Texto: Isonyane Iris
Desde o início do ano, todos os alunos que utilizam vale-transporte tiveram seus cartões recolhidos pela Secretaria de Educação do Estado para averiguação dos cadastros. Diante desse processo, os pais têm que arcar com as despesas do transporte dos filhos até que o cartão seja devolvido (o que está previsto para 1º de abril), e muitos estão enfrentando problemas financeiros para manter os filhos na escola.
Desde o início deste ano a Secretaria de Educação do Estado (SED), em acordo com a Prefeitura do Município de Palhoça, vem atualizando o processo de transporte escolar para se enquadrar no mesmo padrão do realizado em São José e Florianópolis, no qual a SED é a responsável pelo transporte, e não o município.
O benefício, seguindo a regra empregada em todo o estado, é oferecido para estudantes que respeitem o zoneamento e que tenham um deslocamento acima de três quilômetros até o local de estudo. Seguindo a legislação vigente, os critérios para o benefício já foram apresentados a todos os diretores das escolas do município, que estão realizando reuniões com suas respectivas comunidades escolares. A SED está trabalhando agora para que o recadastramento dos estudantes seja o mais rápido possível junto ao Sindicado das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis (Setuf).
Desempregada, uma mãe palhocense está tendo sérias dificuldades em mandar os três filhos para a escola por conta do valor diário com o vale-transporte. A família, que morava na Barra do Aririú, onde as crianças também estudavam, mudou-se para próximo do Centro, e desde então, luta para que os filhos consigam estudar. Primeiro, a batalha foi por uma vaga em alguma escola próxima; o único colégio encontrado foi na Ponte do Imaruim, a mais de três quilômetros de distância da casa da família. “Desde que o governou recolheu os cartões, eu comprei um cartão de estudante e abasteci, mas infelizmente meus recursos só deram para o mês de fevereiro. Para esta semana de março, eu tive que pedir emprestado para um amigo que me arrumou, mas para as próximas não tenho e não sei como eles vão para a escola”, lamenta a mãe, preocupada com a situação. Ela relata que buscou as instituições públicas para pedir ajuda, mas teria recebido a orientação de “levantar cedo e ir a pé” com os filhos para a escola.
Para Maria de Lurdes, a situação também está fora de controle. Moradora do Aririú, ela conta que os filhos também dependem do vale-transporte oferecido pelo governo e que desde que tiraram os cartões as crianças estão tendo, muitas vezes, que ir para a escola a pé. A distância seria de cerca de quatro quilômetros. “Não temos carro, dependemos apenas de ônibus. Com essa atitude do governo de retirar os cartões e devolver só em abril, meus filhos estão tendo que ir a pé. Não tenho dinheiro para todo dia eles irem de ônibus, afinal, tenho dois filhos e o valor da passagem é bem caro”, lamenta Maria de Lurdes, ao pensar nos seus filhos caminhando todos os dias uma distância considerável para poderem estudar.
As mães acreditam que a melhor opção seriam a transferência dos filhos para escolas próximas das residências, mas segundo elas, não há vaga em nenhuma instituição próxima.