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A fé do encontro

Estudante de Jornalismo, Júlia Matos escreve sobre a Festa do Divino, que não tem sido realizada em função da pandemia

75372c79edebb540ac918989c438360f.JPG Foto: ORILDO SILVEIRA

Por Júlia Matos*

Palhocense ou não, se você já passou no movimentado Centro do município de Palhoça, conhece a Igreja Matriz. De frente para a praça, a Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré é parte da cidade que cresce e se desenvolve. Próxima ao ponto de ônibus, muitos trabalhadores, antes ou depois do expediente, visitam a igreja para uma prece, uma súplica ou um agradecimento. Aos domingos, a igreja é ponto de encontro de famílias que, ao fim da missa, se reúnem para rever conhecidos e amigos. Pombas brancas e cinzas parecem fazer parte do cenário, além dos moradores em situação de rua que, do início ao fim do dia, circulam pela área ao redor da igreja parecendo buscar consolo. Assim seria, há pouco mais de um ano.

Em uma quarta-feira à tarde, duas mulheres encontram-se em silêncio, sentadas nos últimos bancos da Igreja Matriz, em extremos opostos. O início de maio parece avisar sobre a chegada do inverno e o vento Sul, sentido nas costas e ancas dos mais velhos, sopra em ritmo lento. As duas mulheres mantêm as máscaras no rosto e a expressão tranquila. Uma delas faz tricô, enquanto reza um terço sussurrado. A outra não tira os olhos de Jesus Cristo nos vitrais coloridos acima do altar. O chão da igreja agora é sinalizado para que os fiéis se mantenham em espaço adequado, distantes uns dos outros. Os bancos compridos também foram isolados, e etiquetas com a palavra “família” coladas neles chamam a atenção.

No altar, logo abaixo da imagem de Nossa Senhora das Graças de braços abertos e olhar cansado, um banner destaca os “100 anos de evangelização”. No painel de avisos, próximo às portas de entrada da igreja, folhetos pedindo doações e recursos para o asilo Casa Santa Maria dos Anjos disputam lugar com as novas instruções de convivência. Atribuindo ênfase à necessidade do cumprimento das orientações estabelecidas pelas autoridades de Santa Catarina, a Portaria 254 da Secretaria do Estado de Saúde, editada em 2020, detalha a forma correta de frequentar a igreja, mantendo as regras sanitárias e de segurança. É estranho frequentar o mesmo local há anos e, por consequência de uma pandemia, passar a não mais se cumprimentar com beijos e abraços ou mesmo apertos de mão antes do ofertório, momento em que se deseja a paz de Cristo aos vizinhos de banco.

Muito mudou nesses 14 meses e a chegada de maio evidencia uma das maiores faltas para a comunidade de Palhoça: a Festa do Divino Espírito Santo. Pelo segundo ano consecutivo, essa, que é uma das 10 maiores festas religiosas nacionais, foi adiada. Crianças, jovens, adultos e idosos palhocenses que esperam por esse momento tradicional e alegre da cidade buscam consolo nas conversas nostálgicas. Lembram de suas experiências, singulares e coletivas, na “fé do encontro”, termo utilizado por Jaqueline Laura da Silva Manchein, ministra da eucaristia da Paróquia, para definir a Festa do Divino. Ingressa na igreja desde sua infância, Jaqueline, hoje aos 57 anos, faz parte de vários projetos de amparo a moradores de rua, imigrantes e famílias carentes. O carinho e o acolhimento destinado a essas pessoas foi dificultado pelas restrições de convívio determinadas para conter o avanço da Covid-19 - que já matou mais de 14 mil pessoas no estado. Jaqueline teve que buscar alternativas para continuar partilhando o pão.

De sua casa, ela escuta os sinos da Igreja Matriz badalarem no fim da tarde, avisando aos fiéis sobre uma nova missa a ser celebrada. O ritmo já conhecido do sino a alerta que há algum tempo não participa mais com a mesma assiduidade das missas. Seu marido passou por alguns procedimentos médicos e precisou de repouso. Para resguardar sua saúde e a da família, Jaqueline optou por alimentar sua fé com as missas televisionadas diariamente ou as celebrações virtuais da Paróquia Bom Jesus de Nazaré, no Facebook. “Quando ouço o sino, a primeira coisa que faço é rezar uma ave-maria”, conta.

A Festa do Divino é uma dessas saudades recolhidas pelo tempo. O frio que o acompanha a faz lembrar do que considera a parte mais especial da celebração: as novenas seguidas de encontros no Palhoção, centro de eventos da Paróquia. O final das noites era marcado pelas sopas de diferentes sabores, compartilhadas entre aqueles que se aglomeravam e esquentavam o local com o calor da fé. “A sopa e o pão são alimentos tão simples. É bonito o quanto unem as pessoas", reflete Jaqueline.

As noites de sopa, valorizadas pela ministra, parecem semelhantes a uma de suas melhores recordações da infância. Às quintas-feiras, sua mãe, dona Lalinha, fortemente engajada na comunidade em que viviam, no bairro São Sebastião, e uma das personalidades mais lembradas de Palhoça, recebia os padres que visitavam os fiéis das diferentes paróquias. Nesses dias, Jaqueline e seus outros seis irmãos sabiam que haveria um banquete.

O alimento - ou a falta dele - transformou-se no laço que une a ministra e sua vocação dentro da Igreja católica. A pandemia tornou ainda mais desafiador nutrir famílias carentes acompanhadas pela igreja, assim como os imigrantes, que, além do obstáculo criado pelo idioma, tendem a mudar de local enquanto tentam estabilizar moradia. Ainda assim, acompanhada por um grupo de voluntários, Jaqueline busca manter a esperança, alimentando pessoas em situação de miséria, assim como sua mãe fazia questão de nutrir os filhos. “Em cada um de nós mora Deus, e não podemos deixar Deus passando fome”, justifica. Talvez por isso, as sopas distribuídas no Palhoção possuam um valor mais do que sentimental.

Nas noites de Festa, cobertos pelos casacos mais grossos, cachecóis coloridos e botas novas, os palhocenses se reencontram entre uma das barraquinhas de algodão doce e as casinhas que vendem ingressos para os brinquedos do parque, atração mais procurada por jovens enamorados e crianças de todas as idades. Se fechar os olhos neste exato momento, você, caro leitor ou leitora, poderá sentir o cheiro de quentão, pipoca e maçã do amor que são vendidos em todas as festas. Nelseli Izabel Melo Diniz, de 62 anos, também relembra, em meio a uma risada e outra, o cheiro único das guloseimas que a Festa do Divino oferece à comunidade.

Por falar em maçã do amor, Nelseli, assim como Jaqueline, possui boas - e românticas - lembranças da celebração. Uma, em especial, chama a atenção. Aos 14 anos, no último ano do Ensino Fundamental, Nelseli aceitou namorar Luiz Carlos, seu atual marido. Na época, ele tinha cabelos compridos, usava calça larga e tocava em uma banda. Ela ainda se lembra das brincadeiras e galanteios que recebia durante as aulas e de como demorou para ceder. Mas nessa festa, em 1975, sua amiga deu um jeito de deixá-la sozinha com Luiz e, depois de uma conversa, aceitou namorá-lo. “Eu dizia para todo mundo que não ia ceder, mas depois dessa festa, já são 45 anos juntos. Sete namorando, 38 de casados e dois filhos amados”, conta, orgulhosa.

Nelseli passou a participar mais ativamente da comunidade quando se tornou catequista. Na época, quem comandava a Paróquia Bom Jesus de Nazaré era o padre Caon, e foi dele a ideia de fazê-la educadora religiosa. No início, Nelseli não se sentia capacitada e tinha medo de não conseguir entregar um bom trabalho, mas as palavras do padre a fizeram seguir em frente: “Não se preocupe, Nelseli. Deus capacita os escolhidos”. E assim, já se vão mais de 20 anos preparando adolescentes para o sacramento da Crisma.

Ao longo desse período, muitas Festas do Divino aconteceram. Não apenas como visitante, Nelseli passou a fazer parte da organização dos salões, preparação da comida e limpeza das mesas. Junto a outros voluntários, catequistas, ministros e parte da comunidade que se disponibilizava a ajudar, ela passava horas de um canto ao outro, do início ao fim da festa. Era cansativo, mas sentia-se satisfeita trabalhando ao lado de amigos. “Mais uma coisa que a pandemia tirou de nós. O ser humano não nasceu para viver sozinho e a festa era uma oportunidade de rever pessoas queridas e se aproximar de outras”, lamenta.


A Festa do Divino como elemento cultural

Assim como o contínuo badalar do sino da igreja, ouvido por Jaqueline, os dias, um após o outro, passam levando e trazendo católicos para a Paróquia Bom Jesus de Nazaré. Uma das últimas pessoas abraçadas pela igreja foi o padre Leandro José Rech. Comandando a paróquia desde 2018, ele também se viu limitado pela pandemia. “Os dois primeiros anos em uma nova comunidade são importantes para conhecer as pessoas e entender os pontos mais frágeis e as necessidades daquele município. As novas ideias estavam reservadas para 2020”, conta. Mas o isolamento social, junto à restrição financeira, adiou alguns projetos planejados para comunidade.

A Festa do Divino Espírito Santo seria, naturalmente, um dos meios de obter capital, a fim de investir em obras, reformas e projetos que pudessem servir não só como potencializadores do papel da igreja na comunidade, mas como um atrativo para novas pessoas, jovens e crianças, por exemplo, participarem mais da igreja. Padre Leandro já imaginava garotos e garotas participando ativamente nas lições de costura, cursos de pintura e aulas de esportes que aconteceriam no Palhoção. “Essas ideias não foram descartadas, apenas adiadas”, garante.

A aglomeração de pessoas nas filas para comprar fichas ou nas mesas compridas compartilhadas pelos palhocenses, todos ombro a ombro enquanto desfrutam da sopa, tão aguardada pela Jaqueline, não acontecerão este ano. O reencontro de amigos de escola nas barraquinhas de guloseimas, como relembra Nelseli, também não. Mas, se a fé move montanhas, como costumam dizer, o desfile das bandeiras servirá de alento aos fiéis.

Lembrando que o Divino permanece vivo e disposto a acolher e acalentar os corações dos religiosos, a bandeira do Espírito Santo, o tradicional bastão de madeira com a pomba branca em sua extremidade, ornamentado com fitinhas coloridas que guardam pedidos e agradecimentos de gerações, será levado aos bairros da paróquia. Em 2020, mesmo que a bandeira não pudesse mais entrar nas casas, muitos palhocenses enfeitaram suas portas e aguardaram nas janelas o desfile do Divino. Muitos choraram, sentindo-se amparados pelo Divino e seus sete dons: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.

Carlos Alberto Kloppel, mais conhecido como Carlinhos, é um dos fiéis que aguarda esta data todos os anos a fim de renovar sua fé. Conhecedor das tradições do município e grande apreciador de Palhoça, seu Carlinhos, aos 78 anos, perde a conta de quantas Festas do Divino já participou.

Na sala de sua casa, cinco quadros pintados por ele e sua esposa decoram as paredes. Dois deles são de praias da cidade as quais ele aprecia: Praia do Sonho e Enseada do Brito. Outro mostra a entrada de seu sítio em São Pedro de Alcântara, e nele, a imagem de Jesus Cristo, logo depois do portão de entrada, revela a fé da família. A imagem de Jesus, a versão física da pintura, também foi construída, pintada e adornada por ele. Próxima ao quadro da Praia do Sonho, uma estante de madeira serve de mostruário para os muitos porta-retratos de seus filhos e netos, além do registro de seu casamento, há mais de 50 anos, ainda na igreja antiga. No canto esquerdo no cômodo, a imagem de quase um metro da Sagrada Família zela pelos moradores da casa.

Os pequenos olhos azuis atrás dos óculos de grau, a voz calma e o riso fácil são marcas do idoso que possui lembranças da Festa desde a década de 1950. Ele iniciou as atividades na igreja aos 12 anos, ainda um moleque, e se viu motivado a colocar a mão na massa, pedindo ao dono da barraquinha de argolas, uma das atrações mais divertidas, para ajudar com os jogos. Depois do primeiro ano, deu um jeito de participar de uma nova barraquinha, e assim foi pelos anos seguintes. Auxiliou nas brincadeiras de virar latas, pescaria e bingo e com os cavalinhos de madeira.

Naquela época, as tendas eram instaladas fora do pátio da igreja, de frente para a Praça Sete de Setembro. Dominado por veículos de tração animal, carroças, charretes, carros de boi e montarias, o trânsito da cidade era lento e favorecia a venda de prendas e doces aos visitantes que vinham de outras cidades para participar da celebração. Um dos quitutes mais buscados pelo povo eram as massas, feitas em formatos de partes humanas. Braços, pernas, mãos, cabeça e pés, todos doados por fiéis que os faziam para pagar promessas, indicando alguma graça alcançada.

Carlinhos e seus amigos esperavam ansiosos pela tradicional queima de fogos, marcada por uma variedade de rodas de fogo e bateria de foguetes de lágrimas lançados aos céus. Ao fim do espetáculo, as bandeiras do Espírito Santo eram elevadas com uma chuva de aplausos. Enquanto muitos olhavam para o céu, seu Carlinhos procurava as pequenas “flechas” de madeira, partes do que sobrava dos foguetes, no chão. Quanto mais flechas conseguisse, maior seria a gaiola de passarinhos que construiria. “Às vezes, até dava briga quando dois chegavam juntos para recolher a flecha do chão. ‘É minha, é minha’, a gente gritava”, conta, em meio às risadas.

Junto à maturidade, deixou de fazer parte das barraquinhas de jogos. Seu Carlinhos passou a integrar o grupo de rodízio dos caixas e venda de ingressos. Isso até a década de 1980, quando se tornou catequista. Depois de pôr os pés em sala de aula, passou a ser, apenas, espectador e visitante da Festa. Estudioso das tradições palhocenses e escritor, seu Carlinhos sempre foi ativo na cidade. Muitos de seus textos foram publicados no Palhocense. Apesar de apreciar a cultura popular, o idoso reconhece que a parte folclórica da Festa não o cativa mais. Reconhece o valor tradicional e atrativo, a fim de converter pessoas, mas, em meio a um suspiro, afirma que nada mais lhe incentiva, se não o princípio espiritual.

Não muito longe de seu Carlinhos, no bairro vizinho, Elisângela Machado da Silva revira os arquivos de sua galeria do celular em busca de um vídeo especial que narra um dos dias mais emocionantes da sua vida como cristã. Ao encontrá-lo, gargalha ao perceber que a emoção sentida no dia modificou suas memórias, ao menos um pouco.

Com um clique na tela, ela dá início à exibição das imagens. Ela e seu marido, Adriano, estão juntos, sentados em um dos últimos bancos da lateral esquerda de uma igreja lotada. A Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré está enfeitada com flores e castiçais no corredor central em direção ao altar. O tapete vermelho abre passagem para o padre Leandro que, junto a muitas porta-bandeiras, desce do altar ao som da canção que celebra a passagem do Divino Espírito Santo na comunidade. Mal escuta-se o cantor, pois o povo bate palmas e vocaliza o cântico com energia. “Os devotos do Divino / Vão abrir sua morada / Pra bandeira do menino / Ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai…”.

O pequeno cortejo, composto pelo padre e as meninas que carregam a bandeira, caminha em direção à entrada da igreja. Com movimentos serenos, os fiéis passam a mão no tecido vermelho e muitos fazem o sinal da cruz. No fim do tapete, padre Leandro muda seu caminho e se dirige à Elisângela e ao marido. Ela já sabe o que vai acontecer, mas, ainda assim, se emociona. Uma das porta-bandeiras é Duda, sua filha, que, vestida como uma princesa, acompanha o cortejo até seus pais. Assim que se encontram, selam com um abraço a nova indicação para “casal festeiro”. Uma multidão de meninas, integrantes do cortejo, além do casal festeiro daquele ano, fazem parte da cena que Elisângela percebe ter registrado com a participação apenas da filha. “Acho que a emoção de vê-la entregar a bandeira para mim fez com que eu me lembrasse só disso”, conta, sorrindo. "De tudo que eu poderia viver de felicidade em relação à festa, esse foi o melhor momento. Foi sublime”, define.

Elisângela e Adriano continuam como “casal festeiro” desde esse dia, em junho de 2019. Não puderam exercer o papel até hoje e, com a pandemia, os contratos com as empresas de decoração foram cancelados, assim como a participação de algumas crianças do cortejo. As missas passaram a ser assistidas, assim como Jaqueline e outros palhocenses, virtualmente. Pesarosa, Elisângela conta que não havia um domingo em que a família não participasse da celebração, salvo os primeiros meses depois do nascimento de Maria Eduarda, a Duda. Em um desses dias, ela se viu em casa sozinha com a bebê de quase dois anos, em 1996. Nesse momento, ela decidiu que não deixaria mais de participar de nenhuma missa e acompanharia o marido em todos os momentos, inclusive no difícil dever de festeiros. O ano de 2021 será mais um aguardando que seus familiares, vizinhos e amigos sejam vacinados, torcendo para que a Festa seja realizada no próximo ano.

Enquanto isso, a igreja continuará demarcada para garantir o distanciamento dos fiéis, os bancos estarão isolados e as mulheres na fria tarde de maio continuarão escolhendo os lugares mais distantes para se sentarem. Não poderemos mais cumprimentar nossos colegas de banco com um aperto de mão, e a paz de Cristo será desejada com balanços de cabeça e piscadas longas. O agrupamento de vizinhos e amigos ao final da missa não será mais marcado pelos abraços e não haverá procissões que aglomerem pessoas em oração. A Festa do Divino continuará sendo lembrada através das conversas saudosas, e o gosto da sopa ou o cheiro do quentão ficarão como saudade. Por enquanto, assim como faz Jaqueline, as ave-marias serão rezadas em silêncio e em solitude, pedindo pelos doentes, pela vacina, pelo milagre da vida. Amém!

* Moradora de Palhoça, estudante de Jornalismo
 

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