Um grupo de pessoas engajadas na campanha Março Verde, lideradas pela escritora e palestrante palhocense Adriana Vareski, reuniu-se no domingo (30), em Palhoça, para participar da caminhada que integrou as atividades da terceira edição do MovimentAÇÃO pela Neuromielite Óptica (NMO).
A caminhada aconteceu pela manhã e o grupo partiu do ponto de encontro, localizado em frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Palhoça (Sitrampa), no Pagani. “A caminhada não é o começo nem o fim deste movimento, que tem dado passos importantes na luta por mais visibilidade a essa doença rara, ainda invisível aos olhos da sociedade”, reflete Adriana Vareski.
Adriana é paciente da NMO e é considerada como representante oficial da doença em SC e no PR. A escritora e palestrante vem mobilizando esforços e fazendo palestras para dar maior visibilidade ao debate sobre a neuromielite óptica.
A caminhada foi uma das ações realizadas dentro da campanha nacional Março Verde, que já acontece em diferentes estados brasileiros – e pela primeira vez, Palhoça fez parte da mobilização. Assim como aconteceu com o Cristo Redentor e o Congresso Nacional, entre outros órgãos públicos e pontos turísticos brasileiros que receberam iluminação especial na cor verde durante o mês de março, o prédio da Prefeitura de Palhoça foi destacado na cor da campanha.
O Março Verde é uma iniciativa da Confederação Brasileira de Optometria e de Óptica (CBOO), com o objetivo de alertar sobre a necessidade de mudanças nas políticas públicas de saúde visual no país. O dia 27 de março é celebrado como o Dia da Conscientização sobre a Neuromielite Óptica, uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso, causando paralisia nos braços e nas pernas e cegueira, podendo levar o paciente ao coma, seguido de morte.
Em Palhoça, a Câmara de Vereadores articulou a aprovação da Lei 5.502, que instituiu no calendário do município o dia 27 de março como o Dia da Conscientização da NMO. Uma grande vitória para milhares de pessoas que lutam diariamente contra a falta de apoio e visibilidade. Pessoas como a escritora Adriana Vareski, que criou o MovimentAÇÃO. Nascida e criada no Caminho Novo, ela convive há 10 anos com a doença e fez do diagnóstico a sua bandeira.
Autora do best seller “O Voo da Superação”, Adriana hoje empresta a sua voz para que a causa possa ganhar os mais diversos palcos, e acima de tudo, surpreender a plateia, através de uma linda história superação. “Após mais esta caminhada pela NMO, o nosso próximo passo é poder lançar ainda mais luz sobre a doença, iluminando outros locais através da aprovação desta lei. E mais do que iluminar os órgãos públicos, queremos dar andamento a projetos nas áreas da saúde, da educação e da cultura. Março acabou, mas temos projetos para o ano todo e vamos seguir, passo a passo, promovendo a saúde de forma integral e preventiva”, projeta Adriana.
O que é NMO?
Neuromielite Óptica (NMO), popularmente chamada de “doença da dor”, é uma patologia neurológica crônica e autoimune que causa inflamação em diferentes locais do sistema nervoso central. A patologia se manifesta através de exacerbações ou ataques. As recorrências mais comuns são de neurite óptica (inflamação do nervo óptico), mielite (inflamação da medula espinhal) ou síndrome da área postrema (inflamação de pequena área do cérebro que causa náuseas, vômitos e soluços).
A neuromielite óptica é uma doença autoimune rara e debilitante causada por ataques graves e recorrentes ao sistema nervoso central (SNC) que destroem os axônios e causam desmielinização. Esses ataques ocorrem principalmente no nervo óptico e na medula espinhal. São os “surtos”, que podem resultar em cegueira, paralisia e morte.
No Brasil, existem entre 3,5 mil e 7 mil pessoas com a condição.
Diagnóstico da NMO
A NMO é uma doença rara que frequentemente é confundida com a Esclerose Múltipla (EM). Muitos pacientes com NMO são inicialmente diagnosticados erroneamente o que dificulta muito o tratamento.
De fato, há algumas décadas a condição era considerada uma das formas de EM. No entanto, sabe-se hoje que a NMO é uma doença diferente, com suas próprias características e formas de diagnóstico.
O diagnóstico da NMO é baseado no que a pessoa conta ao médico, no exame clínico no consultório e a partir de alguns exames laboratoriais, como: ressonância magnética, para verificar danos e lesões em torno dos nervos no cérebro e na medula espinhal; exame de sangue, para testar a presença do anticorpo anti-aquaporina-4; punção lombar, em que é coletada uma pequena quantidade de líquido da medula para análise da inflamação; e exame clínico, para avaliação dos sintomas que podem ocorrer devido à neurite óptica e à mielite aguda.
Tratamento da NMO
A NMO não tem cura, mas tem tratamento. Sem tratamento, pode levar a cegueira permanente, fraqueza muscular, paralisia, depressão e morte. A identificação dos primeiros sinais e o diagnóstico precoce podem evitar mais sequelas e salvar vidas.
O tratamento divide-se entre as crises e a fase de manutenção, para prevenção de novos episódios. Nas crises, pulsoterapia com corticoide (sessões de infusão de altas doses de um medicamento) ou plasmaférese (filtro que remove proteínas do plasma); nas fases de manutenção, imunossupressores ou agentes biológicos.
O neurologista irá avaliar qual é a melhor medicação a ser utilizada em cada caso.