Os primeiros colonizadores a chegarem em Palhoça foram os portugueses, que se estabeleceram na Enseada de Brito e de lá se espalharam pelas redondezas. Após, vieram os açorianos e madeirenses, chegando as primeiras famílias na Ilha de Santa Catarina em fevereiro de 1747.
O povoamento açoriano-madeirense tem sua origem no edital que Dom João V mandou publicar em 1747. O objetivo de Dom João V em enviar casais açorianos e madeirenses era povoar as terras brasileiras e resolver o problema de excesso de população nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
Sesmarias
Sesmaria era um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens. Originada como medida administrativa nos períodos finais da Idade Média em Portugal, a concessão de sesmarias foi largamente utilizada no período colonial brasileiro.
As sesmarias estiveram na origem dos grandes latifúndios no Brasil. A distribuição de grandes extensões de terras a um único sesmeiro e a utilização de terras que não estavam dentro dos limites estipulados pelas cartas de sesmarias contribuíram para a desigual distribuição de terras no Brasil, uma das causas da desigualdade social ainda vigente no país.
Sesmarias doadas pelo governador da capitania no atual município de Palhoça no século XVIII:
De 1753 a 1800
José Luiz Marinho - 2 de junho de 1753 - Cubatão - 1.400 braças (2.400 metros)
Miguel Gonçalves Leão - 22 de junho de 1759 - Embaú - 4.500 braças (6.200m)
Manoel de Miranda Bittencourt - 11 de junho de 1759 - Cubatão - 750 braças (1.200m)
José Luiz Marinho - 20 de agosto de 1774 - Aririú - 750 braças (1.200m)
Pedro da Silva Barros - 15 de março de 1781 - Maciambu - 400 braças (640m)
Matheus Caetano de Souza - 2 de dezembro de 1786 - Aririú - 750 braças (1.200m)
Manoel Garcia Pires Machado - 19 de agosto de 1788 - Enseada de Brito - 750 braças (1.200m)
João de Souza Bitencourt - 19 de fevereiro de 1789 - Cubatão - 400 braças (640m)
Manoel Vieira Fernandes - 30 de setembro de 1790 - Cubatão - 950 braças (1.520m)
Manoel Soares Ferrão - 30 de maio de 1791 – Passovinte - 360 braças (576m)
Aleixo L. de Andrade - 30 de setembro de 1791 - Passovinte - 190 braças (304m)
José Rodrigues da Costa - 17 de janeiro de 1794 - Cubatão - 350 braças (560m)
A origem
No ano de 1651, Dias Velho chegou à Ilha de Santa Catarina, denominando-a de Desterro. Em 1771, portugueses de São Vicente (São Paulo) fundaram Lages. Nesse período, houve a necessidade de ligação entre as duas localidades, resultando na abertura de uma estrada que ligava Desterro a Lages. No trajeto dessa estrada, ergueu-se Palhoça.
Poucos anos depois, em 1777, a Ilha de Santa Catarina foi invadida por espanhóis. Em decorrência da invasão, o governo decidiu construir duas povoações defronte à capital, na terra firme, como era chamado o continente. O objetivo principal dessas povoações era dar guarita aos desterrenses, além de servir de escudo militar à Ilha no caso de novas invasões. O governo decidiu ainda, povoar o sertão as margens do caminho que ligava a Ilha a Lages.
A necessidade de criar um refúgio no continente, caso houvesse novos ataques à Ilha de Santa Catarina, fez com que, em 31 de julho de 1793, o governador coronel João Alberto de Miranda Ribeiro enviasse o Ofício 07 ao conde Rezende, vice-rei do Brasil. No ofício, o governador incumbe Caetano Silveira de Matos a construir palhoças para guardar farinha na estrada que ia para Lages. Nesta data, deu-se a fundação do povoado.
No início, as tropas de gado que abasteciam a Ilha desciam a estrada de Lages até o Morro do Tomé, e de lá vinham margeando a praia até a desembocadura do rio Maruim, onde parte ia para a freguesia de São José e parte atravessava o canal até a localidade do Ribeirão da Ilha.
As tropas margeavam a praia, pois tinham grandes dificuldades para atravessar um trecho de mangue e pântano, hoje parte da rua principal de Palhoça. Além de não quererem pagar o pedágio estabelecido por São José, no caminho que passava pela localidade de Passa Vinte.
Com o aumento da demanda de alimentos provenientes do continente e a movimentação das tropas, foi construída uma estrada atravessando o pântano. Com o aumento da povoação, após a construção da estrada, a população deslocou-se mais para o sul, estabelecendo-se o Centro definitivo de Palhoça, onde é hoje.
Palhoça pertenceu a Florianópolis até 1833, quando então passou a pertencer a São José, quando este foi criado.
Primeiras construções
A primeira igreja de Palhoça foi construída em 1868, e mais tarde passou a chamar-se de Nossa Senhora do Parto.
No final do mesmo ano, inicia a construção da Igreja Matriz, com vistas à criação da freguesia. A Matriz se deu por concluída em 1883, sem ainda as torres laterais. Embora houvesse sido construída, não foi logo provida de vigário. A paróquia foi simplesmente criada novamente em 3 de maio de 1901, pela Cúria Diocesana de Florianópolis.
No ano de 1873, Palhoça foi elevada à condição de Distrito Policial. Desde sua fundação até esse período, Palhoça continuou como arraial, sendo esquecida política e administrativamente, apesar do aumento de seus habitantes e do desenvolvimento da economia.
Por volta de 1824, iniciou-se a imigração alemã para o Brasil, em Santa Izabel, que mais tarde viria a pertencer ao município de Palhoça. As principais causas da imigração alemã na região foram o excesso de população na Alemanha, as guerras constantes e a propaganda brasileira, atraindo colonos com promessa de doação de terras.
Palhoça tem sua formação étnica também de origem italiana. A imigração destes para o Brasil iniciou-se por volta de 1790. Além dos portugueses, alemães e italianos, outras raças contribuíram também para formação étnica do povo palhocense, entre elas negros, libaneses, gregos, japoneses, índios.
O Município de Palhoça, em 1938, tinha uma área de 3.145 quilômetros quadrados. Essa área foi aumentada para aproximadamente 4.770 quilômetros quadrados com a anexação de Garopaba.
Primeira escola
Em 3 de maio de 1870, o vice-presidente da província, Dr. Manoel Vieira Tosta, sancionou a Lei 629 da Assembleia Legislativa, criando a primeira escola do sexo masculino na sede do arraial de Palhoça. A escola foi inaugurada com a matrícula de 15 alunos.
Durante seus primeiros 27 anos, o cargo de professor foi exercido por José Rodrigues Lopes. Em abril de 1897, José Rodrigues Lopes obteve sua aposentadoria, sendo José Lupércio Lopes o professor sucessor.
Em 1918, Palhoça possuía 29 escolas estaduais, com um total de 1.138 alunos, assim distribuídas:
Distrito Palhoça – 7
Santo Amaro da Imperatriz – 7
Santa Izabel – 6
Enseada do Brito – 3
Teresópolis – 3
Santa Tereza – 2
São Bonifácio – 1
Prefeitos
Palhoça já teve 30 prefeitos diferentes, sendo que Francisco Antônio Lehmkul, Ronério Heiderscheidt e o atual prefeito Camilo Martins assumiram o posto por mandatos consecutivos. Ari Baldemiro Wagner e Paulo Roberto Vidal assumiram a Prefeitura duas vezes, porém, não de maneira seguida.
O fundador
Caetano Silveira de Mattos nasceu em 8 de julho de 1725, na Vila do Topo na Ilha de São Jorge, nos Açores, em Portugal. Faleceu em 25 de dezembro de 1800, aos 75 anos de idade. Filho de Francisco Silveira de Matos e Ana alexandrina Machado, foi casado com Catarina Maria de Jesus, com quem teve a filha Páscoa Maria de Jesus, e tinha dois irmãos: Apolônica Silveira e João Silveira de Matos Machado.
Distrito antigo
Enseada de Brito é o distrito mais velho do município. A Enseada de Brito é o único distrito, além da sede, que sobrou da divisão do antigo território de Palhoça. Foi fundada pelo vicentino Domingos Peixoto de Brito, em 1650, que ali ficou somente por dois anos, mas deixou seu nome ligado à povoação.
Ela foi elevada à categoria de Distrito Policial em 13 de abril de 1750 e à de Freguesia em 13 de maio do mesmo ano.
Por muito tempo, ficou isolada do restante do município, havendo comunicação somente por mar. Apesar disto, já no início de sua colonização se destacou pela pesca e pela agricultura. Há relato da existência de vinhedos e fabricação de vinho na região. Durante o ápice do desenvolvimento palhocense, possuiu muitos engenhos de farinha e olarias, exportando, juntamente com o pescado e frutas, a maior parte de sua produção para Desterro.
Destaque deve ser feito para o fato de que Enseada foi uma das regiões onde primeiro se estabeleceram imigrantes açorianos.
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