Pesquisas favoráveis não permitem que Moisés tome decisões sozinho
Nos últimos dias, o governador Carlos Moisés teve a seu favor duas pesquisas importantes, que avalizam o trabalho de combate que vem fazendo ao vírus da China. O primeiro – e mais importante – é o que aponta que as medidas de isolamento diminuíram o contágio em 50% em todo o estado, no último mês. O outro é a pesquisa do Instituto Mapa para medir o apoio popular às mesmas medidas: 60% a favor, em 55 municípios, com 1.500 entrevistados. Porém, a última opção que esses números dão ao governador é a de se encastelar e parar de dialogar com a sociedade e seus representantes – coisa que, aliás, marcou sua gestão antes da pandemia.
Desde o início do atual governo, o Conselho das Federações Empresariais (Cofem) tem reiterado a importância do diálogo com o setor produtivo sobre as questões relativas ao desenvolvimento. “Com a crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus, e suas estarrecedoras consequências, especialmente sociais, isso se torna ainda mais urgente. Todos colocamos a vida em primeiro lugar, mas é fundamental encontrar uma equação que permita garantir a saúde das pessoas e, também, a subsistência delas. Isso, por sua vez, depende da sobrevivência de nossas empresas e da possibilidade de manutenção dos respectivos empregos que elas geram”, afirmam as entidades.
As entidades que representam todos os setores da economia catarinense dizem estranhar o fim das reuniões do grupo de trabalho para discutir as questões ligadas à pandemia – retomadas logo depois do manifesto. “As reuniões foram suspensas, e o diálogo, interrompido. Causa estranheza ao Cofem, como membro do grupo de trabalho, tomar conhecimento, pela imprensa, de decisões importantes tomadas pelo Governo”, ressalta o conselho.
OS MAIS ATINGIDOS
No último levantamento feito pelo Observatório da Indústria, a crise do coronavírus já tinha custado 165 mil empregos no setor. Somado ao comércio e aos microempreendimentos, há uma projeção de que quase 500 mil trabalhadores já estão desempregados. Na indústria, esses 165 mil representam uma redução de 21% na quantidade de trabalhos formais no setor, que fechou 2019 com 786 mil empregados e agora está com 621 mil.
A análise, que mede os impactos após o início do período de isolamento, mostra ainda que, no estado, houve retração de R$ 3,4 bilhões na produção industrial, diminuição de R$ 3,1 bilhões nas vendas no mercado interno e redução de R$ 327 milhões nas exportações industriais. O levantamento informa que, dos 17 setores consultados, os mais impactados do ponto de vista do emprego são equipamentos elétricos (-41,7%), confecção (-41,4%), automotivo (-39%), madeira (-31,3%), bebidas (-29,3%), móveis (-27,6%), cerâmica (-27%), construção civil (-23,8%), gráfico (-23,8%) e produtos químicos (-20,9%). A amostra da pesquisa é formada por 740 empresas, das quais 8,1% são grandes, 37,6% médias e 54,3% pequenas, de 129 municípios catarinenses.
Publicado em 08/06/2020 - por Luiz Fernando Bond