Esperança
Meu pai, Nicolau Nagib Nahas, escreveu uma poesia com o título "A Um Coração", dizendo: "Vai coração! Como o judeu errante / Caminharás perdido pela vida, / Longe da paz e do amor distante, / Sem nunca achar a sombra apetecida! (...) Caminharás perdidamente pela vida, / Verás luzir a estrela da esperança, / Tentarás agarrá-la, e ela, então / Ao sentir-te bem perto, ao largo avança (...)".
A esperança é uma senhora inconquistável, indomável, de difícil acesso. As pessoas felizes no dão importância à esperança, pois já não têm mais nada a esperar, já que possuem tudo o que querem, apesar de ser natural que se queira sempre muito mais do que já se tem. Meu pai escreveu "Na vida tudo é assim... Triste, porém, / é a gente em prantos recordar alguém/ E ver todos os seus sonhos sepultados!".
Todos nós, desde cedo, somos portadores da esperança de sermos felizes. Tudo depende em qual pedestal nós colocamos a esperança. Então perguntamos: ser rico é ser feliz? Ter um cargo importante representa felicidade? Casar e construir família, com a esperança de abraçar a felicidade, será o suficiente para sermos felizes?
O que temos visto é que, se não soubermos viver, se não tivermos esperança com amor, teremos, sim, "depois de tanta luta Insana / Tudo findar como a vaidade humana / Nos sete palmos de uma sepultura". (N.N.N.)
As pessoas colocam importância e responsabilidade demais na esperança. A esperança não age sozinha, necessita do nosso apoio para que continue a existir, pois, sem isso, ela morrerá. Nós, então, começamos a chorar e a nos acharmos como um copo vazio no balcão da vida.
Assim como nossos pais tinham esperança em ver seus filhos crescerem saudáveis, inteligentes, estudiosos, honestos, felizes e encaminhados na vida, nós também comungávamos das mesmas esperanças de uma vida futura repleta de emoções em vitórias constantes, alicerçadas em realizações de esperanças emocionantes, quando construamos nossa família.
As decepções nos ajudam a entender melhor o que significa a esperança. Aprendemos a amar a Pátria e a confiar nos homens públicos, no entanto, o que assistimos hoje é à morte da esperança, esmagada por aqueles de mau caráter que tinham, por dever, ensinar o povo pelo exemplo da honestidade.
Resta-nos lutar com muita fibra, abraçados com a família - que é o mais importante em nossa vida -, para que não tenhamos que viver cantando aquela música triste: "Esperança, morreste muito cedo. Saudade, cedo demais chegaste. Uma quando parte, a outra logo chega. Chorar, se lágrimas não tenho (...)".
As esperanças nascem tão fagueiras como o riso nos lábios das crianças. Mas, "na vida tudo é assim... Pois ela é como a fumaça: como chega de repente, logo passa". (N.N.N.)
Publicado em 19/04/2018 - por Juarez Nahas