Nesta sexta-feira (5), é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em alusão à data, trazemos o artigo do professor da Unisul Jairo Afonso Henkes.
Pandemia: outros tempos, consciência e a importância do meio ambiente
Por: Jairo Afonso Henkes*
Há cerca de 48 anos, as nações começaram a processar os efeitos que o crescimento populacional e o incremento industrial e agropecuário estariam causando ao meio ambiente, com a 1ª Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia.
Entre as preocupações dessa conferência, estava o surgimento e o crescimento das áreas urbanas, nem tão urbanizadas assim; o adensamento populacional; a elevação no consumo e produtos industrializados; o surgimento da teoria da obsolescência programada, que, aliada ao marketing estratégico, colocara em evidência que o importante para a humanidade era ter e aparentar ter, não havendo, até então, preocupações com os impactos ambientais crescentes que deterioravam progressivamente ecossistemas inteiros - até então intactos ou conservados com qualidade ambiental, que proporcionavam os serviços ambientais ecossistêmicos que contribuíam com a qualidade de vida da época.
Passaram-se quase cinco décadas e de fato houve uma evolução nos conceitos e regulamentações acerca das questões ambientais. No entanto, ainda se vê uma corrida produtivista em escala global, com impactos locais, regionais e internacionais, originada pelo aumento na demanda de alimentos, produtos manufaturados e serviços.
Com uma população global de mais de 7,5 bilhões de seres humanos, as demandas contemporâneas parecem ser diversas das da década de 1970, e atualmente se observam problemas que antes oportunizaram a busca de soluções para a conservação e manutenção da biodiversidade, e que hoje parecem ser problema para o desenvolvimento de alguns segmentos produtivos. Em verdade, a humanidade precisa reorganizar seu modo de vida, pois a pandemia que acontece em 2020 já aconteceu em outros momentos: há um século, exatamente esta mesma humanidade já travava uma batalha pandêmica com outro “inimigo invisível”.
Hoje, a pandemia do coronavírus abre diversos questionamentos em nosso modo de vida, colocando em primeiro plano nossa saúde, associada à saúde pública, aos investimentos em saúde, entre outras questões político-administrativas, mas esquece novamente que saúde se conquista com um ambiente equilibrado, conservado, com os elementos essenciais à vida, colocados à disposição das populações, de forma a garantir qualidade de vida. Estas questões passam necessariamente por uma reflexão ambiental, de como se trata o meio ambiente, de como se administram as formas e meios de produção, de como utilizar os recursos naturais, de gerir nossa pegada ecológica, de tratar com equilíbrio nossa casa comum.
Os resultados da indiferença ou do descompromisso da sociedade estão evidenciados em tantos e tantos exemplos negativos que se observa nos tempos modernos. Todavia, surge um “inimigo invisível” a alarmar a sociedade, mas também a oportunizar um espaço de meditação, um tempo para pensar no que realmente importa, e, por consequência, a natureza pode demonstrar, em poucos dias, que já se vê noites mais estreladas e dias mais límpidos; de sua parte, os satélites registram menores níveis de poluição no ar; e boa parte da sociedade passou a se dar conta da beleza natural de nosso hábitat e de nosso planeta. Quem sabe esteja intrínseco nessa crise um alerta, de que somente a natureza, a biodiversidade e os ecossistemas equilibrados é que nos garantirão a sobrevivência da humanidade. Vale a reflexão!
* Engenheiro agrônomo, professor da Unisul
02/12/2024
02/12/2024