Olhos sedentos
Número não chora, não sente e nem sonha. A iminente desapropriação de uma área particular no Frei Damião trouxe uma polêmica e descortinou uma realidade que para muitos só existia na África, Venezuela ou Haiti.
As fotos do local em questão, publicadas aqui em nossas páginas e reverberadas em nossas redes digitais, são limitadas para expressar a miséria e o abandono da região. Nossas equipes foram até lá. Olharam nos olhos de quem não sabe onde vai dormir amanhã. Tocaram a pele de quem sente frio.
Em sua coluna Boca Maldita desta semana, João José da Silva convida magistrados e mandatários do poder a fazerem o mesmo. Talvez, para eles, os números magicamente ganhem vida.
Qualquer generalização é burrice. Há aproveitadores entre aqueles sofredores. Há criminosos entre os miseráveis. Mas, nessa hora, precisamos ter um sistema de assistência social rigoroso e forte que mostre quem é quem naquele emaranhado de lama, papelão, tábuas mal pregadas e olhos sedentos.
Publicado em 24/05/2018 - por Palhocense