Por: Sofia Mayer*
Profissionais que atuam no recolhimento de lixo em Palhoça passaram por uma situação desagradável nesta semana. Na terça-feira (18), funcionários de uma oficina mecânica, no Passa Vinte, teriam menosprezado a equipe de coleta, que solicitou que separassem os vidros dos demais resíduos descartados. O pedido é um procedimento padrão para evitar acidentes, já que os trabalhadores correm o risco de corte quando o material está mal acondicionado.
Ao recolher os descartes, os profissionais teriam visto um pedaço de vidro rasgando o saco de lixo, e decidiram, então, conferir o que havia lá dentro: para a surpresa deles, mais vidro. “Eles chamaram alguém responsável da mecânica e pediram, com educação, para separarem”, conta um dos funcionários. Para o espanto da equipe, os coletores acabaram sendo alvo de humilhações e grosserias: o homem teria xingado o grupo, chamando os trabalhadores de “incompetentes”. A coleta do dia acabou não sendo feita, e a ocorrência foi repassada para a empresa.
Na quinta-feira (20), os trabalhadores voltaram à oficina e foram surpreendidos com uma caixa, onde os pedaços de vidro estavam armazenados. Estaria tudo certo, se o recipiente não viesse com uma mensagem nada amigável: “Vidro, seus pangaré (sic)”. De acordo com os funcionários, ainda havia cacos misturados em outras sacolas.
Um dos profissionais comenta que esse tipo de atitude revela uma falta de consideração quanto à importância do serviço de recolhimento do lixo: “Estamos aqui, atrás do caminhão, correndo todos os dias, sendo chuva ou sol. É uma falta de respeito”.
Frequentemente, coletores de lixo sofrem acidentes com pedaços de vidro descartados de forma inadequada. Para evitar ferimentos, a recomendação dos profissionais é que os objetos cortantes sejam inseridos, preferencialmente, em garrafas pet, embora expliquem que há outras alternativas seguras. “Tem gente que descarta em caixa de papelão e escreve que contém vidro; tem muita gente também que espera a gente passar para entregar em mãos”, exemplifica um profissional.
Casos são comuns
A situação dos coletores de lixo é apenas mais um dos casos que se somam às ocorrências de desacato no exercício do trabalho. No início do mês, o registro de um motoboy sendo alvo de discriminação, em um condomínio residencial de alto padrão, em São Paulo, ganhou repercussão nacional. As imagens mostram o entregador de aplicativo, negro, sendo esnobado por conta de um atraso na entrega. Na ocasião, o trabalhador chegou a ser chamado de “lixo” e “semianalfabeto”.
Pouco antes, em julho, um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo foi filmado xingando um agente da guarda municipal de “analfabeto”, após ser multado por não utilizar máscara facial, item exigido por decreto. À ocasião, o guarda disse que registraria a autuação e, em resposta, o desembargador afirmou que ligaria para o secretário de Segurança Pública do município. O desembargador comentou, ainda, que o guarda não era policial e não tinha "autoridade nenhuma". A postura do desembargador causou indignação por todo o país.
* Sob a supervisão de Luciano Smanioto
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