Palhoça: 131 anos de glórias e devaneios
Para esta seara de versos
Deste trovador popular
De minha terra a história
Pretendo agora contar
Pois é o seu aniversário
E é justo e necessário
Sua história relembrar!
Esta senhora formosa
Que em versos homenageio
Faz agora 131 anos
Muita felicidade eu anseio
Rebuscando na memória
Descrevo sua trajetória
Sem fazer muito rodeio.
Nasceste na beira do mar
Bastava dar uma olhadela
Via-se índios em suas malocas
Aos pés do Morro do Cambirela
Ao Sul, numa enseada branquinha,
No mar azul aparecia mansinha
Uma bonita e elegante caravela.
Eram os bandeirantes chegando
De emoção soltavam gritos
Algumas famílias desembarcaram
Na hoje denominada Enseada de Brito
Contrariando os livros de história
Ficou no cantinho da memória
O que nos livros não foi escrito.
Era mil seiscentos e cinquenta
Quando se deu esse fato
Quem foi o fundador de Palhoça
Se ninguém bateu retrato?
Pergunta na escola um garoto:
“Foi o Domingos de Brito Peixoto
Ou Caetano Silveira de Mattos?!”
Para responder à pergunta
Sonhei acordado, perdido no tempo
Saí pelo passado, procurando
Montado num redemoinho de vento
Voltei aos tempos de outrora
E logo assim, sem demora,
Presenciei esses acontecimentos.
O ano era mil setecentos e cinquenta
Vi na Enseada, chegando, os açorianos
Que se estabeleceram no local
Sem ter para as famílias muitos planos
Juntando-se a quem já morava lá
Começaram a trabalhar
Como pescadores e colonos.
Viajei até mil setecentos e noventa e quatro
Da época, eu vi um desenho
Encontrei o Caetano Silveira de Mattos
Trabalhando com muito empenho
A margem do rio Maruim
Plantava mandioca e aipim
Na lida de dono de entreposto e engenho.
O local era um entreposto
Via-se as mercadorias chegar
Então, as embarcavam em balsas
Para a Ilha do Desterro levar
Levavam a carne, a farinha
Também o gado, a galinha
Traziam outras mercadorias de lá.
Nessa mesma época, na Enseada
A Vila era um lugar de sucesso
O lugar cresceu e se desenvolveu
Na agricultura, na pesca e no resto
Com engenhos e muitos moinhos
A prosperidade estava a caminho
A já vivia 43 anos de progresso.
De novo usei a máquina do tempo
Em 1894, cheguei a São José
Ouvia-se os josefenses dizendo
Na maior “pegaceira de pé”
Consideravam Palhoça um estorvo
Diziam que iriam enforcar todo o povo
Da Vila do Senhor Bom Jesus de Nazaré.
Fui me inteirar do acontecido
Para ver se daquilo entendia
E me disseram, putos da cara:
“Ser do contra, em Palhoça é mania
Querem emancipar a coisa pública
Preferem permanecer na República
E nós queremos a volta da monarquia”.
Os políticos da Vila de Palhoça
Com o governo fizeram reunião
Na frente do Antônio Moreira César
Não tiveram nenhuma compaixão.
“De São José, queremos nos separar
Vamos procurar quem saiba administrar
Por favor, queremos a emancipação.”
Continua na próxima edição
Publicado em 17/04/2025 - por Beltrano