Mal-agradecidos
O tempo passa, as gerações se sucedem, as autoridades, os políticos, os empresários, as famílias, a sociedade, também vão passando juntos. A história, infelizmente, muitas vezes é mal contada, por isso, na maioria das vezes, os que merecem reconhecimento são esquecidos.
Em todos os municípios e sociedades, acontece a mesma coisa: as pessoas idealistas, honestas e lutadoras são esquecidas de propósito, para que os corruptos - que comandam a política local - sejam os mandões que enriquecem roubando o dinheiro público, salvo raríssimas exceções.
Acontece que todos os municípios têm sua história, mesmo que os políticos e administradores nada saibam sobre ela ou façam questão de esquecê-la. Felizmente, alguns escritores honestos demonstram, em seus livros, onde está a verdadeira história da sua terra.
Desde o meu tempo de guri eu admirava e respeitava os mais velhos, aqueles que tiravam dinheiro do próprio bolso para ajudar a administrar a sua cidade. O Conselho Administrativo (atual Câmara de Vereadores) trabalhava de graça. Seguindo o exemplo deles, quando fui vereador, na primeira sessão entreguei ao presidente uma petição, dizendo que não queria receber nem um tostão do poder público. Esta minha atitude aumentou o ódio dos políticos locais.
Ninguém fala, hoje, no Guarani do campo de seu Juliano, que era a alegria dos torcedores da redondeza; ninguém fala sobre a comissão que foi ao governador pedir a construção do atual estádio do Guarani; não se fala no Clube Recreativo 7 de Setembro, que ficava onde hoje é o Banco Itaú, que acompanhou o crescimento de três gerações de palhocenses. Hoje, não se comenta os nomes dos cidadãos que fizeram parte da comissão de construção do Clube Recreativo 7 de Setembro.
Na semana que passou fiquei feliz em saber da inauguração da reforma do prédio do Batalhão da Polícia Militar, que nós (coronel Sestilio e eu) trouxemos para Palhoça, contra a vontade de alguns políticos locais, mas que estavam lá tomando cafezinho na inauguração.
Sobre o Fórum, já falei em outra crônica; sobre a Apae, fiz parte da comissão que a criou e construiu, lamentando os desmandos que agora ocorreram.
Temos bastante a falar sobre o idealismo e o desprendimento de muitas pessoas que dedicaram suas vidas dando exemplos de ética, ajudando seu município e sua cidade a se desenvolverem. Tenho certeza que todos nós, os mais velhos de todos os distritos do município, estamos felizes pelo que realizamos, pouco importando que sejamos esquecidos pelos mal-agradecidos.
Imaginemos falar sobre educação e esquecermos os professores; falarmos em imprensa livre e não citarmos nossos jornalistas palhocenses. Infelizmente, a maioria dos filhos se esquece dos pais.
Publicado em 28/06/2018 - por Juarez Nahas