Afinal, o rock morreu? “O rock é eterno”, enfatiza o sub-coordenador da Guarda de Trânsito de Palhoça (GTP), Tony Anderson! A relação do servidor municipal com a música, e em especial com o “bom e velho” - e eterno - rock’n roll, é pautada por uma paixão: a bateria. Cercado de pratos, bumbos e chimbaus, Tony se sente em casa. E o 13 de julho é especial para quem tem o DNA roqueiro: é quando se comemora o Dia Mundial do Rock.
Quando veste a farda da GTP, Tony Anderson encara a dura e recompensadora missão de manter a ordem nas ruas de Palhoça da mesma forma como encararia um concerto com sua banda, a renomada Panela Rock. Troca as baquetas pelo apito; os holofotes, pelo giroflex da viatura. Mas o comprometimento é o mesmo, o vigor é o mesmo, e sente o mesmo prazer em realizar um trabalho de excelência.
Até porque, dedicação é a alma de qualquer profissão. Ou hobby. No caso da música, as duas coisas. Tony Anderson foi enfeitiçado pela magia da bateria em um show dos Paralamas do Sucesso, encantado pelo fraseado das baquetas de João Barone. “Eu ouvia muito as bandas do rock nacional. Saía com meus irmãos mais velhos e os amigos, que sempre me influenciaram. Aos 14 anos, em 1990, fui ao primeiro show da minha vida, um show do Paralamas, na Pirâmide - tenho o ingresso até hoje, lá em casa. Naquele show, a apresentação do Barone foi crucial para a minha paixão pela bateria”, relembra.
Desde pequeno, vivia batucando no balcão, na mesa, onde conseguisse alcançar. Mas a oportunidade de tocar a bateria, propriamente dita, só apareceu no final da adolescência. Tinha cerca de 18 anos, em 1994, quando começou a aprender. Tocou em bandas como a antiga Cipreste de Inverno, que deixou sua marca no famoso festival Snoopy, nos anos 1990. Aprendeu com o professor palhocense Júnior Zacchi, aprimorou a técnica com Claudio Infante (baterista famoso no país, que já tocou com Rita Lee, Caetano Veloso e Marisa Monte) e Guilherme Gonçalves (outro grande nome da música brasileira), até começar a trilhar o próprio caminho junto com a Panela Rock.
Entre os grandes bateristas que influenciaram sua carreira, cita nomes como John Bonham, do Led Zeppelin; Neil Peart, do Rush; Keith Moon, do The Who; Mitch Mitchell, que tocava com ninguém menos do que Jimmy Hendrix; e Jimmy Chamberlin, do Smashing Pumpkins. E é claro: João Barone. Tony gosta tanto do trabalho do instrumentista dos Paralamas do Sucesso que certa vez, em 2017, durante a Expo Music, em Florianópolis, comprou um par de ingressos para o show da banda e resolveu participar de uma promoção realizada pela importadora que trazia ao Brasil os equipamentos da marca utilizada por Barone: “Por que você merece ganhar a bateria do João Barone?” Foi moleza: Tony tinha discos autografados (foi em 1995, na New Time, quando se infiltrou na danceteria antes do show começar e interagiu com os músicos), tinha uma bateria da mesma cor e da mesma marca, então, foi só bater umas fotos e pronto, a promoção estava no papo!
Àquela altura, já tinha duas baterias em casa. Aquela foi a terceira bateria. Tirou as peles e conseguiu novos autógrafos do ídolo – hoje, as pelas autografadas decoram uma salinha em sua casa, em Palhoça. E a bateria ainda está lá! É icônica! Já foi tocada até por outro grande baterista do país, Eloy Casagrande, do Sepultura. “Me ligaram perguntando se eu poderia emprestar aquela bateria para uma oficina. Eu perguntei quem iria tocar. Quando me disseram quem era, emprestei na hora”, lembra Tony.
A coleção não parou por aí. Hoje, tem quatro baterias. O quarto kit foi comprado quando organizou a segunda edição do Palhoça Drum Fest. Foi comprado especialmente para a participação da baterista Vera Figueiredo. A segunda edição só não aconteceu por causa da pandemia de Covid-19. Certamente, teria sido um sucesso, como foi a primeira, em 2019, quando 75 bateristas se reuniram para tocar ao mesmo tempo em um evento com o gene do rock’n roll, na Praça do Espelho D’Água, no Passeio Pedra Branca. Tony idealizou e organizou o evento em Palhoça. Porque ama música, ama o rock e ama bateria – tanto que o ringtone, a música que toca em seu celular toda vez que recebe uma ligação, é The Rover, do Led Zeppelin. Ama tanto que, nos shows da Panela Rock, não deixava o roadie montar a bateria - ele mesmo montava, o roadie só carregava os equipamentos. Ama tanto que está mobilizando os antigos parceiros para reativar a banda e fazer novos tributos, como os que a Panela Rock costumava fazer, em homenagem a bandas como Led Zeppelin e Queen. Foi a última vez que tocou, aliás, com a banda: um tributo ao Queen, junto com o Dazaranha, no aniversário de emancipação política de Palhoça, em 2019. Mas voltará a tocar, é claro! Porque o rock não morre! O rock é eterno!