O atacante Ian, de 18 anos, morador do Pachecos, está de malas prontas para a Ucrânia. O jogador foi aprovado em testes no Metalist 1925 e disputará a segunda divisão do campeonato local a partir do ano que vem.
Muitos brasileiros fizeram parte da história do clube, como Cleiton Xavier (ex-Figueirense), Diego Souza (São Paulo) e Taison (hoje no rival Shakhtar). Fotos dos brasileiros ainda estão emolduradas nas paredes das instalações do clube. Ian atestou isso durante os 45 dias que passou em Kharkiv, na fase de testes. O palhocense elogia a estrutura do Metalist. “A estrutura lá é de outro mundo”, elogia.
Ian revela que o complexo conta com campo de grama natural e campo de grama sintética, utilizado no inverno. Como esteve lá entre outubro e novembro, Ian não chegou a encarar o auge do inverno ucraniano (quando faz -20ºC), mas treinou sob temperaturas negativas (-4ºC). “Para aquecer é tranquilo, aquece de touca, luva, mas pra jogar, tá louco, congela tudo, tu não sente mais nada”, relata o palhocense, que embarca no início de janeiro para se unir aos novos companheiros de clube e iniciar a intertemporada na Turquia.
Ian chegou ao Metalist por intermédio do empresário Paulo Santiago. Um contato do empresário que atua na Europa solicitou a indicação de um meia e um atacante. Santiago buscou orientação com Thiago Miranda, que mantém o Centro de Formação de Atletas Thiago Miranda, no Rio Grande. Thiago não pensou das vezes. “O Ian tem um perfil de atleta que sempre chamou a atenção. Só jogar não basta. Além do biotipo, ele não foge da luta. Entende rápido o processo de jogar em linha, recomposição, taticamente falando, e já jogou comigo de volante, zagueiro, lateral”, comenta Thiago, que conheceu Ian quando o garoto tinha 12 anos de idade.
Ian sempre gostou de futebol. Como a família mora no Pachecos e o pai é alvinegro, sempre iam até o Centro de Formação e Treinamento do Figueirense acompanhar os treinos. O pai conta que Ian era o “xodó” do atacante Rivaldo, campeão mundial com a Seleção Brasileira, na época em que sua empresa, a CSR, mantinha parceria com o clube do Estreito. “O Rivaldo andava com ele no colo direto. ‘É o nosso menino’, ele dizia”, lembra seu Carlos. “Eu levava o Ian direto lá no Figueirense”, recorda. “Tem que ter um empurrãozinho do pai”, brinca Ian, que é fã do atacante Neymar. “Ele pensa muito rápido, é muito diferenciado. A bola chega nele e ele já sabe o que vai fazer, está sempre um segundo à frente dos caras”, elogia.
Quem sabe um dia os dois possam se enfrentar em campeonatos europeus ou até dividir a mesma camisa? A expectativa é grande neste início de carreira do palhocense. “O bom é que o Metalist pega jogadores novos para formar o atleta, e eles visualizam no Ian um bom futuro”, projeta Santiago.
Saiba mais
O Metalist é um clube localizado em Kharkiv, a cerca de 500 quilômetros da capital Kiev. O time chegou a rivalizar com os clubes mais tradicionais do país, o Shakhtar Donetsk, o Dynamo Kiev e o Dnipro. Entre 2006 e 2014, foi sete vezes terceiro colocado e ainda conquistou um vice-campeonato na primeira divisão. Em 2013, o time foi excluído da Copa dos Campeões da Europa em função de um escândalo de manipulação de resultados. A partir daí, o clube mergulhou em uma grave crise financeira e encerrou as atividades. Atualmente, tenta se reerguer, com outro nome, incorporando o ano de fundação: Metalist 1925. Já passou pela terceira divisão e agora é o segundo colocado da Segundona, a cinco pontos do líder, o time de aspirantes do Dnipro, da primeira divisão (como o “Dnipro-1” não pode subir à elite, se o campeonato terminasse hoje, o Metalist é que ficava com a vaga).