No último final de semana, enquanto boa parte da população palhocense sofria com os efeitos da paralisação dos caminhoneiros, o funcionário da Secretaria de Assistência Social de Palhoça Olides Ferreira Júnior driblava os problemas de logística para viajar até Natal (RN), onde disputou uma etapa do Campeonato Potiguar de Caratê, estilo shotokan. Júnior conquistou um bronze (no kata, sequência de movimentos que simula uma luta, mas sem adversário) e uma prata (no kumite, o combate propriamente dito) na categoria master-b (de 41 a 45 anos) para competidores com faixas marrom e preta. Um resultado que reforça o otimismo para o próximo compromisso, o Campeonato Baiano, neste final de semana (dias 2 e 3 de junho), em Salvador (BA).
Júnior começou a praticar artes marciais aos 11 anos, em 1987. Praticava taekwondo, e em 1990 já era faixa preta. Depois veio o caratê, estilo wado ryu. Foi até a faixa verde e parou de treinar porque seu mestre foi assassinado ao tentar interceder em uma briga. Então, afastou-se das artes marciais, mas não do esporte. Correu de bicicross, andou de skate e foi parar no atletismo, onde se transformou em um corredor profissional de maratonas.
Abandonou as corridas há cerca de 10 anos, e recentemente voltou a se dedicar às artes marciais. Júnior pratica caratê shotokan na Associação Filhos do Tigre Karatê-Do, com o shiran Nathan; e taekwondo songahm com o mestre Ivo Heck, na KMAS Artes Marciais, no Passa Vinte. Um estilo diferente, para quem estava acostumado à “pancadaria” do estilo da International Taekwondo Federation (ITF). “Mas eu me adaptei bem ao songahm, porque usa bastante o soco. Como estou acostumado ao caratê, a adaptação foi mais rápida”, comenta. “E não sou de bater pra machucar, meu negócio é pontuar”, acrescenta.
Nas horas vagas, ainda arruma tempo para montar seus setlists e animar as festas catarinenses na pele do DJ Flemy Ferrer – referência a um apelido que recebeu quando jovem; aliás, começou a atuar como DJ muito cedo, desde os 13 anos. Mas o que ele gosta mesmo é de fazer os adversários “dançarem”.
Em Palhoça, Júnior planeja transmitir a crianças e adolescentes toda a experiência acumulada em tantos anos de prática nas artes marciais. O fato de já ser funcionário público municipal efetivo há 10 anos pode ajudar a concretizar seus planos. Hoje, está lotado na Secretaria de Assistência Social, porém, aguarda com expectativa uma transferência para a Fundação Municipal de Esporte e Cultura (FMEC). Sob o abrigo da FMEC, poderia iniciar um trabalho de escolinhas de caratê e taekwondo no município. E ele faz questão de realizar este trabalho em Palhoça, cidade onde nasceu (hoje mora em São José). Por coincidência, sua mãe morava perto do prédio da antiga Prefeitura, justamente onde hoje está sediada a Secretaria de Assistência Social. “Meu projeto, a princípio, seria formar um núcleo para estudantes de várias escolas, formando uma equipe palhocense”, projeta. “Não quero só visar campeonato, quero passar outros conhecimentos pra eles, como disciplina e respeito”, reflete.
Enquanto a parceria com a Prefeitura não é estabelecida, o jeito é seguir competindo. Júnior já tem competições mapeadas até o final do ano. A próxima é na Bahia. “Minha expectativa é a de trazer o primeiro lugar no kumite, onde estou mais focado do que os katas, e logo após o retorno, focar nos campeonatos estaduais”, revela.