Na última segunda-feira (25), a Câmara de Vereadores de Palhoça promoveu uma audiência pública para a discussão do sistema de transporte integrado da Grande Florianópolis. Em debate, o projeto do governo do estado para assumir a gestão do processo, que tramita na Casa Legislativa palhocense. A Câmara estava lotada, principalmente com a grande presença de trabalhadores do transporte coletivo.
Estiveram presentes, além dos vereadores, representantes do projeto de mobilidade e do governo do estado; representantes da classe de trabalhadores do transporte; representantes do Observatório Social de Palhoça; integrantes da Câmara Municipal de São José; e membros da sociedade civil.
O professor e representante do observatório de mobilidade urbana da UFSC Werner Kraus iniciou sua fala justificando o atraso para o evento. “Eu cheguei atrasado aqui, peço desculpas, obviamente em razão desse congestionamento. Saí 17h30 da universidade e já vi que errei”, declarou o professor. E foi justamente esse o ponto central da discussão. Para o professor, o projeto é a única forma de começarmos a desatar o nó da mobilidade urbana da região. Para o especialista, há três pontos centrais no novo sistema: reforçar serviços locais e municipais - deslocamentos mais curtos, tarifas mais baixas; facilitar as conexões entre as centralidades - Centro de Palhoça, Kobrasol-Campinas, Barreiros, Centro de Biguaçu; melhorar atendimento da rede - melhorar a abrangência territorial, melhorar a oferta de horários.
O professor reforçou ainda que a aprovação do projeto determina apenas o início das negociações para a criação do novo sistema, mas ainda podem haver modificações. “O importante aqui, do ponto de vista político, é a gestão associada. É preciso deixar muito claro que o que se concebe como região metropolitana é uma oportunidade de todos os municípios sentarem à mesma mesa de maneira formalizada para decidir conjuntamente o futuro da região.”, salientou Kraus.
O representante da OAB, Ângelo Aurélio, esclareceu que a gestão e organização das linhas internas cabe a cada município “e Palhoça está muito atrasada”. “Até porque, não existe proposta nenhuma”, criticou.
Para os vereadores, de modo geral, os benefícios para o morador de Palhoça ainda não estão claros. A não participação de Florianópolis no sistema até o ano de 2034 é um ponto central, já que mais de 80% dos usuários do transporte têm como destino a Capital.
A questão da mobilidade foi bastante discutida. Para eles, sem a faixa exclusiva, o Contorno Viário e a melhoria da velocidade do transporte, a integração não é útil para o cidadão. O crescimento populacional desordenado e sem investimentos de infraestrutura seria o motivo do atual “caos” que se instalou no trânsito.
A proposta de criar terminais de transbordo em locais que os vereadores não consideram estratégicos, como o bairro Forquilhinhas (São José) e o Jardim Eldorado (Palhoça), também foi criticada. O principal receio dos vereadores é aprovar um projeto que, mais tarde, não represente os interesses do povo palhocense.
O representante do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis (Sintraturb), Deonísio Linder, elogiou a iniciativa da Câmara de Palhoça de promover o debate e criticou a proposta do governo. Ele acredita que a verdadeira mudança no sistema só ocorrerá a partir da criação de soluções para a mobilidade. “Eles falaram que primeiro tinha que construir os terminais para depois ver a mobilidade urbana. Eu falei: tem que ser o contrário”, argumentou Linder, ao relatar conversas anteriores com os responsáveis pelo projeto do governo.
Ele afirmou também que, com o projeto, haverá demissão de trabalhadores, especialmente os cobradores. Relatou também a evolução do problema do trânsito, que cresce ano a ano, aumentando cada vez mais o tempo dos trabalhadores e usuários do transporte dentro das linhas.
Conclusões e questões pertinentes ao usuário
O usuário do transporte vai chegar mais rápido ao Ticen com o aceite da integração?
Não. Isso só ocorrerá a partir do momento que houver alguma solução para o problema de mobilidade, com a liberação de faixas exclusivas para ônibus e a conclusão do Contorno Viário, por exemplo.
Ao chegar ao Ticen, o usuário do sistema integrado terá que pagar uma nova passagem de ônibus?
Sim. Florianópolis, apesar de ter aceitado participar do sistema, possui um contrato com o consórcio Fênix até 2034. Até lá, nada muda a partir de Florianópolis e o usuário continuará pagando uma nova passagem ao chegar no terminal.
Os ônibus vão ficar mais confortáveis?
Sim. A proposta do governo é para que haja uma renovação da frota com ônibus mais modernos e confortáveis.