A 23ª edição do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) começa nesta sexta-feira (26) e só termina no dia 2 de outubro. Para marcar o início do festival de cinema, o Palavra Palhocense trouxe, nas últimas semanas, duas produções selecionadas para a Mostra Curtas Catarinenses que foram criadas por moradores de Palhoça: “Juventus F.C.”, de Alexandre Manoel (acesse o link bit.ly/2lgHkAU e saiba mais), e “Eu Provavelmente Morrerei Anônimo”, de Luiz Gustavo Laurindo (bit.ly/2kEbj5v). Nesta edição, trazemos os detalhes sobre o videoclipe “Ore Kunhangue”, também selecionado para o FAM e gravado na comunidade indígena do Morro dos Cavalos.
O videoclipe foi produzido dentro do projeto Vida Sonora, realizado pela CUFA Laguna durante o ano de 2018, no formato de uma escolinha de cinema comunitário itinerante que integrou os mais variados perfis de alunos e grupos musicais de hip hop de Santa Catarina. O projeto dividiu-se em seis ciclos, entre as cidades de Palhoça, Laguna, Criciúma, Florianópolis e Blumenau. Em Palhoça, o projeto teve duas “paradas”.
A primeira delas foi no Caminho Novo, onde a turma do cineasta Luiz Fernando Machado (acesse o link bit.ly/2lbUK0Z e saiba mais sobre o cineasta) encontrou o projeto FV-Coerente, grupo que representa a “velha guarda” do rap catarinense. As oficinas cinematográficas ocorreram na Associação Comunitária Hip Hop Correria e integraram populares do bairro na realização do videoclipe “Escolhas” (assista em bit.ly/2ndKllU).
A segunda parada foi na comunidade indígena do Morro dos Cavalos. O grupo musical Mbya Resiste escreveu a letra da música do videoclipe “Ore Kunhangue” especificamente para o projeto. A música foi produzida especialmente para a gravação do videoclipe no estúdio Unsom, sob o comando do rapper e produtor Marrom SNT. Os processos de preparação e execução da escolinha de cinema integraram cerca de cem moradores da comunidade indígena do Morro dos Cavalos.
“Para mim está sendo uma experiência muito bacana, porque a gente está tendo uma oportunidade de mostrar nossa luta como mulher guarani. A gente sofre muita discriminação, primeiro por a gente ser mulher e segundo por a gente ser indígena”, reflete a professora e liderança indígena Elizete Antunes. “É uma coisa nova, eu nunca tinha saído fora ou gravado num estúdio. Fiquei um pouco nervosa, mas achei legal”, comenta a cantora Eliziane Antunes.
Para o cineasta Luiz Fernando Machado, o projeto foi mais uma oportunidade para colocar em prática a metodologia criada por ele, sob a estética da “sopa de pedra”, que é a integração de amadores e anônimos com profissionais na realização das peças audiovisuais. “Eles queriam que fosse um clipe de resistência”, relata o cineasta - portanto, não é à toa que o clipe encerra com a expressão “demarcação já” entoada em várias vozes.