Sem possibilidade de contato presencial, devido à pandemia, o Dia dos Professores, comemorado nesta quinta (15), não terá os abraços calorosos e as homenagens que sempre comovem em sala de aula. Para estudantes das redes pública e privada de Palhoça, contudo, isso não é motivo para deixar a data passar em branco. Procuradas pelo jornal Palhocense, crianças em idade escolar mostraram que não poupam criatividade e elogios a seus professores.
A pequena Ana Clara Hickel, de sete anos, tem vivenciado de forma remota praticamente todo o seu período no primeiro ano do Ensino Fundamental. A interação desenvolvida a partir das telas, porém, não trouxe mais do que limitações espaciais: para ela, a afetividade que tem pela professora, Simone, segue sem fronteiras. “Gosto muito da minha professora e sinto muita saudade dela. E quando ela faz vídeos, ela é muito engraçada. Eu amo minha professora”, declara.
A mãe, Francine Veloso, já era fã do profissionalismo de Simone, e admite que tinha expectativas de que a filha tivesse aulas com ela. “Sempre admirei a professora Simone pelo método que ela utiliza na alfabetização e o seu jeito carinhoso com os alunos”, conta. Mesmo com os conteúdos transmitidos online, Ana tem assimilado bem os assuntos propostos. “Admiramos muito o trabalho dela, sei que ela faz com amor”, comemora a mãe, moradora do bairro Ponte do Imaruim.
Lembrança criativa
Quem planeja, todos os anos, um presente carinhoso para o Dia dos Professores, precisou colocar a criatividade para funcionar intensamente em 2020. Funcionou para a estudante Nathália, do quarto ano da Escola de Ensino Fundamental Venceslau Bueno, que decidiu montar lembrancinhas e enviá-las às educadoras pelo correio, junto de uma carta escrita por ela mesma. “Ficou super feliz por ter realizado algo que nunca tinha feito, e ainda presenteado as professoras”, afirma a mãe, Daniela Vitorio.
No texto, palavras repletas de doçura e esperança foram entregues às professoras Andréia, Jaqueline e Vânia. “Estou com muita saudade. E que passe tudo isso logo para nos encontrar”, escreveu Nathália.
A iniciativa, segundo a mãe, partiu totalmente de Nathália, que sempre presenteou os professores nesta data. “Pensou, pensou e veio a ideia”, comenta Daniela, afirmando que o feedback positivo das professoras deixou a aluna ainda mais animada.
Quem também está no quarto ano e com muitas saudades da experiência presencial é Beatriz Mayer Lopes, de 10 anos. Além de ter passado a ver com olhos mais carinhosos os detalhes cotidianos, como almoçar apressada para não perder a hora da van, ela revela que sente falta, sobretudo, da pedagoga Eunice. “Suas explicações fazem muita falta e são de muita relevância para nosso aprendizado e crescimento”, afirma. Para Bia, como é conhecida pelos próximos, socializar também faz parte da vida escolar.
Imersa em rotina virtual, em função das medidas sanitárias contra a Covid-19, a pequena conta que até os “puxões de orelha” fazem falta. “Saudade ainda de chegar na escola e encontrar meus amigos. Todos, sem exceção, felizes e brincando de pega, pé na lata, brincadeira no parque e subir na árvore. Até polícia e ladrão, embora a professora não goste”, brinca.
Professores sentem o carinho
Priorizar a parceria entre as famílias e a escola é a forma que a pedagoga Luiza Uesler Rodrigues encontrou para suprir, minimamente, a falta do contato “olho no olho”, que costuma facilitar o processo de ensino. A metodologia adotada pelo CEI onde trabalha, na Ponte do Imaruim, também ajudou. Lá, segundo ela, os planejamentos de aula são enviados aos pais, além dos vídeos de aulas e de contação de histórias: “Para que a criança não perca a ludicidade mesmo neste período de pandemia”, explica.
Algumas ações solidárias, para arrecadação de alimentos, chegaram a ser feitas no espaço físico da escola durante a pandemia, permitindo que alunos, junto dos pais, pudessem ter um contato breve - e um metro e meio distante - com os professores “Eles querem vir abraçar e a gente não pode. É bem complicado. A gente com certeza vê isso, que eles estão sentindo muita falta”, comenta a professora. Desde 14 de março, os educadores de Santa Catarina estão adaptando suas metodologias à prática do ensino remoto.
Volta às aulas
Com a expiração, nesta terça (13), do decreto estadual que proibia as aulas presenciais, a retomada passa a depender da homologação do plano de contingência da escola no Comitê Municipal, e a considerar o mapa da matriz de risco para Covid-19: apenas regiões com risco Alto e Moderado poderão voltar. Palhoça, hoje, se encontra no patamar Grave.
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