Por: Vinicius Lummertz*
Poucos lugares de montanha e clima frio do mundo são tão privilegiados como a Serra Catarinense – “Terá do leite e do mel, uma Canaã”, dizia o ex-governador Luiz Henrique. Lembra a Nova Zelândia e a Escócia – e um ator escocês, Ewan McGregor, impressionou o mundo em um comercial do perfume Davidoff Adventure gravado nas nossas exuberantes paisagens serranas.
No entanto, essa riqueza precisa ser desenvolvida para gerar qualidade de vida, empregos e renda para seus moradores e para aqueles que estão chegando. Só há uma trilha para chegar lá: o turismo. O mapa também está pronto e se chama Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo das Serras Gaúcha e Catarinense, produzido pelo Ministério do Turismo. E a grande novidade é que, depois de 30 anos de quase exclusividade do Nordeste, agora nós trouxemos para o Sul o Prodetur + Turismo, que tem R$ 5 bilhões para estados, municípios e também para que a iniciativa privada possa investir em turismo.
Porém, nem a beleza, nem os planos e nem as linhas de financiamento vão ter resultado se não houver uma mudança de mentalidade e atitude por parte da própria comunidade e de suas lideranças políticas e empresariais. Senão vejamos: Urubici tem 118 pousadas, mas faltam atrativos como parques temáticos e museus. De outro lado, Pomerode – que teve mudança de mentalidade e atitude – foi buscar três museus em Gramado. E, pasmem: os museus são de uma empresa de Blumenau, que tem empreendimentos também em Foz do Iguaçu, Cancun, Boston e Xangai (China).
Neste contexto, é preciso lembrar que o vinho se transformou em uma realidade na Serra por causa do empresário do setor cerâmico do Sul Dilor Freitas, que por conta e risco foi investir na pioneira vinícola da região. O mesmo pode-se dizer da maçã, hoje produto de exportação, iniciativa de colonos japoneses. Mais recentemente, o empresário do setor têxtil de Jaraguá do Sul Vicente Donini também subiu a serra até São Joaquim para implantar vinícola e pousada, mas acabou assumindo a coordenação de todo o projeto turístico da cidade.
Esses empreendimentos são o que chamamos de “âncoras” e a pergunta que fica é: eles foram atraídos pelas lideranças políticas, empresariais e pelas comunidades da Serra ou chegaram lá por conta própria? Como sabemos que a resposta está na alternativa dois, é hora de inverter os papéis. Por isso, convidei o Sebrae/SC para fazer uma imersão em Brasília e organizar toda a lógica de captação de financiamentos e investimentos, especialmente do Prodetur, para que os planos dos municípios e das empresas sejam integrados e de longo prazo.
Porém, a premissa é de que precisamos jogar “âncoras” na Serra, para que elas tragam não só ativos financeiros, emprego e renda, mas também toda sua experiência de negócios.
* Ministro do Turismo