Em entrevista concedida ao Palhocense em seu gabinete, o tenente-coronel Jacob Quint Neto, comandante do 16º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Palhoça, faz um balanço positivo do ano com relação à segurança pública. Quint mostra números que demonstram redução em índices de crimes como furto, roubo e homicídio. O tenente-coronel também comemora avanços na área administrativa conquistados pelo batalhão desde que assumiu o comando, em maio de 2017. “O batalhão está bem reconhecido, bem valorizado. O Comando Geral nos elogia muito pelos nossos números, pelo nosso empenho, pela nossa dedicação”, destaca.
Balanço de 2018
“Foi um ano mais tranquilo”, avalia o comandante. “Não podemos dizer que não tem ocorrência, mas os números são favoráveis, de 2017 para cá”, analisa.
Pelas estatísticas da PM, Palhoça registrou uma redução de 10% em relação aos crimes de furto; 36,17 % em relação aos roubos; 10% quanto à perturbação do sossego alheio, o campeão de chamados à central; e 36% quanto aos homicídios. “São números bem expressivos, acho que a gente evoluiu bastante”, defende o tenente-coronel.
Quint lembra, também, de ações em 2017, que resultaram em um recorde de apreensão de armas de fogo (117 armas de fogo; este ano, foram apreendidas mais 72) e em uma quantidade significativa de apreensão de drogas (passou de uma tonelada; em 2018, foram quase 200kg apreendidos). “Todo o dia apreendemos drogas, só que não tivemos uma apreensão de volume grande em relação à quantidade de peso”, reflete.
O comandante também comemora a redução de mais de 205 assassinatos em Santa Catarina em relação aos números do ano passado. Em Palhoça, o número de homicídios é 36% mais baixo, com 15 mortes a menos do que o número registrado no mesmo período em 2017. Sem contar que a maioria das vítimas de homicídios tinha passagens pela polícia ou envolvimento com drogas. “Já estamos chegando a níveis de 2015”, assegura, lembrando que a tendência, em geral, nas grandes cidades, é a de um aumento anual de 15% na criminalidade a cada ano; e no estado, houve redução.
Operações policiais
A programação de operações da PM nos últimos dois anos ajuda a justificar as estatísticas. Quem não lembra da guerra de facções, que também trouxe medo aos cidadãos de bem do município no final de 2017, quando o Primeiro Comando da Capital (PCC), com atuação mais contundente em São Paulo, tentou tomar o comando do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) sobre o tráfico de drogas na região, e acabou não conseguindo tomar a área. O interesse do PCC em Santa Catarina é estratégico: a utilização dos portos catarinenses para o tráfico internacional, já que os portos de Rio de Janeiro e São Paulo estão saturados.
A PM conseguiu responder aos ataques com medidas enérgicas. Como uma operação realizada no dia 1º de dezembro do ano passado, no Frei Damião, quando cerca de nove criminosos foram presos em flagrante, todos integrantes de facções. Eles foram processados, julgados e condenados e estão presos, o que ajudou a reduzir a ação dos bandidos em Palhoça.
Muitas dessas ações estratégicas foram desenvolvidas pelo Comando Geral da PM, com reflexos positivos no município. “O Comando Geral teve a estratégia de sufocar aquelas áreas que estavam mais conflitadas. Foram feitos alguns cinturões no estado todo. Teve a Operação Ferrolho, por exemplo, quando foram fechadas todas as entradas e saídas do estado. A gente mostrou para o país que Santa Catarina pode fechar todos os acessos”, lembra Quint.
Desde que o coronel Araújo Gomes assumiu o Comando Geral, tem sido desencadeada a Operação Adsumus, que consiste na saturação de locais críticos, simultaneamente, no estado todo. “É uma operação em que se intensificou o policiamento e se sufocou a criminalidade”, destaca o comandante.
Quint também lembra da Operação 24/1000, com 24 horas de policiamento com mil policiais nas ruas de Santa Catarina, e da Operação Palhoça/100, arquitetada pelo próprio batalhão, com a presença de 100 policiais na rua. O que é “quase” todo o efetivo pronto do batalhão, que é formado por 140 homens - no total, são 190, contando com férias, licenças e dispensas médicas. “Na verdade, colocamos nas ruas, com forças próprias, 102 policiais, e mais uma guarnição do Batalhão de Choque e da Polícia Militar Ambiental, que vieram em apoio, então deu 108 policiais naquela operação”, recorda. “Essas operações mostram o poder de mobilização da polícia”, avalia Quint.
Melhorias administrativas
“Conseguimos avançar bastante nas questões administrativas do quartel”, avalia o tenente-coronel. Quint informa que o governo do estado doou três viaturas novas ao batalhão, e o município doou mais duas. Também foram adquiridas duas caminhonetes e mais uma viatura chegou de Jaraguá do Sul.
As bases de operações no Centro, na Ponte do Imaruim e na Praia do Sonho serão reformadas. A base do Madri já foi reformada e a base do Jardim Eldorado, que vinha sendo utilizada pelo comando durante a reformulação da sede do batalhão, no Centro, voltou a ser destinada ao Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) e passa por uma ampliação. Em parceria com empresários e a Prefeitura, o complexo, com mais de 2 mil metros quadrados, vai abrigar uma área de treinamento que simula um ambiente de favela, para que o policial possa treinar incursões nos labirintos das comunidades mais perigosas. O complexo vai ter, também, estande de airsoft e paintball e academia ao ar livre.
O batalhão também recebeu três drones: dois foram doados pelo Poder Judiciário, e outro, pela Prefeitura. O Executivo municipal também doou 300 câmeras de vigilância (a ideia inicial eram 400 câmeras, mas a opção foi por reduzir a quantidade e melhorar a qualidade dos equipamentos que serão comprados). O sistema integrado de monitoramento já foi instalado junto à Secretaria Municipal de Segurança Pública, com telões e computadores, nos moldes do que é utilizado em São José. O edital para a aquisição das câmeras deve ser lançado em janeiro, e a expectativa é a de que em março os equipamentos já estejam instalados em todo o município. “Tem duas vertentes com relação à vigilância por câmeras: a primeira é a prevenção, inibir a ação dos criminosos; e também tem o pós-crime”, destaca o comandante.
Além disso, o 16º Batalhão foi o segundo do estado a utilizar as câmeras individuais. “O policial muitas vezes tinha que aguentar impropérios e muitas vezes na frente do juiz ou do delegado a pessoa que ofendeu o policial dizia que não tinha acontecido, e agora está sendo gravado. Está ajudando muito nas nossas ocorrências”, reflete.
Sede nova
Quint também comemora o retorno do batalhão à sua sede no Centro, justamente no ano em que completou 10 anos de existência. “Desde que Palhoça foi contemplada com uma unidade policial militar, o primeiro local foi aqui neste batalhão. Sempre foi aqui. A gente voltou a ter aquela presença maciça de viaturas na área central de Palhoça. Pelo fluxo de chegada e partida de viaturas, acaba aparecendo mais e isso ajuda na prevenção”, pondera. “Foi muito bom para a sociedade e para os policiais. Lá na sede provisória estávamos no limite”, relata o comandante.
O prédio é moderno, com amplas instalações - tem até auditório para 100 pessoas. “É um prédio bonito, vistoso, e Palhoça merecia. Palhoça é bela por natureza, tem um povo trabalhador, que quer o bem do município. Então, a sede é um local condizente, que encheu o ego de todo mundo”, opina.
Conselhos Comunitários de Segurança
“Quando eu cheguei no batalhão, nós tínhamos dois Consegs, na Ponte do Imaruim e na Praia de Fora. Hoje, temos cinco ativados. Ativamos no Madri, que tem feito eventos para arrecadar fundos para melhorias na base operacional do bairro; reativamos o Conseg das praias, agora com o nome de Conseg do Entorno Costeiro; e por último foi criado o Conseg do Centro. Sempre foi muito difícil mobilizar essa comunidade do Centro, até porque é uma comunidade empresarial e muitos não residem no Centro, só tem o comércio, e acabam perdendo aquele vínculo do morador”, diz Quint.
O comandante explica que qualquer bairro pode ter um Conseg. O primeiro passo é formatar uma reunião com a comunidade, e depois informar o interesse à PM. Aí, é agendada uma reunião, em que a PM vai à comunidade e explica o que é o Conseg, que tem um conceito bem mais amplo do que a Rede de Vizinhos. Um exemplo: se tem uma lâmpada de poste queimada, isso impacta na segurança, mas não é responsabilidade da polícia, então, o Conseg pode atuar para reivindicar que seja trocada. O Conseg não tem CNPJ, não tem viés político e não tem arrecadação, ou seja, não mexe com dinheiro.
A partir do interesse da comunidade, é formada uma diretoria provisória, composta por, no mínimo, oito pessoas. No ato de oficialização da criação do Conseg, a diretoria recebe uma carta constitutiva, que é como se fosse uma “certidão de nascimento” do conselho. A diretoria provisória comanda o conselho até a primeira eleição. O Conseg também recebe um livro ata, onde é obrigatório registrar todas as reuniões, e um livro de presença (quem quer participar da diretoria precisa ter uma frequência de presença nas reuniões). Também é entregue uma urna, que circula no bairro para colher sugestões.
Além da ampliação dos Consegs, Quint aumentou de três para nove o número de grupos da Rede de Vizinhos.
Operação veraneio
Na manhã de terça-feira (18), foi realizada, em Florianópolis, a solenidade de abertura da Operação Veraneio 2018-2019. Palhoça receberá o reforço de 36 policiais e seis viaturas vão circular pelas praias do Sul rotineiramente durante o período da operação.
Estatísticas
Os números de 2018
909 prisões em flagrante
1.199 pessoas conduzidas à delegacia
196 veículos recuperados
55 armas de fogo e 17 simulacros retirados de circulação
26 homicídios
Mais de 200kg de drogas apreendidos