Com volume recorde, chuva provoca estragos em Palhoça
Por: Willian Schütz*
Não foi à toa que Palhoça registrou tantas situações de alagamento e deslizamento de terra com a chuva deste início de semana. A Defesa Civil registrou um volume de 210 milímetros em um espaço de 24 horas; o maior volume registrado nos últimos 14 anos. Munícipes e autoridades locais têm estado em alerta para novas ocorrências e para lidar com os danos já provocados pela enxurrada.
Em razão dos efeitos da chuvarada, o prefeito Eduardo Freccia declarou situação de emergência em Palhoça, na terça-feira (12), ao assinar o Decreto 2.894. A medida tem o objetivo de restabelecer a ordem e a segurança e preservar a vida das famílias atingidas.
Segundo Freccia, cerca de 10 bairros foram afetados. O decreto que determina estado de emergência é “uma forma de dar uma resposta mais rápida para a população e sanar os problemas causados”, relatou o prefeito, em entrevista ao programa “Guarujá 11h”, apresentado pelo radialista Baby Espíndola, na rádio Guarujá. “Abrimos uma sala de situação que envolve Defesa Civil, Secretaria de Segurança, Secretaria de Serviços Públicos, de Infraestrutura… É uma série de pessoas envolvidas. Estamos com toda a equipe na rua. Desde ontem (12), trabalhamos mais de 24 horas seguidas prestando esse apoio, sempre que solicitado”, ressaltou o prefeito Eduardo, durante a entrevista. “Infelizmente, tivemos, nos últimos três dias, um volume muito grande de chuva no município de Palhoça. Foram mais de 200 milímetros de chuva, o que, para se ter noção, é mais do que três vezes o esperado para todo o mês de outubro”, concluiu Freccia.
Segundo dados da Defesa Civil, o grande volume de chuva atingiu cerca de 45 casas no município, além das ocorrências de deslizamentos e outros danos estruturais. Isso até a tarde da última terça-feira (12). Porém, de acordo com o prefeito Eduardo, nenhuma família ficou desabrigada.
Conforme a Prefeitura, os agentes públicos vêm tentando restabelecer o acesso da população em algumas localidades diretamente afetadas pela chuva. No Albardão, a Secretaria de Serviços Públicos atuou para ajudar a comunidade, que ficou ilhada com a queda de uma cabeceira de ponte. E no Morro do Gato, a queda de uma barreira também exigiu um árduo trabalho de remoção do material que estava impedindo a livre circulação no sistema viário. “Nestes locais, o trânsito já está liberado. Estamos trabalhando para melhorar e reforçar as cabeceiras naquela ponte e na barreira também. Também liberamos mais um acesso na tarde desta quarta-feira (13), entre a Guarda do Cubatão e Santo Amaro da Imperatriz”, informa o secretário de Serviços Públicos, Edson Ghizoni.
Alvair Zunino, morador do Madri, registrou um deslizamento de terra em uma das cabeceiras da ponte que dá acesso ao Parque do Madri. Por conta disso, a Defesa Civil interditou a passagem de veículos pela ponte, como forma de precaução. A Prefeitura aguarda uma análise mais apurada da equipe técnica de engenheiros para averiguar se há algum problema com a estrutura da ponte. Até o fechamento desta reportagem, o local seguia interditado.
Algumas das ocorrências envolvendo danos estruturais foram registradas no Alto Aririú, onde ocorreu a queda de um muro; na Guarda do Cubatão, houve um deslizamento de terra.
Já no Centro, uma das principais avenidas da cidade, a Barão do Rio Branco, ficou alagada durante parte do feriado. Também houve grande número de registros na Pedra Branca, na Ponte do Imaruim e no Pagani.
Ainda na terça-feira (12), uma moradora da rua Osni Kuhnen, no Alto Aririú, registrou um alagamento na região onde há obras do Contorno Viário da Grande Florianópolis. Segundo ela, um córrego foi tubulado pela empreiteira e o problema já teria sido alertado aos profissionais.
Porém, a Camargo Corrêa Infra, empresa responsável por trechos das obras do Contorno Viário de Florianópolis, afirma em nota que “a inundação registrada por alguns moradores do bairro Alto Aririú não tem relação com a construção de uma galeria pela construtora”.
Meteorologista comenta as condições climáticas
De acordo com o meteorologista Marcelo Martins, da Epagri/Ciram, “quando chove, em dois ou três dias, um volume de chuva que é previsto para um mês inteiro, acaba havendo alagamentos, inundações, os rios desencalham, têm deslizamentos”.
Ainda segundo o especialista, as chuvas que ocorreram desde o último final de semana são ocasionadas por um fenômeno climático chamado “lestada”, que acontece quando um centro de alta pressão no oceano, nas proximidades da costa, provoca ventos de leste a nordeste, que mandam umidade do mar para toda a região litorânea.
“Apesar dos períodos de trégua, agora, o que é muito bom também, temos um indicativo de chuvas para os próximos dias, mas o pior já passou. Serão chuvas que não terão o mesmo volume dos últimos dias, o que diminui o risco de deslizamentos”, pontua Marcelo Martins.
Já a partir desta quinta-feira (14), uma frente fria deve chegar ao litoral catarinense. As temperaturas devem ficar mais baixas, na faixa dos 17ºC até domingo (17). Ao longo desses dias, devem cair pancadas de chuva, intercaladas com períodos de sol entre nuvens.
Em casos de emergência, é indicado acionar a Defesa Civil, pelo número de telefone 199, ou o Corpo de Bombeiros, discando 193.
* Sob a supervisão de Alexandre Bonfim
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