A violência no Rio de Janeiro fez um “favor” a Palhoça. Foi depois de um assalto, em que viu um dos filhos sob a mira de uma arma, que o cantor Casé Henrique decidiu arrumar as malas e partir rumo ao Sul. Acabou se estabelecendo em Palhoça, há três anos, e hoje dedica seu tempo a colocar no ar clássicos “que as outras rádios não tocam mais".
Foi literalmente por acaso que Casé descobriu os encantos do Sul de Palhoça. Após o assalto no Rio e a decisão firme de mudar de vida (ou de reencontrar a vida, perdida entre estatísticas de violência que cismam em manchar a reputação da Cidade Maravilhosa), Casé ouviu o conselho de uma prima: “Por que você não vem morar em Laguna?” Mas a cidade no litoral sul catarinense não inspirou a mesma “paz” que outra cidade, até então desconhecida, sugeria. Santo Google! “Saí do Rio como um refugiado, larguei casa e tudo! Vendi a casa agora, a prestações, igual Casas Bahia”, relata o músico, que também trabalhou muitos anos como servidor público e hoje está aposentado.
Aposentado, mas não inativo. Em Palhoça, primeiro montou uma lojinha de informática, que durou cerca de um ano. Depois, o chamaram para fazer um programa de MPB na rádio Pinheira. O programa ficou no ar durante cerca de um ano. A rádio fechou durante um tempo, mas ele não voltaria a abandonar a música. Bisbilhotou na internet e descobriu como montar uma webradio (rádio via internet). Nascia ali a rádio Maramar Web, fundada em agosto de 2019, sob o slogan: "Aqui você ouve o que as outras não tocam mais", contribuindo para que os intérpretes de músicas de qualidade não sejam esquecidos.
O slogan é quase um mantra biográfico. Aos nove anos de idade, Casé Henrique já ouvia Elis Regina, Taiguara, Claudette Soares, Gal Costa, Maria Bethânia e não entendia o porquê do gosto tão apurado pela música. A pouca idade não o deixava perceber que tudo já era um aprendizado e que quase todos os seus “ídolos” se tornariam seus amigos no futuro. Casé conta que um dos fatos mais importantes na carreira foi ter convivido com Taiguara em sua trajetória como cantor, que iniciou em 1987, quando se apresentava em casas noturnas.
Com 20 anos de idade, se destacava em programas de auditório na famosa Rádio Nacional, no Rio de Janeiro. Sempre chamou a atenção por, mesmo sendo tão jovem, desfilar um repertório com grandes mestres da MPB, como Lupicínio Rodrigues, Titi Madi, Lamartine Babo e muitos outros grandes nomes brasileiros. Neste mesmo período, ganhou o prêmio de melhor intérprete no “Karaokê do Ivon Curi”, cantando a música “A Noite do Meu Bem”, do ícone Dolores Duran. Em 1990, foi melhor intérprete no IV Festival da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pela Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj), realizou vários shows como “Águas de Maio”, “Paixão”, “Uma só voz” e “Manias”, que teve a participação da banda Vitória Régia, do saudoso Tim Maia.
Em 1995, Casé Henrique alcançou maior notoriedade ao participar do espetáculo "Elis, 50", promovido pela Associação Brasileira Elis em Movimento, dirigido por André Valli, no Teatro Carlos Gomes, no Rio, em homenagem ao cinquentenário de Elis Regina. Incentivado por Valli, Casé Henrique escreveu sua primeira peça musical: "Esculaxo, um show diferente", encenado em teatros e cidades do interior do Rio de Janeiro.
No final de 2000, gravou seu primeiro CD, "Em Plena Contramão", cujo repertório inclui duas músicas inéditas do amigo Taiguara e a participação especial de Claudette Soares na música autoral "Júlia (Te Amo Mais)". Em 2004, conheceu o músico mexicano Ricardo Govea, que trabalhou com o cantor Alejandro Sanz, e passou a ter aulas de espanhol por telefone com ele. Govea se impressionou com a forma de Casé interpretar canções em espanhol e com a sua desenvoltura com o sotaque mexicano e viabilizou a execução de suas músicas na Rádio de La Universidad de Guadalajara.
A carreira ainda apresenta momentos como a gravação da trilha sonora da peça teatral “As Bondosas”, de Ueliton Rocon; a gravação de um dueto com a voz de Elis Regina, para a música “Só Deus é Quem Sabe”, de Guilherme Arantes; e participação em shows de artistas consagrados como Lana Bittencourt, Lucinha Lins e Kleiton & Kledir.
Em Palhoça, recentemente, trouxe à Ponta do Papagaio o show da cantora Rosana, ícone dos anos 1980 e 1990. Com Casé na área, música boa não vai faltar aos ouvidos palhocenses. Aguardem as próximas aventuras e acompanhem o trabalho do cantor e radialista pela rádio Maramar Web (radiomaramar.com.br)!
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