Por: Nery Artur Eller
Hoje, Palhoça provavelmente deve ocupar a primeira posição em pior mobilidade do estado! Florianópolis e Palhoça devem ter uma disputa bastante acirrada nesse quesito. No entanto, esse problema só se acumula, pois não se pensa a cidade de forma a trazer bem-estar e conforto a seus munícipes. É, na realidade, uma fonte genuína de estresse e irritações. Entra prefeito e sai prefeito, e o dilema só se perpetua.
Já comentamos anteriormente que a BR-282 deveria se ligar diretamente à BR-101 em Palhoça, eliminando-se aquela rótula que ali existe. Temos nesse ponto viário um verdadeiro absurdo em termos de trânsito, algo que não se concebe ao se falar em planejamento e engenharia de trânsito. Dnit, governo do estado e Prefeitura de Palhoça deveriam ter visto isso e trabalhado com afinco para que essa importantíssima obra pública acontecesse, mas, o que na realidade aconteceu foi a construção de duas grandes obras comerciais no local que serviria a essa imprescindível obra pública.
Agora, com o movimento de veículos desses estabelecimentos comerciais, juntamente com o trânsito da marginal da BR-101, o que já era ruim ficou ainda pior no viaduto da BR-101 que dá acesso ao bairro Aririú. O fluxo de veículos que vem do Aririú (Alto Aririú, Santo Amaro, etc.) no sentido de Palhoça já tinha um certo represamento nesse viaduto, mas, agora, enfileira ainda mais!
Quem vem do Aririú para acessar o viaduto da BR-101 agora tem que competir com duas pistas da via marginal da BR-101, enquanto antes era somente uma; com isso, o risco de acidente é enorme ao se tentar atravessar essa marginal (muitos carros passam em alta velocidade e alguns deles não dando sinal de que irão ou não entrar no viaduto - uma loucura). Por que o novo acesso sob o viaduto está levando tanto tempo para ser liberado? Bem, mesmo como esse novo acesso, não se sabe se irá resolver muita coisa!
O Aririú já deveria estar sendo planejado para mão única em se pensando em um futuro não muito distante, mas, onde estão os projetos para viabilizar tal solução? A BR-282 deveria ter traçado próprio em Santo Amaro e Palhoça, mas onde estão os projetos e lutas para que tal traçado aconteça?
Quando os ônibus funcionavam, antes da pandemia, algumas vezes eu já desembarcava próximo ao trevo e vinha andando a pé para casa, de tanta fila que encontrava na avenida Bom Jesus de Nazaré. Já pensou isso daqui a uns cinco ou 10 anos?
Todavia, isso não impede que a PMP libere 14 blocos de prédios, com 246 aptos, ao lado da rua Santa Filomena! Por baixo, são mais 246 automóveis que estarão entupindo a avenida Bom Jesus de Nazaré. Isso é planejamento? É a isso que dão o nome de progresso?
Não se tem, nos bairros Aririú e Alto Aririú, calçadas padronizadas para as pessoas transitarem, tendo-se que se arriscar sobre as vias dos carros; transitar de bicicleta é uma ação de alto risco, pois não há ciclovia ou ciclofaixas; não há rede coletora de esgotos, muito menos tratamento de esgoto; não há praças de esportes e de lazer; a rede pluvial está subdimensionada e caduca, causando alagamentos quando chove um pouco mais intensamente; a coleta seletiva, quando ocorria, era insipiente; à entrada da Guarda já dever-se-ia fazer um recuo, pois já se tornou um ponto de represamento de trânsito; calçadas são sinônimos de estacionamento, vide Farmácia Coelho e adjacências, obrigando as pessoas a ter que utilizar a via asfáltica, isso onde temos grande circulação de crianças e adolescentes, devido ao colégio João Silveira (algumas revendas de carros também se valem desse expediente); etc., etc., etc. São problemas e mais problemas, mas nada se vê para mudar tal realidade.
Grande parte do problema de trânsito de Palhoça é causado pelos carros do próprio município. Certo dia, tirei um tempo para ver as placas dos veículos que circulavam no horário de pico e, sem nenhuma surpresa, notei que a grande maioria era de Palhoça!
Solução por via rodoviária está praticamente descartada, pois as construções liberadas já esgotaram tal solução (a menos que derrubem ruas inteiras de construções, algo impraticável, obviamente). O anel de entorno da BR-101 não solucionará o problema, pois o movimento vem do próprio bairro e adjacências!
Sobrarão as soluções subterrâneas (metrôs) e aéreas (monotrilho, por exemplo). Isso são quimeras para uma Prefeitura que não consegue indenizar dois terrenos para solucionar um "Z" medonho de trânsito (avenida Prefeito Nelson Martins, com a rua Edling Schutz e a rua Jacob Weingartner), em um dos principais fluxos da cidade!
Hoje, deslocamentos que eram para ocorrer em poucos minutos podem levar um grande tempo.
Estamos num beco sem saída. Minha geração irá passar e não verá soluções dignas de aplausos em termos de trânsito e planejamento da cidade. Só improvisações e tapa-buracos.
Relatamos brevemente somente alguns dos problemas do bairro Aririú, mas nos outros bairros temos algo semelhante, infelizmente.
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