Com o objetivo de estimular o comércio local e fomentar a economia do estado, a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC) lançou a campanha “A gente se reinventa”, defendendo a tese de que é hora de inovar e de usar a criatividade para superar os tempos difíceis que a economia catarinense atravessa em função da pandemia do novo coronavírus. Um dos nortes dessa campanha é a valorização dos comércios locais.
Os pequenos comércios locais foram muito afetados pela paralisação das atividades comerciais, determinadas em função da necessidade do distanciamento social para o combate à proliferação do vírus da Covid-19. Um setor importante para que a roda da economia gire de forma eficiente. Nas últimas três décadas, as micro e pequenas empresas (MPE) vêm desempenhando um papel cada vez mais estratégico na economia brasileira, e hoje já respondem por 30% do valor adicionado ao PIB do país. Isso é o que aponta o estudo “Participação das MPE na economia nacional e regional”, elaborado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Varga (FGV), que confirma um movimento consistente e crescente da importância dos pequenos negócios na geração de empregos e arrecadação de impostos.
Segundo o estudo, a força das MPEs é notada principalmente nas atividades de comércio e serviços. As características próprias desses segmentos, e o fato de estarem presentes em todos os bairros, de todos os municípios brasileiros, possibilitam que as empresas de menor porte sejam competitivas e de importância fundamental no tecido social e na dinâmica econômica do país. “De 2006 a 2019, as micro e pequenas empresas apresentaram um resultado positivo no saldo de geração de empregos formais, sendo responsáveis pela criação de cerca de 13,5 milhões de vagas de trabalho. Como operam com poucos funcionários, elas são menos propensas a demitir, em momentos de crise, contribuindo para reduzir os impactos sobre a economia”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Isso reforça a importância das medidas adotadas nas últimas semanas para proteger as MPEs dos efeitos da queda do consumo causada pela pandemia. “As políticas de extensão do acesso ao crédito, redução da burocracia, flexibilização de regras e prazos para pagamentos de impostos, entre outras, vão contribuir para salvar milhões de empresas e empregos”, reforça Melles.
De acordo com Luiz Gustavo Barbosa, responsável pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas, é extraordinária a participação das MPE na economia nacional em termos de geração de renda e de emprego. “Sua característica natural é ocupar espaços em atividades que não se permite economia de escala e que possuem alta intensidade de trabalho. Essa característica mostra a necessidade de ações rápidas e de alto impacto para manter os pequenos negócios erguidos e superar a crise”, explica.
Em Palhoça, com a reabertura do comércio de rua, ocorrida a partir do dia 13 de abril, pouco a pouco as atividades comerciais começam a voltar à normalidade. A mais recente “liberação” veio com decretos publicados nesta terça-feira (21), autorizando a retomada dos trabalhos em shoppings, academias e restaurantes. “A pressão sobre os comerciantes estava muito grande, já que seus compromissos financeiros não foram suspensos pela quarentena da Covid-19. Assim, suas receitas foram bruscamente interrompidas, mas as despesas não. Houve uma verdadeira convulsão no meio empresarial e os prejuízos demorarão muito para ser recuperados, em toda a sociedade. Especialmente por parte daqueles que, infelizmente, tiveram seus empregos perdidos”, avalia a CDL de Palhoça.
Segundo o presidente da CDL local, Almir Anisio Rosa, “o remédio poderá se mostrar mais maléfico do que a própria doença”. Segundo Almir, o governo do estado não precisava ter “apertado tanto”. “O ideal é que as medidas fossem específicas e setorizadas, segundo o risco sanitário de cada segmento ou até mesmo cidade. Muitos tipos de empresas e comunidades oferecem pouco risco à saúde geral e ao processo de contaminação. Não há por que se enquadrar todos numa medida extremamente dura e injusta, sem olhar para essas especificidades. Como se sabe, o Brasil é dividido em muitos “Brasis”. A realidade do Ceará, por exemplo, tem pouco ou quase nada a ver com a realidade de Santa Catarina. As medidas sanitárias necessárias para lá, não podem ser as mesmas para cá. E, aqui mesmo, dentro de SC, há muitas realidades diferentes. O caso mais emblemático foi o de São João Batista, que, numa tacada só, contabilizou 2.600 demissões, sem haver um único caso de contaminação pelo coronavírus”, reflete o dirigente lojista.
A CDL tem consciência de que é preciso que a retomada da economia seja feita com “cuidado” e “responsabilidade”, porque, se os índices de contaminação voltarem a crescer fora do padrão esperado pelas autoridades sanitárias, as portas deverão ser fechadas novamente. “É fundamental que todos tenham grande disciplina no cumprimento dos protocolos de segurança, nesse processo de volta à normalidade. Se vacilarmos, voltaremos aos dias negros da quarentena”, pondera.
Para não estagnar o ciclo financeiro e “fazer a economia girar”, a CDL recomenda ousadia. “Que se continue a acreditar, a investir, a comprar, a empregar! Que a população continue a consumir normalmente e que seja no comércio de Palhoça! Que não se retenha desnecessariamente o capital circulante! Só assim, voltaremos mais rapidamente à normalidade econômica de nosso município”, receita o presidente.
Para os empresários, um comércio local forte é a porta de entrada para uma “cidade feliz". “Incentivar os pequenos negócios promove geração de novos postos de trabalho e novas empresas locais. Priorizando o comércio e os produtos locais, gira mais dinheiro na cidade, mais empregos, mais renda e o município arrecada mais. Entendo também que a administração pública deveria nos ajudar a promover o comércio local, visto que deste trem pagador de impostos, nós micros e médios empresários somos a maioria dos vagões”, argumenta o comerciante Marcos Venício Vieira.
Para outro comerciante, Fabiano Milian, prestigiar o comércio local significa salvar empregos. “Neste momento de dificuldade causada pelo Covid e as medidas exageradas causadas pelos governadores, mais de 600 mil empresas fecharam e dois milhões de pessoas perderam seus empregos”, contextualiza o comerciante. “É o momento das pessoas, ao consumirem um produto, procurarem comprar no seu bairro ou sua cidade, mesmo que às vezes tenha um valor um pouco mais caro. Este ato estará salvando emprego de pessoas do seu bairro, às vezes amigos ou até parentes. As lojas físicas não têm como brigar com lojas virtuais ou grandes varejistas, mas 80% das empresas no Brasil são pequenas empresas e são estas que estão perto de você quando você mais precisa e emprega os nossos filhos, os nossos jovens, os nossos familiares. Então, pagar um pouco mais - claro, se não for nada exagerado - neste momento é um ato de ajudar ao próximo, ao bairro, a cidade”, analisa Milian.
Quer participar do grupo do Palhocense no WhatsApp?
Clique no link de acesso!