Única catarinense a participar da sétima edição da Mostra de Contadores de Histórias, realizada durante a 64ª edição da prestigiada Feira do Livro de Porto Alegre (a maior feira do livro da América Latina, que começou no dia 1º e só termina no domingo, 18), a pedagoga palhocense Adriane Forster recebeu um troféu de destaque: ela foi escolhida pelo público como a melhor contadora de histórias da mostra.
Adriane foi convidada a participar do evento, proposto pelo escritor e ilustrador Celso Sisto, que também faz um trabalho de formação de contadores de história. A pedagoga ficou admirada com a dimensão da feira gaúcha, não só pela extensa programação de atividades ou pela estrutura, mas pelo interesse da população pelos livros. “A gente via muitas famílias passeando pela praça, vendo livros, assistindo à programação. Tinha família que eu encontrava de manhã, e no final da tarde eu ainda encontrava”, conta a pedagoga.
Os contadores de história ficaram posicionados no Quartel General dos Pitocos, com programação ofertada ao público o dia inteiro. Mas não foram só os “baixinhos” que se encantaram com as histórias contadas. Adriane conta que havia muitos adultos na plateia, e todo mundo vota para escolher o melhor contador de histórias da mostra. “A gente se apresenta e o público é que faz a votação no final. São todos bons contadores de história, e o público escolhe quem foi o destaque”, conta Adriane.
A pedagoga já não via a hora de fazer uma apresentação fora de Santa Catarina e ficou exultante com o resultado. “Para mim, é um orgulho, era uma meta minha contar histórias fora de Santa Catarina em 2018, e ainda veio o troféu”, conta a palhocense, que neste ano participou da Feira Literária Internacional de Parati, mas como visitante; também já visitou as bienais de São Paulo e do Rio Janeiro.
O envolvimento com a arte de contar histórias veio no embalo da profissão. Formada em pedagogia pela Unisul, em 2009, sempre trabalhou muito com a literatura infantil. Foi uma relação tão intensa que não ficou restrita à sala de aula. Adriane começou a fazer apresentações em outras escolas, além daquela onde trabalhava, e procurou muitos cursos de formação pelo país ou a distância, inclusive com a Academia Brasileira de Contadores de História (da qual é membro imortal, atualmente). Hoje, já está na sua quinta pós-graduação, justamente em Contação de Histórias e Literatura Infantil.
E contar uma história não é simplesmente ler um texto ou falar ao público. Há toda uma metodologia, um jogo de cena, em que até o figurino é importante. “O figurino não é da história. Às vezes, ela é personalizada, como por exemplo a Semana do Livro, aí vou com um personagem de Monteiro Lobato, mas não é sempre que tem a ver com a história, mas eu tenho que usar algo mais do universo infantil”, explica. Adriane cria os figurinos na imaginação e a mãe de uma amiga, que é costureira, traduz as ideias em tecidos e linhas.
Histórias, contudo, ela não cria. Prefere trabalhar com contos de autores consagrados e populares no universo infantil, como Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Tatiana Belinky, além de contos da tradição oral, que passam de geração a geração, mas que continuam atuais, como “A Princesa que Tudo Sabia, Menos uma Coisa”, que foi justamente a “história premiada” em Porto Alegre. “São contos populares, que às vezes são escritos por outros autores e ganham novas versões”, acrescenta.
Como ficou conhecida neste universo da contação de histórias, Adriane passou a receber vários convites de escolas para ensinar a técnica aos professores, e por isso criou uma empresa, a Capacitar Consultoria Pedagógica. Assim, pode oferecer os cursos de formação e emitir certificados, com registro na Secretaria de Educação.
Além das escolas, outro ambiente em que é muito comum encontrar Adriane contando suas histórias é nas livrarias. A Livraria Catarinense, do Continente Park Shopping, por exemplo, tem um projeto chamado Hora do Conto, e a palhocense é “figurinha carimbada” nesses encontros. “Geralmente, aos sábados, quando estou livre, estou lá contando história neste projeto”, relata Adriane, que além de contar histórias nesses eventos também organiza workshops para professores, pais, bibliotecários, falando sobre a importância da literatura e como contar histórias para crianças. Neste sábado (17), por exemplo, ela participa da tarde de autógrafos e lançamento do livro infantil “Sofia, Pé na Estrada”, do autor Cleber Duarte Coelho, na Catarinense do shopping Continente, das 15h às 16h. E no dia 24, tem Especial de Natal, no mesmo local e horário. “Eu vou fazer um repertório natalino e as crianças vão decorar a árvore da livraria”, revela. Estão todos convidados!