O pugilista João Vitor Ferreira, morador do Aririú, decidiu dar um novo passo na carreira em 2019, ano em que completa 20 anos de idade. Depois de quatro medalhas de ouro no boxe olímpico catarinense e três pratas no Brasileiro, João vai passar a fazer lutas no circuito profissional.
É uma grande mudança. O profissional exige uma dedicação maior, principalmente na parte física, porque a quantidade de rounds por luta é maior em relação ao boxe olímpico. João terminou o ano de 2018 treinando todo dia, uma vez por dia; agora, vai ter que treinar em dois períodos. Vai ter que correr mais, pular mais corda, trabalhar mais a resistência; vai seguir cuidando da alimentação e deve agregar a ingestão de suplementos à dieta. "Se eu treinava muito, tenho que treinar muito mais. Se eu era atleta de ponta, tenho que ser mais ainda. Dobra tudo, dobra o tempo de treino, dobra a sessão de treino no dia... É um trabalho, vai ter que ser seis, sete horas por dia, com treino físico, treino técnico, tudo separado. Vai ser punk", projeta o garoto palhocense.
Mesmo como amador, João Ferreira já vivia do boxe. As medalhas de prata no Brasileiro garantiram a grana do bolsa-atleta, e depois de completar um curso de instrutor, João passou a receber também para dar aulas de boxe. O profissionalismo vai, apenas, sacramentar a consolidação da carreira que ele optou por seguir. Provavelmente, com novos valores, porque as bolsas por lutas no profissional costumam ser maiores, e como a visibilidade também é ampliada, as possibilidades de arrumar patrocínio também se ampliam.
Basta estar preparado, e determinação para isso não falta. Nem talento. No boxe olímpico, foram 49 lutas, com 39 vitórias. "Tem vários tipos de pugilista, e o João é polivalente. Ele sabe lutar no ataque e no contra-ataque e joga nas duas guardas, isso é complicadíssimo para quem vai enfrentá-lo", elogia o treinador Nelson Martins, que há cinco anos faz o trabalho de lapidar o talento do jovem campeão palhocense na equipe Sociedade da Luta.
Nelson Martins sabe que a exigência no profissional é bem maior. "No profissional tem que cuidar um pouquinho mais para não dar baixa, para o cartel não ficar negativo, porque o profissional é diferente do amador: no amador, a gente não liga se tiver cinco derrotas e 30 vitórias; no profissional, sim", alerta.
Por isso, a intenção da equipe é tomar todo o cuidado ao casar as primeiras lutas, para iniciar uma sequência positiva. Outro objetivo é participar de eventos internacionais. "A tendência é não ficar aqui, é lutar fora. Tenho contatos para lutar no México, no Chile... É só a gente dizer que estamos prontos para engatilhar as lutas", projeta Nelson.
Em 2019, o trabalho será feito para que João Vitor atinja o auge na metade do ano, e a intenção é realizar pelo menos duas lutas até o final da temporada. João vai lutar na categoria meio-médio (até 69 quilos), onde os lutadores são rápidos e fortes. "Tem que treinar para nocautear, não dá pra deixar a decisão pros juízes, tem que lutar cada luta como se fosse a última", receita o jovem pugilista.