Quando o fogo revela o descaso
As chamas que tomaram conta do Morro dos Cavalos no último domingo (6), após o grave acidente envolvendo um caminhão-tanque e mais de 20 veículos, iluminaram mais do que o asfalto da BR-101. Revelaram, também, um problema antigo que insiste em permanecer na escuridão da burocracia e da omissão política. O fogo, visível a quilômetros de distância, virou símbolo de um cenário onde a imprudência não está só no volante, mas também na lentidão das decisões que deveriam ter sido tomadas há anos. E isso, a gente vem escancarando aqui, neste espaço, a cada grave acidente ou deslizamento de terra.
De tempos em tempos, reacende-se o debate sobre a construção dos túneis — projeto pronto desde 2009, mas ainda trancado em gavetas, diante de disputas de responsabilidade e empurra-empurra. Enquanto isso, seguimos reféns de um verdadeiro fogo cruzado: de um lado, burocratas que emperram processos com justificativas técnicas infindáveis; do outro, políticos de carreira que preferem acender a chama da polarização, transformando problemas reais em palanques ideológicos. Não é hora disso. É hora de sentar à mesa, desarmados, e buscar uma solução urgente e definitiva.
Uma má notícia: novos acidentes virão. E quando vierem, haverá sangue nas mãos daqueles que preferem discursos a atitudes. As chamas de domingo são mais um alerta — por mãos divinas, ninguém morreu. Ainda acreditamos no potencial de diálogo e no compromisso público dos nossos governantes. Mas a hora de agir é agora. Antes que o próximo fogo consuma mais do que veículos: consuma vidas e o que restar da esperança da sociedade.
Publicado em 10/04/2025 - por Palhocense