Quando saiu de um emprego, 11 anos atrás, o designer gráfico radicado em Palhoça Léo Kairos resolveu usar o dinheiro da rescisão para comprar uma câmera profissional. Era hobby, mas não demorou muito para se transformar em uma carreira de sucesso. Hoje, ganha a vida fazendo cliques e se especializou em registrar competições de fisiculturismo.
"Comprei minha primeira câmera profissional e comecei a brincar. Faz aniversário de um amigo, faz uma foto da prima, aquelas coisas, fui tomando gosto pela coisa e fui me profissionalizando. Quando me dei conta, estava trabalhando com isso", conta Léo, que vem de uma família de Paulo Lopes e mora há 16 anos em Palhoça. O ritmo de trabalho com fotografia ficou tão intenso que ele precisou abandonar o emprego como designer gráfico, cinco anos atrás. "Falei, na época: não aguento mais trabalhar na gráfica, quero viver só da fotografia", recorda.
Hoje, Léo tem uma agência de publicidade e faz trabalhos em redes sociais, mas seu foco é mesmo a fotografia. Principalmente, clicando fisiculturistas. "Não tem uma data ou um motivo. Nesse processo de brincar com fotografia, vi que fui gostando mais da parte de ensaios, de bebê, de criança, de mulher grávida, de famílias, e comecei a fazer ensaios de amigos. Fiz para um amigo que fazia academia, que indicou para outro amigo e foi muito natural: quando me dei conta, estava fazendo 90% de ensaios de pessoas que tinham um corpo mais atlético", revela.
Léo nem entendia direito como funcionava este mundo do fisiculturismo, até que um dia fez o ensaio de um atleta, que o convidou para fotografar um campeonato. "Fui, levei meu equipamento, fiz fotos de outras pessoas que eu já conhecia e nem sabia que eram atletas, e naquele evento mesmo eles vieram me procurar e ali começou meu trabalho. Eles compraram as fotos que eu havia feito e já agendaram para outra competição que teria no mês seguinte e dali foi indo", detalha.
O fotógrafo ainda é apaixonado pelos ensaios, em que pode usar mais a criatividade, mas seu principal trabalho atualmente são os campeonatos. Em Santa Catarina, é o fotógrafo oficial da Federação Catarinense de Fisiculturismo e faz trabalhos também no Rio Grande do Sul e em eventos de nível nacional, como o Arnold Classic Brasil (que na verdade é uma espécie de seletiva sul-americana para um dos principais campeonatos de fisiculturismo do mundo), em São Paulo. "Já fotografei atletas do mundo inteiro, é bem bacana esta parte", comemora.
Léo Kairos diz que não existe um "segredo" para fazer fotos de fisiculturismo, mas a experiência ensina os macetes de um bom clique. "Para fazer o clique perfeito, tem que saber o momento exato em que o atleta está respirando no palco. Ele tem um shape bonito, mas tem a concentração de respiração, de cravar a pose para os jurados. Você dá o clique no melhor momento da pose dele", ensina. Com as mulheres, há detalhes específicos que precisam ser observados na hora de apertar o disparador: o lance de jogar o cabelo, as poses laterais, um ângulo em que o bumbum fique mais aparente. "São poses que ficam mais bonitas, fotos mais criativas", destaca. E isso tudo tem que ser feito em tempo recorde. Isso porque o tempo do atleta no palco é muito curto (geralmente, são dois minutos), então, o fotógrafo precisa estar preparado para fazer a maior quantidade de fotos possível - e com qualidade - para entregar ao cliente. "É corrido na hora do clique, mas eu gosto desta adrenalina, desta pauleira", garante.
E os atletas comemoram a possibilidade de ter um profissional especializado registrando os eventos. "A maioria dos campeonatos são amadores, e esses atletas querem se tornar profissionais. Para isso, eles têm que trabalhar o marketing pessoal, para fazer parcerias e se tornarem conhecidos. Então, tento deixar dentro de uma linha que eles possam usar aquela foto para um trabalho mais comercial, mais publicitário", observa.
O equipamento utilizado é uma Canon EOS 7D; a lente, depende do campeonato: se estiver perto do palco, usa um tipo de lente; se estiver mais distante, é outro tipo. "Meu equipamento não é top de linha, mas quem faz a foto não é a câmera, é o profissional", sustenta. "O equipamento moderno é ótimo, mas tem que saber usar os recursos, senão, não adianta. Tem que saber aproveitar cada funçãozinha que a câmera te dá, aí consegue fazer fotos bem bacanas", acrescenta o profissional, de 28 anos.