Há dois anos, a artista plástica goiana Tetê Fernandes escolheu trocar o Centro-Oeste do país pelo paradisíaco Sul de Palhoça, uma fonte inesgotável de inspiração para qualquer arte. E o trabalho de Tetê não é uma arte qualquer. Ela supera as limitações físicas provocadas por uma artrogripose múltipla congênita (má formação das articulações do bebê, ocasionando limitação de movimento e menor força muscular; nesse quadro, o bebê tem dificuldade em mover as articulações devido a uma contratura) nos membros superiores e inferiores para expressar sua visão de mundo em óleo sobre tela. Uma visão bem colorida. “A vida é da cor que a gente pinta”, expressa a artista plástica.
Tetê chegou a Palhoça há dois anos. Primeiro, morou na Praia do Sonho, e há cerca de dois meses, mudou-se para o Mar Aberto. Na época da mudança para Santa Catarina, morava em Pirenópolis (GO) e escolheu trazer a família (o marido e quatro filhos) para o Sul de Palhoça, buscando uma mudança de ares. “Viemos com a cara e a coragem para cá”, relembra. “A gente achou que seria um pouco diferente no verão, mas está tendo mais chuva do que calor”, diverte-se.
A mesma cara e a mesma coragem que ela sempre estampou para se consolidar em uma profissão que exige uma dose colossal de talento. E talento, ela sempre teve. Desde criança. “Desde pequena eu já tenho este dom de desenho, já pintei camiseta, já pintei calça”, relembra. Mais tarde, lapidou o dom em cursos de artes.
Em 2008, Tetê descobriu a Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, que tem sede na Suíça e um escritório em São Paulo. “Eles valorizam muito o trabalho da gente”, agradece Tetê. Seus trabalhos são enviados para a entidade internacional em forma de telas de 30 centímetros por 40 centímetros, e as obras que passarem pelo crivo de qualidade da associação são digitalizadas e transformadas em cartões, que são comercializados. A artista recebe uma bolsa da associação e também um percentual de direitos autorais pelos trabalhos que estampam cartões e outros produtos comercializáveis (como canecas, por exemplo). Depois, a pintura é enviada de volta para o autor, que pode comercializá-la diretamente com o consumidor. Ou seja: uma obra pode tanto ser utilizada como decoração, na forma original do quadro, ou pode se transformar em um cartão para ser enviado em datas especiais. “Pessoal gosta muito de tema de Natal e primavera, é o que mais sai”, destaca a artista. Ou então um mimo para presentear alguém. “É muito gratificante para a gente ver o trabalho estampado em algum lugar”, comemora.
Tetê também trabalha sob encomenda. “A única coisa que eu não faço é rosto, não é minha especialidade”, observa a artista, que não deixou de se dedicar à sua arte nem na gestação. “Eu pintava até quando estava grávida”, recorda.
Além da dedicação à pintura, a artista plástica ajuda o marido (um grande incentivador e “crítico de arte” refinado, que sempre ajuda a aperfeiçoar pequenos detalhes nas obras da esposa) a cuidar da casa e dos filhos. “Não vejo dificuldade nenhuma em fazer as coisas do meu jeito. Faço do jeito que eu dou conta, e faço de tudo”, assegura. Esse “jeitinho particular”, ela foi adquirindo ao longo dos anos. “Quando eu era mais nova, eu fui vendo uma forma mais fácil de trabalhar. Vi que com a mão estava difícil de fazer qualquer coisa, e hoje eu faço tudo com a boca, pinto, faço comida, faço várias coisas. Lembro que eu estava desenhando, ainda criança, e do nada decidi colocar o pincel na boca e fui desenhando. Nunca mais parei”, relata. E que não pare mais, mesmo, para o bem da arte e o deleite dos apreciadores de bom gosto!
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