Desde segunda-feira (23), estudantes dos cursos de Medicina, Fisioterapia e Enfermagem da Unisul passaram a atuar de forma voluntária em unidades básicas de saúde (UBS), para ajudar no atendimento de prevenção e combate ao Covid-19. Os estudantes estão realizando atendimentos de triagem nos quadros respiratórios nas UBS, e também auxiliando na aplicação de vacinas e atendimentos no call center.
De acordo com o doutor Rodrigo Dias Nunes, coordenador do curso de Medicina da Unisul, os alunos realizam as triagens e os quadros respiratórios mais graves são encaminhados aos centros de referência. “O movimento ainda é pequeno devido às medidas de isolamento social. Os estudantes também estão auxiliando na capacitação dos funcionários de algumas UBS. Todos foram extremamente bem recebidos e se integraram às equipes com facilidade, e entendem sua função e importância nesse momento. Os alunos destinados ao call center estão realizando orientações à população e agora mais alunos foram chamados pela Secretaria Municipal de Saúde para auxiliarem na renovação de receitas de uso contínuo e controlado, com a supervisão médica, para evitar o deslocamento da população”, relata o doutor Rodrigo.
Maria Eduarda Mendonça Lisbôa é uma das estudantes as 12ª fase do curso de Medicina da Unisul que está atendendo na UBS da Ponte de Imaruim, das 7h às 12h. A estudante conta que viu nos noticiários a chegada do coronavírus na China, ficou apreensiva e pensou que não queria que chegasse aqui - por outro lado, estava feliz com a chegada da formatura, que faltava apenas 100 dias para acontecer quando o vírus chegou ao Brasil. “Meu último dia da faculdade chegou, lembro da ansiedade e da felicidade em iniciar o fim de um ciclo. Enquanto isso, o temido vírus ia se espalhando mundo afora, até chegar ao Brasil, e por fim, à Grande Florianópolis. Como aluna do último semestre de Medicina, não tive dúvidas: decidi me voluntariar para ajudar a cuidar dos pacientes infectados pelo Covid-19. Mesmo estando longe dos meus pais, que fazem parte do grupo de risco, cada dia tem sido um novo dia, cada paciente que passa por mim tem me dado um novo ensinamento. Após alguns dias trabalhando na 'linha de frente', vejo que minha ansiedade pela formatura deu lugar ao sentimento de desejar dias melhores”, relata Maria Eduarda.
A estudante conta que já atendeu diversos pacientes com sintomas da doença e realizou a triagem respiratória, mas que a procura está pequena devido às medidas de isolamento social e relata como está sendo a rotina de atendimento. “Nas UBS vêm pacientes com sintomas leves, mas, por precaução, damos as orientações e pedimos para que fiquem em casa por 14 dias, não dividam louças com familiares, e caso morem com mais pessoas em casa, orientamos que devem ficar isolados dos demais familiares. Até agora, não tivemos que direcionar nenhum paciente para hospital, porque os quadros foram leves. Nada que necessitasse de um cuidado intensivo. Se chegarem casos mais graves, indicaremos que procurem um hospital", relata Maria Eduarda.
Para a estudante, é difícil estar longe dos pais, mas é necessário, porque são considerados grupos de risco. Ela conta que a maioria das pessoas que estão na linha de frente optou por ficar em outro local para não expor os familiares e que, fora a saudade de casa, está aprendendo bastante e ao mesmo tempo podendo ajudar as pessoas que precisam muito neste momento.
Antes de iniciarem os atendimentos como voluntários durante a pandemia, os estudantes realizaram um treinamento de segurança, com professores infectologistas, pneumologistas, cardiologistas e imunologistas.
Thaynara Maestri está na 12ª fase de Medicina e também decidiu aderir ao trabalho voluntário no atendimento call center, através do número 3220-0290, divulgado para a população com o intuito de sanar dúvidas sobre a pandemia. A estudante conta que recebem cerca de 200 ligação por dia com diversas dúvidas. “Os alunos, em conjunto com outros profissionais de saúde, seguem um protocolo de atendimento criado especialmente para esse serviço. Tiramos dúvidas sobre as campanhas de vacinação, sintomas das doenças, receitas e medicações. Os alunos das últimas fases do curso de Medicina auxiliam principalmente nas ligações de pessoas com sintomas respiratórios, orientando sobre isolamento social ou direcionando para atendimentos em UBS, UPA ou hospitais. Ajudamos também na renovação de receitas, realizamos a conferência dos medicamentos e posologias pelo sistema. As receitas são disponibilizadas das unidades que os usuários frequentam, já temos mais de 800 solicitações”, conta Thaynara.
A estudante frisa que, assim como a colega Maria Eduarda, teve que se afastar da família por serem do grupo de risco e, também, do namorado, por trabalhar em hospital referência em Covid-19, em Porto Alegre (RS). “A saudade é grande, mas nos encontramos virtualmente, por videochamadas”, relata Thaynara.