O servidor público municipal Luciano Miranda, liderança comunitária do Caminho Novo, vai estrear na tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, prova rústica onde os participantes percorrem 15 quilômetros entre as principais ruas de São Paulo no último dia do ano. É a "cereja" de um "bolo" muito especial, o da superação.
Luciano começou a correr em 2017. Foi uma opção por uma vida mais saudável. Havia abandonado o tabagismo, depois de 22 anos de vício - começou a fumar aos 14 anos - e queria praticar uma atividade física. "Comecei a fazer caminhada e corridinha de leve, para me sentir melhor, para fazer algum tipo de atividade física, já que eu tinha parado de fumar e minha esposa gostava de fazer atividade física, então comecei mais para acompanhá-la", relata o servidor-atleta, que tinha um sério problema de ansiedade e por isso fumava muito - chegou a fumar três carteiras de cigarro por dia.
Na época em que trabalhava na coleta de lixo, tinha uma rotina mais ativa, porque precisava se movimentar muito e correr, eventualmente, no exercício da profissão. Mas por causa do tabagismo e do tempo afastado da profissão, não aguentava correr 200 metros. "Quando consegui completar meu primeiro quilômetro, foi uma alegria", relembra.
Alegria maior foi completar a primeira corrida. Foi no dia 28 de agosto de 2017. Logo na estreia, encarou a tradicional Maratona Internacional de Florianópolis, na distância de cinco quilômetros. Uma distância que ele só havia percorrido uma única vez nos treinos até então. "Meti a cara para comemorar um ano sem tabagismo", recorda. Chegou pálido e extenuado, depois de 23 minutos de corrida (um tempo 10 minutos mais rápido do que o do treino anterior à prova). Parecia um "fantasma", mas estava realizado. "É fenomenal. Não tem como explicar a sensação de ultrapassar uma linha de chegada. É incrível", comenta.
Luciano Miranda gostou tanto de ter participado que decidiu estabelecer uma rotina de competições. Mesmo em pouco tempo de pista, já tem 43 medalhas, completou sete meias-maratonas, uma maratona e 35 provas entre 5km e 12km, além de duas corridas de 15km; soma 20 troféus na categoria 35-39 anos. "Não tem idade para começar, o importante é começar. Hoje eu treino para ser um pouco mais rápido, mas o meu objetivo nunca foi esse, sempre foi participar, sempre foi procurar uma qualidade de vida, e se tornou um estilo de vida. Hoje não me vejo longe das corridas", observa.
O servidor-atleta treina pelo menos cinco vezes por semana, e no dia 31 vai experimentar a "cereja do bolo de todo corredor". "No Brasil inteiro, acho que o sonho de todo corredor de rua é participar de uma São Silvestre. É para fechar o ano perfeito", projeta.
Mas não foi uma cereja barata. Como não tem patrocínio, Luciano precisou da ajuda de amigos e de desconhecidos para reunir o dinheiro necessário para custear despesas como passagem, hospedagem, alimentação e inscrição. Chegou a fazer uma rifa, com prêmios ofertados por amigos. Foi como nas corridas: suou, mas conseguiu chegar à linha de chegada. A inscrição está confirmada; o hotel e os voos, reservados. Agora é só lapidar a performance para fazer bonito nas ruas de São Paulo. Ele espera completar os 15km em menos de uma hora. "Sei que é uma prova tumultuada, para fazer um bom tempo tem que sair lá na frente", pondera. Mas o tempo, no final das contas, não será tão importante quanto a realização de participar da prova. "A gente vai pra brincar, se divertir e festejar, porque estou indo para meu segundo ano de nova vida", finaliza Luciano.
02/12/2024
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