No final da tarde de sexta-feira (1), uma forte chuva caiu sobre Palhoça, acompanhada de rajadas de ventos. Em menos de uma hora, a cidade já registrava vários pontos de alagamentos. Além disso, a força do vento quebrou vidraças, destelhou comércios e residências, arrancou placas e ainda derrubou árvores sobre casas e redes elétricas, deixando vários locais completamente sem luz.
Segundo a Defesa Civil de Palhoça, houve registro de alagamento nos bairros Caminho Novo, Ponte do Imaruim, Aririú e Passa Vinte. Houve também quedas de árvores no Jardim Eldorado, no Morro das Gaivotas e no Bela Vista. Alguns destelhamentos também foram registrados na Ponte do Imaruim, no Jardim Eldorado, no Brejaru e no Aririú. “Ficamos de pronto-atendimento desde sexta-feira (1) até domingo (3), entregando lonas e orientando moradores, em parceria com a Celesc e os Bombeiros. Na segunda-feira (4), percorremos o município para averiguar as consequências”, informa o coordenador municipal da Defesa Civil, Júlio Marcelino.
Na Ponte do Imaruim, uma cobertura de metal teria sido arrancada pelo vento e jogada no meio da rua Papa Paulo VI. No Shopping ViaCatarina, vidros do estacionamento quebraram - alguns, inclusive, sobre veículos; felizmente, ninguém se feriu. Na Pedra Branca, o leitor Rodrigo Foppa registrou o momento em que placas foram arremessadas ao chão com a força do vento.
Mas o estrago maior foi, de fato, a queda de energia elétrica, que prejudicou moradores de vários bairros durante um longo tempo. Em nota, a Celesc informou que equipes de eletricistas foram imediatamente deslocadas para atender a todas as ocorrências, respeitado critérios de prioridade, como situações de risco à vida, serviços de saúde e emergências. “Os profissionais trabalharam ininterruptamente para recuperar cada ponto do sistema afetado e restabelecer 100% da energia na Grande Florianópolis”, informa a Celesc.
De acordo com Adriano Luz, chefe da Agência Regional de Florianópolis, as unidades consumidoras que demoraram para terem sua energia elétrica restabelecida estavam entre as ocorrências pontuais a serem atendidas individualmente. “O trabalho, durante o sábado e parte do dia todo de domingo, foi de inspecionar cada situação. Tínhamos muitos chamados abertos, as ocorrências estavam espalhadas e o trabalho passou a ser bastante minucioso”, afirma.
Para restabelecer totalmente o sistema durante todo o final de semana, a Celesc precisou usar 22 caminhonetes, 10 caminhões e 130 profissionais. “Durante a madrugada, por questões de segurança, 10 equipes estiveram à frente dos trabalhos”, finaliza a Celesc.
Ruas em péssimas condições
Em algumas ruas, em que os moradores já enfrentavam problemas por falta de manutenção, a situação se agravou depois da chuva da última semana. Moradora da Barra do Aririú há mais de 25 anos, Daniela Garcia relembra que em outubro de 2018 um contrato com a empreiteira responsável por iniciar as obras de drenagem e pavimentação da rua Hortência foi assinado pela Prefeitura. Há mais de um mês, os trabalhos na rua estão completamente parados, e com as últimas chuvas, os moradores teriam saído de casa com água pelo joelho.
“Desde que assinaram o contrato com a empreiteira para iniciar as obras nessa rua, foi só dor de cabeça. A empreiteira aparecia uma vez por semana para trabalhar. Quebraram todas as tubulações antigas de esgoto e hoje está tudo parado. Há um mês não aparece ninguém, os trabalhos estão parados e o nosso esgoto não corre mais, devido às tubulações terem sido quebradas. Quando chove, a água passa do joelho, não entra carro e nem sai, um transtorno”, relata a moradora, destacando que os moradores já registraram reclamações na Prefeitura, que teria retornado, alegando que a empreiteira contratada desistiu da obra e que outra empresa seria contratada para continuar os trabalhos.
No Passa Vinte, a situação também está complicada na rua 749, no final da rua Cecílio Antônio Leal. Algumas casas, vizinhas ao cemitério do bairro, estão sofrendo com a falta de um muro e um sistema que escoe melhor a água que vem do terreno do cemitério. “Teve uma época em que a água da chuva não alagava mais a minha casa, mas nas últimas três chuvas, ficamos alagados. Desde que o cemitério adquiriu esse novo terreno, a Prefeitura prometeu que seriam feitos muro e tubulação para escoar a água, mas até agora, nada”, reclama Alexsandra Locks Albino, que na última semana ficou com a sua casa completamente alagada.
Moradores já teriam registrado reclamação na Prefeitura, mas a informação repassada é a de que estaria faltando verba. “Eu reformei minha casa em fevereiro do ano passado. Com essas chuvas, eu já perdi praticamente todos os meus móveis. Não vale a pena comprar nada enquanto a Prefeitura não fizer um muro e arrumar a tubulação, que hoje não suporta o volume de água. Hoje estou com minhas paredes mofadas, portas sem fechar, isso sem falar nos móveis que já foram para o lixo”, lamenta Alexsandra, preocupada ainda com os perigos que a água vinda do cemitério pode trazer para sua família.
Proprietário de uma casa na região da Passagem do Maciambu, Atanásio Melo está revoltado com a falta de providências da Prefeitura em relação à manutenção da rua José Medeiros Filho. Com as últimas chuvas, a rua teria ficado completamente alagada, faltando poucos centímetros para que a água entrasse nas casas. “Isso aqui é revoltante, parece que a Prefeitura não está dando a mínima para nossa situação. Pagamos IPTU para quê, se a manutenção da rua é feita pelos moradores? No mês passado, uma máquina do município esteve na rua, mas só piorou a situação. Estou cansado da Prefeitura não se importar com a gente. Para eles, o Sul só serve para arrecadar dinheiro”, reclama o morador, que esteve na Prefeitura formalizando a reclamação várias vezes, mas até o momento, nenhum retorno foi dado.
A Prefeitura informa que irá até os locais informados para avaliar a situação e tomar as providências possíveis.