Empoderamento
Acho que meus dicionários estão ultrapassados. Procurei e não consegui achar a palavra “empoderamento”. Mas, como todo mundo - especialmente as mulheres - a emprega diariamente, exigindo mais poderes para o sexo feminino, ela já existe. Também a raça negra está exigindo “empoderamentos” raciais. Os menores, então, nem se fala, pois estão “empoderados” faz tempo!
Do ano de 1938 em diante, as pessoas que eu achava serem as mais poderosas eram as mulheres. Começando por minha supermãe Carmem, minhas irmãs e minhas professoras.
Fui educado sem preconceitos de sexo, raça e posição social. O que importava era o valor moral de cada pessoa. Quando estudei, na década de 1940, no Instituto de Educação, em Florianópolis, tive o prazer e a honra de ser aluno de uma ótima professora de Português, negra, atuante politicamente, tendo sido deputada estadual e diretora do Instituto, chamada Antonieta de Barros, que ficou na história de Santa Catarina.
Os políticos brasileiros, em sua maioria, são oportunistas, incompetentes e corruptos, que fazem leis para agradar classes sociais e raciais, criando, com suas atitudes interesseiras e beócias, preconceitos prejudiciais à convivência social.
O que sempre fizeram com o Brasil e recrudesceu nos últimos anos de um populismo exacerbado, foi semear o ódio entre as pessoas, ricas ou pobres, brancas ou negras, menores e maiores, pais e filhos.
A palavra “empoderamento” é boçal e antipática, porque divide a sociedade entre os que têm poderes (poderosos) e os que nada têm. Lembra a alta posição social, influência, poderio, autoritarismo, nunca esquecendo que as ditaduras também têm “empoderamento”. Jamais devemos esquecer que o poder, sem a energia moral, sem a ética, será apenas dominação de uma classe em detrimento de todas as outras classes sociais.
Todas as raças deveriam homenagear o grande poeta nascido em 1847 e falecido em 1871, chamado Castro Alves, autor de “Espumas Flutuantes”, filho de um médico. O abolicionista branco Castro Alves escreveu o poema “O Navio Negreiro”, onde relata a tragédia no mar, dos escravos que vinham nos navios. Era o desespero de liberdade e da justiça contra os escravagistas.
Para a falta de cultura e o desinteresse das autoridades com a educação, ele escreveu “O Livro e a América”, onde diz: “Oh! Bendito o que semeia livros... Livros à mão-cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n’alma é germe - que faz a palma. É chuva - que faz o mar”.
Vamos “empoderar” o “templo das ideias”, acabar com os radicalismos que destroem a humanidade. Vamos semear a energia moral abraçada à ética.
Publicado em 08/03/2018 - por Juarez Nahas