Reféns do medo
Sexta-feira passada, estávamos em Balneário Camboriú, era meia-noite, minha esposa dormia e eu estava acabando de tomar banho. Quando terminei de colocar o pijama, escutei um barulho de abrir porta. A porta do quarto estava fechada à chave e as demais luzes estavam apagadas.
Quando pensei em abrir a porta do quarto, notei, pela claridade por baixo da porta, que a lâmpada do corredor havia sido acesa e notava-se que alguém passava de um lado para o outro. Chamei minha esposa e contei o que estava ocorrendo. Ela disse: “Vai ver o que é”.
Ora, eu não tinha arma alguma e podia ser que houvesse um intruso armado. Então, escutei alguém tossindo. É claro que a preocupação aumentou, e eu, que já estava nervoso, fiquei muito mais. Foi quando escutei alguém dizer: “Somos nós. Chegamos agora”. Era o meu neto e a minha filha que estavam chegando e tinham a chave do apartamento. O nervosismo foi passando, a pressão baixou e fomos, juntos, tomar um café.
Imaginemos que fossem ladrões e o que poderia ter-nos acontecido: roubados ou mortos, como acontece com tantas pessoas, inesperadamente. Que tranquilidade podemos ter, vivendo numa sociedade sem normas de conduta, sem educação, onde o medo dirige nossa vida? Os que estudam e trabalham, as famílias, onde os maridos e mulheres lutam diariamente pelo pão de cada dia e são reféns de vagabundos, bandidos, condenados que estão soltos pelas ruas cometendo mais crimes.
Os movimentos grevistas dirigidos por indivíduos que só querem o poder, pouco importando a quem irão prejudicar, quebrando vitrines, roubando, queimando ônibus, agredindo pessoas que querem trabalhar, agem com desorganização e violência, e atingem apenas os mais pobres.
Será que é o povo que tem, sempre, que pagar pelos erros dos políticos? Por que os grevistas não vão reclamar diante das prefeituras, das câmaras de vereadores, nas assembleias, no Congresso, no Judiciário? Por que os grevistas não têm uma pauta para exporem seus problemas?
São usadas, sempre, as mesmas atitudes covardes da violência. E é sempre o povo trabalhador e honesto quem vai pagar a conta dos políticos.
As eleições estão chegando. Tenho certeza que o povo vai eleger e reeleger os mesmos corruptos, por quaisquer 10 reais, pouco se importando com o futuro. O que as famílias e a sociedade em geral vão deixar às novas gerações? Corrupção? Violência? Será que vamos ter que viver eternamente com o medo? O que fizeram com a educação, com o respeito, com os direitos e deveres?
PARA PENSAR: "O homem racional e civilizado é o primeiro entre os animais, ou é o último, quando vive sem lei e sem justiça".
Publicado em 07/06/2018 - por Juarez Nahas