O prefeito de Palhoça, Camilo Martins, participou do programa #Palavradoalhocense, que foi ao ar na noite desta terça-feira (7), ao vivo, pela fanpage do jornal no Facebook. O assunto, obviamente, girou em torno das ações que a Prefeitura vem desenvolvendo para o enfrentamento do novo coronavírus. Especialmente neste momento, em que o município registrou a primeira morte provocada pelo Covid-19. “É uma situação que nos assusta e nos preocupa muito, ainda mais agora, com a primeira morte registrada em Palhoça”, comentou o prefeito.
O óbito foi de uma senhora de 58 anos, moradora da Barra do Aririú, que faleceu na madrugada de terça-feira (7). Segundo a Secretaria de Saúde, até a noite desta quarta-feira (8), o município tinha outros quatro casos confirmados, todos de pacientes mulheres, nos bairros: Guarda do Cubatão (32 anos), Ponte do Imaruim (51 anos), São Sebastião (28 anos) e Pagani (41 anos). O município está acompanhando outros 17 casos suspeitos e 105 suspeitas já foram descartadas. Por enquanto, não há registro de paciente (com diagnóstico confirmado para Covid-19) recuperado. No estado de Santa Catarina, são 501 casos confirmados, com 17 óbitos.
O problema é que esses números dificilmente correspondam à realidade. Isso porque há uma subnotificação de casos, ou seja: a velocidade com que a doença se prolifera é maior do que a capacidade do município (e do estado e do país, como um todo) de realizar os testes. O Palhocense trouxe, no site, a história da moradora da Ponte do Imaruim que contraiu o vírus, e outros familiares também apresentaram os sintomas da doença, mas não aparecem nos registros oficiais (clique aqui e conheça os detalhes dessa história). “Eu preciso deixar claro, aqui, a todos, que o número de contaminados por Covid-19 na cidade de Palhoça é muito maior do que quatro pessoas. Infelizmente, não estamos fazendo o teste rápido, porque não conseguimos comprar, o mundo inteiro está atrás, então devemos ter muito mais casos. Então, o isolamento é, sim, necessário. Precisamos ter a compreensão de toda a população”, confirmou o prefeito.
Camilo revelou que existe a promessa do governo do estado de repassar 200 testes rápidos ao município, o que até agora, não aconteceu. A Prefeitura também tenta comprar mil testes rápidos, e a expectativa é a de que o primeiro lote chegue na semana que vem. Os testes só serão utilizados para servidores da saúde e pessoas sintomáticas, ou seja, que apresentem os sintomas característicos da doença provocada pelo novo coronavírus. O prefeito defende que o correto seria fazer os testes em todos os moradores da região da Grande Florianópolis. “Só assim conseguiríamos saber o número de pessoas contaminadas, mas infelizmente não estamos conseguindo comprar, e muitas vezes não haverá recurso financeiro, porque o teste está muito caro”, lamentou.
O prefeito também tem reiterado o pedido para que o governador catarinense, Carlos Moisés, determine a instalação de um hospital de campanha no município – um reforço ao pedido foi feito na terça-feira (7). Camilo relata que ofereceu diversos locais do município apropriados para receber o espaço, mas até agora, não recebeu nenhuma resposta do governador.
O chefe do Executivo municipal lamentou, também, a falta de comunicação entre o governo do estado e as prefeituras em outro assunto delicado neste estágio do enfrentamento da pandemia: o fechamento do comércio. “Estamos muito preocupados e ficamos a manhã de terça-feira toda trabalhando na questão das atividades econômicas. Os índices de desemprego estão aumentando e a tendência é aumentar muito mais”, analisou. “Todas as decisões que o governo do estado vem tomando, ele está tomando de forma isolada”, revelou o prefeito de Palhoça. Camilo diz que os prefeitos das 15 maiores cidades do estado pediram que houvesse um diálogo maior com a cúpula do Executivo estadual. Uma reunião foi feita e havia a promessa de novas reuniões virtuais semanais, o que não estaria ocorrendo. “Ele (o governador) vem fazendo os decretos de isolamento, porém, não comunica aos prefeitos, não conversa com os prefeitos, não sabe as realidades das cidades, e até agora não deu nenhuma ajuda financeira, e isso é o que nos deixa muito preocupados. A preocupação é manter a ordem na cidade e os postos de saúde funcionando”, diz Camilo.
O prefeito lembrou que, quando as primeiras medidas de isolamento foram tomadas, a ideia era afastar as pessoas da rua e conter o ritmo acelerado do contágio enquanto o Poder Público estruturava o sistema de saúde para atender os doentes mais graves, com a ampliação de leitos de UTI. “Quantos leitos foram ampliados? Quantos respiradores foram comprados? Quantos testes serão distribuídos?”, questionou, observando que os prefeitos não têm sido comunicados e pregando transparência na relação com a cúpula estadual.
Neste momento do enfrentamento da pandemia, o prefeito acredita que já houve tempo para o estado se preparar e que a estratégia deveria ser, a partir de agora, utilizar as melhores práticas para evitar o contágio e manter isoladas apenas as pessoas idosas e do grupo de risco. “Se a quarentena não parar, e nós vamos chegar a 30 dias de quarentena em Santa Catarina, é muito preocupante, porque muitos microempresários e comerciantes podem ir à falência”, alerta o prefeito, informando que nada pode fazer para adotar medidas menos restritivas do que as impostas pelo governo do estado, sob pena de crimes civis e penais, segundo intimação recebida pela Prefeitura, encaminhada pelo Ministério Público. “O empresário fica, todo dia, esperando dar 18h para ver se o governador liberou a atividade dele. Tinha que ser uma coisa mais correta, porque o pior já está aqui”, adverte.
Camilo sustenta que “a fase de preparação já passou” e agora a sociedade precisa “se organizar” para que as pessoas possam “voltar a ter uma vida dentro da normalidade que nós vamos viver daqui para a frente”. “O mundo do passado deixou de existir, vamos ter um novo mundo com o coronavírus, diferente, com mais higienização, menos contato, até ter remédio e vacina”, projeta o prefeito.
Enquanto a economia não volta aos eixos, a Prefeitura tem procurado auxiliar quem está passando por necessidades. Camilo afirma que já foram entregues 6 mil cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas alega que o município vai ter dificuldade financeira para continuar atendendo a todos os pedidos. O prefeito acredita que, se recursos tivessem chegado rapidamente dos governos federal e estadual, a situação estaria mais tranquila.
Em outro trecho da entrevista ao vivo, o prefeito avaliou o comportamento da população palhocense diante das medidas de distanciamento social impostas pelas autoridades. “No início, a população de Palhoça aderiu muito, mas agora, passados mais de 20 dias, as pessoas começam, o que é natural, a ter um relaxamento, começam a achar que é uma situação muito simples, mas não é tão simples, agora que as pessoas estão começando a procurar os hospitais, começou a aparecer o número de contaminados”, alertou.
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