Texto: Isonyane Iris
Superando a ideia ultrapassada de que idosas não podem praticar esportes, um grupo de senhoras atletas da terceira idade tem deixado os problemas de saúde, as dores no corpo e o desânimo em casa e encontrado em quadra tudo que precisam para serem felizes. Dispostas a formar o primeiro time de vôlei feminino master de Palhoça, elas buscam apoio para encontrar um técnico e também mais jogadoras.
Era terça-feira (7), 8h, e todas já estavam no Ginásio do Caranguejão, quando nossa equipe de reportagem chegou. Dispostas, alegres e esbanjando motivação, elas não se intimidavam nem com o frio de 11ºC que estava fazendo. “Frio que nada, aqui a animação é tanta que logo já esquenta”, respondeu uma das jogadoras, ao ser questionada se não estava com frio, vestindo só a camisa do uniforme.
Faz menos de um mês que tudo começou. A ideia de formar um time de vôlei master veio de uma experiência que algumas tiveram com um time de vôlei câmbio (uma modalidade para idosos) no Sesc da Ponte do Imaruim. O grupo gostou da brincadeira e resolveu formar um time oficial de vôlei master de Palhoça. Segundo elas, a ideia é não ficar na brincadeira, elas querem mesmo é competir.
Dona Vera Lucia Costa tem 68 anos e acorda bem cedo para treinar. Moradora do bairro Capoeiras, em São José, ela enfrenta as manhãs geladas e vem até Palhoça só para treinar, um esforço que, segundo ela, é pequeno diante do prazer de jogar vôlei. “Eu amo jogar vôlei. Depois que jogamos pelo Sesc, vimos que queríamos ser preparadas para ser um time de Palhoça e disputar campeonatos. Por enquanto, ainda estamos começando, mas logo queremos ver esse ginásio cheio”, sonha a jogadora.
A maioria das senhoras já jogava vôlei na juventude, algumas inclusive chegaram a ser impedidas pelos pais de praticar o esporte na época, como é o caso da dona Maria Arlete de Souza, de 64 anos. “Quando era jovem, eu fui atleta. Cheguei a jogar em time do Paraná e de São Paulo, mas naquela época os pais não deixavam, então eu parei. Hoje, estou voltando o meu sonho. Eu tinha dores no corpo e desde que comecei a praticar sumiu tudo. Por isso, não vamos desistir do nosso sonho de formar esse time, vamos mostrar que não tem essa de que velho tem que ficar em casa”, conta a atleta.
Maria Bernadete Jacomelli conta que o vôlei trouxe para sua vida uma oportunidade de rejuvenescer. Segundo ela, estar em quadra tira o estresse, dá alegria e energia, e ainda permite encontrar com as amigas e “voltar aos tempos da juventude”. “Volto para casa depois dos treinos reabastecida, por isso aproveito para convidar todas que estão em casa e querem sentir a alegria de deixar de tomar remédios e de pensar em problemas, pois no jogo esquecemos de tudo. Até o antidepressivo que eu tomava eu não precisei mais. Venham fazer essa experiência, reviver a nossa juventude e ainda se sentirem uma nova mulher”, convida dona Bernadete.
Mesmo ainda sem um técnico e sem rede, o time não perde um treino, que acontece no Ginásio Caranguejão às terças-feiras e quintas-feiras, das 8h às 9h30. As novas jogadoras que se interessarem podem comparecer aos treinos - só é preciso ter mais de 60 anos e disponibilidade. O time, que ainda está no começo, sonha em logo estar com um número grande de jogadoras e contar com a ajuda de um treinador.
As senhoras procuraram a Fundação Municipal de Esporte e Cultura (FMEC), que logo disponibilizou o ginásio. Falta a rede e um técnico. “A rede fica em uma sala fechada, então já entrei em contato com o responsável e nesta quinta-feira (9) já estamos nos organizando para que elas treinem com rede. Quanto ao técnico, estamos buscando agora um estudante de Educação Física que esteja disponível para um estágio. Ficamos muito felizes com a iniciativa e achamos muito interessante Palhoça ter um time de vôlei master, por isso estamos dando todo suporte necessário”, informou o presidente da FMEC, José Virgilio Junior (Secco).