Por: Willian Schütz
Tudo começou com uma carta. Em 1989, Jurandir Knabben teve acesso a uma carta escrita pelo avô, José Knabben, em 1921. O texto resume a vinda da família da Alemanha para o Brasil, no final do século 19. Historiador e curioso, Jurandir começou a reunir informações sobre a família, seu antepassados e descendentes. O resultado dessa pesquisa será apresentado neste sábado (9), em um evento da família Knabben, em Palhoça.
As origens da família Knabben no estado de Santa Catarina se entrelaçam com a história da imigração alemã nos séculos 19 e 20. Na chegada ao Brasil, a família se ramificou e se espalhou pelo sul e além. Sem dúvidas, é muita história para contar. Prova disso é o próprio Jurandir, que passou décadas pesquisando sobre o assunto.
Boa parte dessa história será recontada no encontro dos familiares, marcado para este sábado (9). A festa será privada, no salão de festas da Associação de Moradores do Residencial Probst, em Palhoça. O evento conta com a organização de Elisiane Knabben.
Para a festa, são esperadas cerca de 60 pessoas, descendentes de Peter Knabben — um dos pilares da família, que se ramificou no século 20. No entanto, segundo Jurandir, o número de pessoas que descendem daquela primeira geração que chegou ao Brasil em 1880 é surpreendente. A contagem também será revelada no evento deste sábado.
A festa também contará com o lançamento do livro de cordel escrito por Neusa Bernado Coelho, presidente da Academia de Letras de Palhoça. Alguns desses textos são inspirados na carta de José Knabben.
A história
A carta datada de 1921 foi muito importante para isso tudo. O documento encontrado pelo historiador detalha a vinda da família da Alemanha para o Brasil, um marco que se deu no final do século 19. Desde então, Jurandir mergulhou em registros históricos, relatos orais e documentos para reunir informações sobre a genealogia dos Knabben, trabalho que culmina agora com este evento.
Essa história inicia em Monheim, às margens do rio Reno, de onde Werner Knabben, com sua esposa, Anne Christine, e seus quatro filhos, além da nora, Anna Kühnen, e do neto, Werner, partiram em busca de uma nova vida. A travessia os levou de trem até Antuérpia, na Bélgica, onde embarcaram no navio a vapor Kronprinz, que fazia escala nas ilhas dos Açores para reabastecimento antes de seguir rumo ao Rio de Janeiro. A viagem durou cerca de 60 dias e foi marcada por dificuldades, incluindo alimentação restrita a biscoitos.
Após uma breve estadia de oito dias no Rio de Janeiro, a família seguiu para Desterro (atual Florianópolis), que na época contava com uma população de 200 mil habitantes. Ali, Mathias Knabben, irmão de Werner e pioneiro da família no Brasil, aguardava com amigos para ajudar no transporte até Palhoça. O trajeto prosseguiu por caminhos precários, de lancha até o porto de Palhoça e depois por uma trilha carroçável, levando cerca de oito horas até Santo Amaro da Imperatriz e Teresópolis, onde pernoitaram na casa de Alberto Prost.
A família de Werner se estabeleceu em Morro Chato, local de muitos morros e pouco favorável à lavoura. Mais tarde, mudaram-se para Nova Alemanha, uma área que hoje pertence a Armazém, onde Werner e Anne Christine faleceram e foram sepultados. Seus filhos seguiram diferentes trajetórias: Pedro foi para Rio Fortuna; Catharina se estabeleceu em São Martinho; Anna Maria viveu em Pedras Grandes e São João do Sul; Maria Anna mudou-se para Aurora, enquanto José escolheu Gravatal.
Registro no digital
A história completa está disponível online, assim como outras informações e curiosidades sobre a família Knabben. Para conferir, basta acessar o site www.knabben.com.br. No mesmo site, é possível ler a carta que motivou as pesquisas de Jurandir.