O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Sul de SC (Unisul) vai realizar, em Palhoça, uma pesquisa para testar a eficácia do medicamento anticoagulante edoxabana, combinado a antibiótico, no tratamento de pacientes com suspeita de Covid-19. Em parceria com a Secretaria de Saúde de Palhoça, o trabalho será desenvolvido na UPA 24h do Bela Vista, administrada pelo Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), em parceria com o município.
O projeto foi selecionado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), no Programa de Combate a Epidemias, no Edital 11/20, lançado no ano passado.
A UPA 24h do Bela Vista foi escolhida porque, no começo da pandemia, foi definida como referência no município para o atendimento a pacientes de Covid-19 com evolução moderada da doença, que é o estágio da doença a ser acompanhado no estudo. “Será uma grande satisfação poder participar deste projeto e vamos colaborar com o que for necessário”, diz o diretor administrativo da UPA, Willian Westphal.
O foco da pesquisa é avaliar o efeito de tratamento clínico em pacientes com problemas de coagulação do sangue. “A universidade fará um ensaio clínico em pacientes com suspeita de Covid-19 e que tenham problemas de coagulação sanguínea”, explica a professora Anna Paula Piovezan, coordenadora do projeto. Estes pacientes receberão gratuitamente o tratamento e serão acompanhados diariamente pela equipe de pesquisa, por 28 dias. Os trabalhos começam em breve.
De acordo com a equipe de pesquisa, observou-se que a Covid-19 está associada ao aparecimento de coágulos pelo corpo dos pacientes, podendo causar um quadro de isquemia (redução na oferta de oxigênio do corpo) e levar o paciente a apresentar, algumas vezes, um padrão inflamatório intenso. A partir desta constatação, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a Covid-19 não seria uma reação inflamatória imediata causada pelo vírus, e sim, derivada de uma isquemia sistêmica, criada a partir da obstrução das artérias por coágulos. “A baixa concentração de oxigênio nos tecidos é que levaria ao surgimento do quadro inflamatório intenso, com possibilidade de desfecho grave para os pacientes”, acredita o médico cardiologista Leandro Giacomello, vinculado à Prefeitura de Palhoça e um dos idealizadores do projeto.
Um total de 160 pessoas, maiores de 18 anos, que apresentarem sintomas de Covid-19 e aceitarem participar farão uso do medicamento anticoagulante e serão acompanhadas pela equipe durante 28 dias. Além da professora Anna Paula Piovezan e do médico Leandro Giacomello, também integram o grupo de trabalho os professores doutores Jefferson Traebert e Eliane de Azevedo Traebert, ambos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unisul; além das doutorandas Nathália Nahas Donatello e Ana Caroline Heymanns e da pós-doutoranda Verônica Horewicz.
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