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Faz muitos anos, Palhoça não tinha agência bancária. Como eu sempre gostei de colaborar com a cidade, desde jovem, falei com o prefeito para conseguirmos trazer uma agência bancária para o atendimento do povo de Palhoça. O prefeito topou a ideia, lutamos e realizamos nosso intento.
Após a vinda de alguns bancos, que faliram, veio o Besc, onde 90% dos palhocenses depositava suas economias. Éramos conhecidos dos funcionários, que nos tratavam com respeito e consideração.
O tempo continuou correndo e o Besc passou a ser Banco do Brasil, com funcionários e gerência de pessoas que não conheciam o passado daqueles que sempre confiaram suas economias na nova administração. Por algum tempo, tivemos duas pessoas que passaram a conhecer, de perto, os donos de contas no BB central de Palhoça, que eram a Tatiana e o Ricardo. Acontece que os dois saíram e vieram outros funcionários que não conhecem os depositantes do antigo Besc.
Semana passada, eu e duas senhoras, professoras aposentadas, fomos resolver um problema administrativo. Eu, com atendimento prioritário (acima de 80 anos) e as professoras com fichas acima de 60 anos. Éramos os primeiros da fila. Chegamos às 15h30 e só fomos atendidos às 17h30. O funcionário que me atendeu foi muito educado.
Dois dias após, fui pegar uma cópia do documento que minha esposa precisava entregar na secretaria. Cheguei antes do banco começar a funcionar, fui o primeiro da fila e, quando começaram a atender, chamaram uma moça para fazer abertura de uma conta nova. Mais uma vez, minha ficha de mais de 80 anos não valeu. Reclamei do atendimento e quase encerrei minha conta bancária.
A falta de respeito ao direito das pessoas e a desconsideração da história de vida, do trabalho comunitário, de mais de 70 anos de trabalho social à cidade onde sempre se viveu, é comum em todos os setores: na sociedade, no esporte, na cultura, no empreendedorismo, na Justiça e muito mais. Os mais velhos não esperam favores fora da lei; querem, apenas, respeito aos seus direitos (idosos e acima de 80 anos), que ela seja cumprida.
É necessário que analisemos as novas “autoridades” que surgem nas cidades: prefeitos, vereadores, diretores em geral, segurança, Justiça, educação, lazer, esporte, etc., que se esquecem dos antepassados que construíram as cidades com seu entusiasmo, trabalho incansável e idealismo.
Temos que entender que não é o presente que faz o passado. Na maioria das vezes, foi o passado que construiu o hoje, assim como foram os avós e pais que encaminharam o futuro. Os idosos merecem respeito.
Publicado em 17/05/2018 - por Juarez Nahas