Texto: Mozart Braga
Palhoça não realizou o tradicional campeonato municipal de futebol em 2018; em 2019, serão dois. Descontentes com as discussões que levaram ao cancelamento da primeira divisão no ano passado, alguns dos principais clubes do município se reuniram e criaram a Associação de Clubes Amadores de Palhoça (Acaph). A princípio, cogitou-se que a associação teria apenas o interesse de reunir forças nas reivindicações junto à Liga Palhocense de Futebol. Mas é bem mais do que isso.
Reunidos na última segunda-feira (11), no Jardim Eldorado, os clubes dissidentes empossaram a diretoria que vai comandar a Acaph. Rogério Cardoso é o presidente, com Ademir Sabino como vice. E na terça-feira (12), a diretoria recém-empossada enviou ofício ao prefeito de Palhoça, Camilo Martins (PSD), solicitando uma audiência para explicar o projeto da associação para o futebol palhocense. “Vimos pelo presente solicitar ao nobre prefeito municipal, a gentileza de verificar a possibilidade de agendar uma reunião com representantes dos clubes de futebol amador de Palhoça Eldorado, Paissandu, Noroeste, Cerâmica Silveira, João Paulo II, Paraíso, Pura Arte, Rio Grande, Cruzeiro do Sul, Catarinense e Atlântico, para tratar de assunto relacionado à (Acaph) Associação de Clubes Amadores de Palhoça”, traz o documento.
A associação pretende organizar seu Campeonato Palhocense em maio deste ano. “Vamos atrás de recursos de patrocínio e vamos também pedir dinheiro para a Prefeitura. Mesmo que o dinheiro não venha, vamos viabilizar o campeonato”, garante o presidente da associação, Rogério Cardoso, o Rogerinho. A Acaph também quer oferecer outros campeonatos, como: segunda divisão, 50tão, 40tão, sub-35, sub-12, sub-12, sub14, sub-16 e juniores. “Vamos montar também uma terceira divisão, com esses times de peladeiros de final de semana, que não vinculados a alguma agremiação específica”, projeta Rogerinho.
O presidente afirma que os clubes filiados estão liberados para participar dos campeonatos organizados pela Liga Palhocense, mas não acredita que os dirigentes das agremiações dissidentes tenham interesse em fazer parte da Liga. Rogerinho revela que, recentemente, procurou o presidente da Liga Palhocense, Renato de Lima, eleito no final de dezembro de 2018, para uma conversa. Nessa conversa, deixou clara a posição da associação: ou Renato renuncia e é convocada uma nova eleição para a presidência da Liga, em que os 14 principais clubes de Palhoça estejam aptos a votar, ou os clubes dissidentes não devem participar do campeonato organizado pela Liga. “A Liga deu uma rasteira em nós”, justifica Rogerinho.
Tudo começou com a não realização do Campeonato Palhocense em 2018. O antigo presidente da Liga, Laurino José de Souza, informou ao Palavra Palhocense, na época, que no primeiro arbitral da primeira divisão, os clubes haviam concordado em disputar a competição com atletas federados junto à Federação Catarinense de Futebol (FCF). Depois, alguns clubes teriam voltado atrás na decisão, mas como precisaria haver unanimidade para a mudança do regulamento (e isso não aconteceu, porque alguns clubes já haviam efetuado os registros dos atletas, o que não é nada barato), foi mantida a proposta de disputa com atletas federados. Os clubes contrários, então, decidiram não participar e a primeira divisão foi cancelada – pela primeira vez, desde 1985.
Os clubes descontentes, então, entraram na Justiça com dois processos: um questionando a ata do primeiro conselho arbitral (segundo Rogerinho, a decisão dos clubes teria sido pela realização de um campeonato com jogadores não-federados) e outro questionando o fato de que alguns clubes foram impedidos de votar na eleição de dezembro de 2018, em que o agora presidente da Acaph concorria à presidência da Liga. “Não queremos bater de frente. A gente só quer ser independente”, diz Rogerinho.
Liga segue trabalho
Apesar da movimentação dos clubes para a organização de um campeonato paralelo, a Liga Palhocense de Futebol segue seu trabalho normalmente. A nova diretoria foi eleita no final de dezembro de 2018 e empossada em janeiro deste ano. Apenas sete clubes foram considerados aptos a votar. “Só votaram os cubes que estavam aptos de acordo com o estatuto”, relembra Renato de Lima. Ele diz que seu nome foi cogitado na última hora, e aceitou concorrer a pedido do pai. Apoiado pelo então presidente Laurino, venceu a eleição por 4x3. “Seu Laurino tinha uma cabeça, eu tenho outra. Vou aproveitar o que ele tinha de bom e o que eu tenho de bom pra fazer uma nova gestão”, projeta.
As primeiras reuniões já aconteceram. Foram convocados 21 clubes para a primeira reunião, em fevereiro, em que a nova direção apresentou seus projetos para a temporada 2019; apenas seis clubes compareceram, e outros cinco justificaram a ausência. A nova gestão propôs uma mudança no sistema de cobrança de taxas, com valores menores e isenção para as categorias de base, justamente para incentivar as escolinhas. Outra proposta é a renovação do quadro de arbitragem - os próprios juízes pediram para que o quadro fosse ampliado e renovado.
A Liga também já divulgou seu calendário prévio, com a primeira divisão sendo disputada em agosto. A primeira competição do ano deve ser a Copa Palhoça, entre abril e junho. Pelo menos um dos dois deve ser federado – são os campeonatos federados que indicam as vagas de Palhoça em competições regionais ou estaduais. Outras competições que a Liga vai organizar: segunda divisão (junho a agosto), juniores (agosto a novembro, provavelmente desvinculada do adulto, ou seja, uma equipe poderia se inscrever apenas para disputar o campeonato dos juniores), 40tão (junho a outubro), 50tão (julho a novembro), Copa Palhoça sub-11 e sub-13 (maio a julho), Copa Palhoça sub-15 e sub-17 (agosto a novembro), e futsal feminino, sub-9, sub-11, sub-13 e sub-15 (de maio a novembro).
Nesta quarta-feira (13), o presidente Renato e representantes de clubes que têm interesse em disputar os campeonatos da Liga participaram de uma reunião com o prefeito Camilo Martins. Na reunião, o prefeito assegurou que vai avaliar o projeto e ver a viabilidade para a liberação da verba. Camilo também se comprometeu a receber a Associação de Clubes e garantiu que vai propor uma conciliação.