O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Andrew Tang, participou de duas atividades em Palhoça na última segunda-feira (9). A primeira foi um encontro com empresários no Hotel Slaviero, onde apresentou os fundamentos de atuação da Câmara, destacando oportunidades de negócios entre empresas dos dois países. O evento foi promovido por iniciativa da presidência da Câmara de Vereadores, com apoio da Associação Empresarial de Palhoça (Acip). À tarde, Tang participou da sessão da Câmara.
A CCIBC é uma organização independente, sem fins lucrativos, fundada em 1986, em São Paulo, criada para promover o intercâmbio e a cooperação entre Brasil e China nos campos econômico, acadêmico e cultural, e fomentar a relação entre seus povos, contando com o apoio da comunidade empresarial, dos meios diplomáticos e do governo.
O diretor chinês veio a Palhoça através de uma interlocução entre outro diretor da Câmara Brasil-China, Sérgio Araújo, e o empresário palhocense Álvaro Silveira. “Teve o convite do Álvaro para trazer o Charles para conhecer a viabilidade econômica do município de Palhoça, que está dentro da Grande Florianópolis, uma região em plena expansão. Os chineses olham para esta área como uma área em desenvolvimento, e onde tem desenvolvimento, tem investimento”, revela Sérgio Araújo.
No primeiro encontro, diante de cerca de 40 empresários e políticos da região, Charles Tang apresentou as características da China e sua proposta de promover o comércio e investimentos, com o objetivo de alcançar desenvolvimento e prosperidade. “A palavra-chave é oportunidade! Trabalhamos para fazer aproximação e estabelecer conexões empresariais, a fim de estimular o fechamento de negócios”, definiu Tang.
Vice-presidente da Acip, Everson Mai classificou o encontro como muito positivo para abrir novos canais de relacionamento com um mercado gigante como o chinês. “A vantagem da relação direta com a Câmara Brasil-China é a facilidade em buscar parceiros de negócios devidamente credenciados para quem pretende investir naquele país ou quer fazer operações de importação”, assinala.
Algumas possibilidades de investimento chinês na região foram cogitadas, como a instalação de uma montadora de veículos elétricos, a construção de um novo shopping e até a aposta em um complexo turístico, com hotel cinco estrelas e teleférico, em Rancho Queimado, chegou a ser sugerida.
Alfinetada nos EUA
Na Câmara, a sessão legislativa de segunda-feira foi antecipada para as 15h justamente para que Charles Tang pudesse conversar com os vereadores. Com um português claríssimo de quem vive há anos no Brasil, Tang fez um passeio pelo seu passado profissional e relembrou a época em que trabalhava em um banco de investimentos na famosa Wall Street, em Nova York, e foi transferido para o Brasil. Em seguida, estabeleceu as bases da visita a Palhoça: “Queremos aproximar cada vez mais o município de Palhoça com os negócios da China. Acredito que podemos fazer vários negócios. Tem um empresário de Palhoça que quer que eu traga uma montadora de automóveis elétricos, por exemplo”, disse o diretor, que já trouxe para o Brasil a Jac Motors e uma fábrica da BYD Auto (gigante do setor de ônibus elétricos). “O estado de Santa Catarina é muito promissor”, declarou.
Tang falou sobre as possibilidades de investimentos no setor público, como em concessões para a exploração de serviços como a destinação de resíduos sólidos (usou como exemplo a possibilidade de aproveitamento de lixo como matéria-prima em usinas termelétricas), esgotamento sanitário e iluminação pública (os dois últimos, em processo de estudo e licitação em Palhoça), e disse que o Brasil tem muito a aproveitar neste momento de tensão nas relações comerciais entre China e Estados Unidos - especialmente no agronegócio. Ele aproveitou para “alfinetar” o “modus operandi” do “imperialismo americano”, baseado em contundente presença militar, em contraste com a estratégia da China, focada na agressividade nos negócios: “A China não manda seus fuzileiros navais para nenhum país, a China manda seus empresários e seus executivos para fazer comércio e investimentos no sistema de ‘ganha, ganha’. A China quer exportar seus produtos, quer ter trabalho em outros países, mas investe no desenvolvimento do país, que é a construção da infraestrutura”.
O vereador Edemir Niehues (Neném do Bertilo, PSD) agradeceu à vinda do diretor da CCIBC e fez questão de assegurar que a visita e a estadia não custaram um real sequer aos cofres públicos. “Quero agradecer a sua vinda, em nome desta casa, porque é muito interessante para o município de Palhoça. Acredito que é apenas a primeira visita. Está aberta a possibilidade do prefeito e alguns vereadores irem à China em abril, onde tem a maior feira da China - ou do mundo, eu acredito -, com 65 mil produtos em exposição. Então, a possibilidade é real da Prefeitura e esta Casa Legislativa se fazerem presentes nessa feira, representando Palhoça e buscando investimentos para o nosso município”, projetou o vereador. Neném justifica o envolvimento do poder público nas aspirações do setor privado. “A área privada gera riqueza, gera renda, e o município cresce, então, tem tudo a ver com o poder público. Se morarmos em um município que não produz, que não gera emprego, que não paga imposto, nossos dias estarão contados”, profetizou.