A educação está morrendo
Quando estudei no Venceslau Bueno, lá pelos idos de 1938, o ensino primário era valorizado pelas professoras, como se os alunos fossem seus filhos. Não havia violência, todos eram respeitados (diretores, professores, alunos, funcionários e pais). Tínhamos que saber cantar o Hino Nacional e o que significam as palavras “moral” e “civismo”.
A importância que era dada à biblioteca do Venceslau começava com as aulas de leitura e interpretação das obras, que tínhamos que ler. Dessa forma, era estimulado o gosto pela leitura e a redução da ignorância, em benefício da cultura do povo e da sociedade em geral.
Oitenta anos se passaram e, em pleno século XXI, temos a tristeza de ver a educação e a cultura definhando, quase mortas por pessoas que têm o poder mas não têm e nunca leram um livro.
Todos os dias, os filósofos do mundo amanhecem chorando pelo predomínio da ignorância, que provoca a violência. Nossos administradores e políticos só conhecem a cultura da corrupção, salvas raríssimas exceções. De nada adianta sermos doutores ou termos cargos importantes se não entendemos nada sobre a vida, o mundo e a tudo que nos cerca.
Nossas autoridades, imponentes figuras de terno e gravata, que vivem enriquecendo, em sua maioria, pendurados em cargos públicos, esquecem-se que são “servidores públicos”, pagos com o dinheiro dos impostos que cobram do povo para honrarem os cargos que ocupam em benefício da sociedade.
O prazer dos políticos e dos corruptos, em geral, seria colocar fogo em todas as bibliotecas do país e do mundo, para poderem roubar livremente dos cofres da nação, soltarem foguetes, pagarem bebida aos incultos e serem aplaudidos por um povo vítima da ignorância e da falta de cultura.
Infelizmente, o foco das discrepâncias sociais vem sendo distorcido diariamente, pela hipocrisia daqueles que deveriam abraçar e propagar a verdade, para que se tenha paz. Criaram o ódio entre brancos e negros; mulheres e homens; menores e maiores; filhos e pais e ricos e pobres.
Só a educação é capaz de modificar esta triste realidade. Foi com este pensamento que criamos, em 1974, no governo Odílio Souza, a Biblioteca Municipal. Os governantes foram mudando a localização da biblioteca, e toda a vez que a mudavam, muitos livros desapareciam e outros eram destruídos, jogados nas carrocerias de caçambas sujas de barro.
Agora que a sociedade esperava que fosse criada a Casa da Cultura, no prédio antigo da Prefeitura, eis que, mais uma vez, a biblioteca é desalojada do Centro. Os políticos, em sua maioria, só não fazem uma fogueira dos livros com medo que a fumaça da cultura entre nos lares e na cabeça das pessoas, iluminando-as e tornando-as mais espertas e não votem mais neles.
Por isso, eu repito Castro Alves: “Bendito o que semeia livros... Livros à mão cheia... E manda o povo pensar”!
Publicado em 22/03/2018 - por Juarez Nahas