-se uma grande vantagem para a queima de gorduras se for aliado a uma dieta equilibrada e à prática regular de atividade física”, esclarece.
Mas, à medida que a temperatura cai, vários cuidados devem ser tomados ao se exercitar. “O nosso corpo possui alguns mecanismos termorreguladores que se dedicam a conservar a temperatura corporal interna, mas também podemos adotar algumas medidas que irão auxiliar a prática: a realização de um bom aquecimento e a utilização de roupas apropriadas são medidas imprescindíveis”, orienta Lisbôa.
O aquecimento é um uma parte do treino geralmente negligenciada, mas que ganha maior importância ainda no inverno. “Exercícios leves/moderados, com duração de 10 a 20 minutos, são suficientes para elevar e manter a temperatura corpórea para todo o treino”, explica. Por outro lado, em virtude da produção de calor metabólico, o uso de muitas camadas de roupas ocasiona perda excessiva de sais minerais por meio da transpiração, o que é prejudicial ao rendimento físico. Assim, ensina Lisbôa, é necessário levar em consideração outros fatores que afetam as atividades realizadas em dias frios como umidade, vento e questões individuais.
Roupas protetoras devem ser usadas em locais internos e externos. “Quando o ambiente é frio e úmido, o uso de roupas protetoras se faz necessário até o término do aquecimento, pois a sudorese excessiva em dias úmidos pode criar uma atmosfera desfavorável para a prática”, ensina.
Segundo ele, em ambientes frios e com fortes ventos, aumenta muito a taxa de perda de calor pelo corpo e, portanto, o cuidado deve ser dobrado. Nestas condições, materiais resistentes ao vento, materiais a prova d’água ou à base de poliéster vestidos por fora do material isolante são uma ótima escolha. “Além disso, é necessário cobrir todas as partes expostas, sobretudo a cabeça, já que é um dos centros primários de perda de calor do corpo”, acrescenta.
O profissional de Educação Física chama a atenção ainda que a condição física da pessoa deve ser analisada. Os mais velhos são menos tolerantes ao frio, ao contrário dos mais jovens, com maior resistência às temperaturas mais baixas. Há ainda a questão da quantidade e composição da massa corporal, também importante para a regulação da temperatura. “Quanto maior a massa muscular, maior a produção de calor, o que resulta em uma tolerância maior às temperaturas mais frias, pois massa adiposa isola os órgãos vitais e evita a perda da temperatura corporal central, o que dá aos indivíduos com massa gorda uma vantagem sobre indivíduos mais magros”, detalha. São questões que devem ser levadas em conta na hora de escolher o tipo e local da prática, além das roupas a serem usadas. “Por último, mas não menos importante, é a hidratação, que deve ser feita antes, durante e depois do treino, pois temos a sensação errônea de que a perda de líquidos é menor”, finaliza.