Aos 24 anos, Vitor Kley é um dos músicos mais badalados do Brasil no momento. No Aririú, o professor Cleber Viana acompanha com especial carinho a carreira do cantor. Foi ele quem ensinou os primeiros acordes no violão e incentivou o jovem Vitor, então com cerca de 10 anos, a apostar na carreira artística.
Vitor estudou com Cleber Viana por cerca de três anos, quando morava em Novo Hamburgo (RS). “Apareceu um piazinho um dia na minha aula querendo aprender a tocar, já tocava uns dois, três acordes, e já naquela época ele pensava em tocar as músicas dele. O guri tinha uma coisa diferente, ele escrevia, gostava muito de português e fazia umas letras, mas não sabia harmonizar, e eu comecei a ensinar ele”, relembra o professor. Cleber conta que percebeu um potencial enorme no jovem aluno e incentivou a família a estimular o garoto a se aperfeiçoar na música. “Falei pra mãe dele que ele tinha que continuar fazendo aula, porque eu sentia nele uma coisa diferente. Quando ele cantava, ele cantava com expressão”, recorda.
Anos depois da última aula, em uma virada de ano, Cleber estava se preparando para passar o réveillon com a família, quando recebeu uma ligação de um número desconhecido. “Professor, estudei com o senhor em Novo Hamburgo, o senhor lembra?”, perguntou. Era Vitor, que chegou a chorar, emocionado. “Estou muito contente, hoje vou abrir um show do Armandinho e ele tá me dando uma força. E o primeiro que acreditou em mim quando eu era piá foi o senhor”, reconheceu o músico.
Cleber fica lisonjeado com o reconhecimento e muito feliz em perceber o sucesso que Vitor Kley tem feito no país, estourado com os hits “O Sol”, que faz parte da trilha sonora da novela “Espelho da Vida”, da Rede Globo, e “Morena”. “Ele é um guri muito bacana, merece o sucesso”, avalia Cleber. O carinho é recíproco. Em entrevistas, Vitor costuma mencionar o professor que o incentivou quando ainda era apenas uma criança sonhadora e talentosa trilhando os primeiros passos no mundo da música. Como não poderia deixar de ser, ele mora em São Paulo, o centro cultural e econômico do país, mas a mãe, Janice, mora em Balneário Camboriú, portanto, não seria nenhuma surpresa se o cantor pintasse em Palhoça para uma visitinha, quando a correria do dia a dia de celebridade permitir. “Vou me encontrar com ele e trocar uma ideia, porque é uma história bacana, o cara foi crescendo e agora está em alta, é um trabalho que chama a atenção”, comenta Cleber, que se estabeleceu na Grande Florianópolis há três anos. Atualmente, mora no Aririú e dá aulas (quem sabe, para outros futuros artistas de sucesso) na escola Mundo do Saber, no Pagani, e também dá aulas particulares.
Aos 50 anos, tem uma bagagem que inclui a licenciatura em Música, inúmeros cursos e experiências enriquecedoras, como a participação em bandas de baile, o trabalho autoral no Trio de Viana (música instrumental, em uma fusão de música brasileira com jazz e blues) e a participação na gravação do DVD da cantora argentina Lorna Earnshaw.
Comparando com o prodígio Vitor Kley, até que começou a tocar tardiamente. Foi só depois dos 18 anos que comprou o primeiro violão. Tinha acabado de servir ao Exército e se interessou em estudar música. Virou profissão. E para a sorte dos palhocenses, hoje Cleber dedica a vida a transmitir seus conhecimentos a quem tiver interesse pela música. Ele conta que está muito feliz em Palhoça, que o recebeu de braços abertos. E tem retribuído. Recentemente, publicou na internet as cifras de violão para quem quisesse aprender a tocar o hino do município. “Conheci o hino de Palhoça na escola e pensei: que legal o hino! Procurei, mas não encontrei as cifras, então, tirei a música, escrevi ela e divulguei”, descreve.