Atire o primeiro acorde o palhocense que nunca foi “até a Lagoa, até Conceição” ouvindo na playlist o som da Combat! Aliás, qualquer lugar às margens da cidade é um bom lugar para ouvir um rock’n roll bem executado, com letras irreverentes, que exaltam o cotidiano regional - em especial, o da Barra do Aririú, onde a banda foi formada, duas décadas atrás. O destino profissional levou os músicos a caminhos diferentes, mas o longe nunca é longe demais quando a amizade permanece. Renato Pinho (vocal), Inaldo (guitarra e voz), Nino Martins (baixo e voz), Rodrigo Dá (guitarra base) e Gigio (bateria) vão se unir novamente para resgatar a história de uma banda que fez história em Palhoça.
Não só em Palhoça. Pelo menos, no estado inteiro. Ou não teriam sido selecionados para integrar a lista de apresentações do famoso Planeta Atlântida, que agitava Florianópolis a cada verão. Foi em 2001. O “look” pode ser diferente, como mostram as fotos nesta página, mas eles garantem que a sonoridade da banda é imune ao poder transformador do tempo. Se mudar, vai ser pra melhor! “A gente era muito inocente, hoje todo mundo já tem um know how bem maior”, comenta Inaldo. “O som melhorou bastante, a qualidade em si”, concorda Rodrigo.
Se os músicos estão cada vez mais afinados, o que dizer dos equipamentos! Por isso, os arranjos dos velhos clássicos podem ganhar novos ares, mas sem perder a autenticidade que marcou o trabalho autoral da Combat. “A ideia de fazer esse movimento é a de gravar um DVD para deixar registrada uma coisa que a gente fez, uma história nossa, sem querer muito resultado disso. Mas a gente quer fazer uma coisa legal, claro, se for pra fazer tem que fazer bem feito. Tem vários recursos que a gente não tinha lá atrás, internet pra divulgar, então tá tudo mais fácil”, argumenta Gigio.
Os músicos começam os ensaios no mês que vem. A gravação do DVD deve acontecer em março de 2019. Até lá, tem muito tempo para selecionar o repertório e criar os novos arranjos. É certo que clássicos como “As Margens da Cidade” e “Coisas do Amor” e todas as músicas autorais “que a raça canta” por todos os cantos de Palhoça estarão lá, junto com algumas canções inéditas. “As Margens da Cidade” deve ganhar até um videoclipe, que será lançado antes do DVD. “Vai ter todo um trabalho. Vamos pegar ‘As Margens da Cidade’, uma das músicas que mais teve circulação na rádio e fez a banda ser mais conhecida, e vamos regravar ela, e junto com a regravação, vamos fazer um clipe para já jogar nas mídias, já para começar a divulgação. Então tem que ser um trabalho bem detalhadinho, para que possa ter uma resposta legal”, revela o vocalista Renato Pinho.
A banda não se apresenta há muito tempo. Renato seguiu carreira solo e se apresenta com frequência em vários bares palhocenses, e ele conta que em toda apresentação, alguém pede para tocar uma música da banda. Nos shows dele, o popular “Toca Raul” vira “Toca Combat”. Nas ruas também, a cada encontro com um fã do passado, a mesma pergunta reverbera: “E a Combat?”. “Acredito que isso aconteça com todos nós. Então vai ser bom este DVD, para ficar registrado na história da banda, na história de Palhoça, na história da Barra do Aririú. Vai estar ali, eternizado. É um presente pra galera e pra nós também”, projeta o vocalista. “É uma questão mais nobre, estar trazendo uma das primeiras bandas daqui que tocou no Planeta Atlântida, em 2001. Amizade é o que pulsa”, filosofa Nino, que faz companhia a Inaldo desde os primeiros acordes na Sanguessuga (assim chamada porque haviam pedido uma bateria emprestada e nunca mais devolveram), banda que deu origem à “Grupo de Combate”, que mais tarde seria abreviada para Combat.
Com este nome e a formação que agora se reúne, eles investiram no trabalho autoral (tanto que o show do Planeta Atlântida foi todo com músicas próprias) e deixaram saudade em Palhoça. Saudade de um rock’n roll recheado de influências, mas que mesmo assim conseguiu encontrar uma receita autêntica. “É uma mistura, a gente ouve tanta coisa”, diz Rodrigo. “A gente não pode negar as nossas referências: Raimundos, Titãs, Engenheiros do Havaí... Até as bandas de Palhoça que a gente ouvia eram referência”, reforça Nino. “Quando tu acaba querendo criar, por mais que tu tentes ser original, tudo te serve de referência: as músicas que tu ouve, as músicas que teus amigos ouvem. Hoje não acredito que vai ter alguém que faça algo totalmente original. Tudo vem de referências, de um riff, de um timbre, de uma batida. Mas o som que a gente faz, a gente não ouve ninguém fazendo parecido”, acrescenta Renato.
Quem ouviu, lembra! Quem não ouviu, pode conhecer a banda na internet (tem várias músicas no YouTube). E todos podem (e devem) esperar pelas novidades.