A profissional de Educação Física Jessica Blaszczyk Dornelas escolheu morar em Palhoça, há pouco mais de dois anos. Veio de Curitiba (PR), onde sempre foi atleta. Mas foi nos tatames palhocenses que ela encontrou o esporte que “nasceu para praticar”, o jiu-jitsu. No Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Esportivo, disputado no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP), entre os dias 5 e 8 de julho, Jessica competiu pela AS Team e faturou o ouro na faixa azul, tanto na sua categoria de peso (super-pesado, até 85kg) quanto no absoluto (disputado pelas campeãs de todas as categorias de peso, dentro da mesma faixa). Um desempenho que embala a projeção de um futuro dourado na “arte suave”.
O esporte está no DNA da família. O irmão de Jessica, Pedro, jogou vôlei profissionalmente. Inspirada pelo irmão, ela também se aventurou nas quadras e chegou a jogar no “high school” (que seria um nível escolar equivalente ao nosso “segundo grau”), nos Estados Unidos, um dos principais celeiros de formação de atletas de vôlei do mundo. Depois, apaixonada por musculação, acabou virando fisiculturista. O jiu-jitsu veio por acaso, por influência da mãe, que não era muito afeita aos esportes, mas se encantou pela arte suave. Jessica decidiu experimentar. Procurou a academia CAM, na Ponte do Imaruim, onde conheceu o supercampeão Felipe Teixeira. “Comecei a fazer jiu-jitsu ali com o Felipe e me apaixonei. A didática dele é maravilhosa, ele ensina muito bem, é muito técnico. Aí, comecei a treinar muito”, conta a atleta, que chega a treinar de três a quatro vezes por dia.
Jessica revela que, quando conheceu o jiu-jitsu, foi como se uma luz iluminasse seu caminho. Percebeu que havia nascido para praticar aquele esporte. E e muito pouco tempo, tornou-se uma campeã. “Acho que o fato de eu ter sido atleta, de já ter um desenvolvimento motor, isso facilita muito. Já vim de outros esportes, já vim com este espírito de treinar, de disciplina, e o jiu-jitsu traz isso também”, pondera. A atleta, de 25 anos e 1m77, já faturou títulos importantes em campeonatos como o Curitiba Open e o Floripa Open e se prepara para disputar o Floripa Winter, competição chancelada pela federação internacional, nos dias 11 e 12 de agosto. No final do ano, ainda tem um Sul-Americano pela frente, e em 2018, se tudo der certo, volta a disputar um Mundial, desta vez na Califórnia, nos Estados Unidos; e dependendo do resultado, já pode subir de graduação, conquistando a faixa roxa.
O ouro em dose dupla no Ibirapuera permite uma projeção otimista. Jessica venceu a categoria até 85kg e entrou para a concorrida disputa do absoluto, que contou com 18 atletas na faixa azul. Para pendurar as duas medalhas no peito, a atleta precisou vencer seis lutas, contra competidoras de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Acre. Ela conta que a luta mais difícil foi a semifinal, contra uma menina de São Paulo que estava acostumada a ganhar todas as competições que disputava.
Agora, é a moradora do Pagani que está se acostumando às vitórias. Mas a paixão pelo jiu-jitsu vai além das competições. “Acho que toda mulher deveria fazer jiu-jitsu, pelo corpo e também pela questão da defesa pessoal. Você consegue se defender de um cara muito mais pesado que você só pela técnica”, sustenta.