As epidemias do Brasil varonil
Quem disse que quero viver
Para alcançar a velhice?
Tanto quanto a mocidade
Fui feliz na meninice
Ser um país sem tesão
Sofrendo do coração
Abdico dessa tolice.
Pra que ter longevidade
Com gosto de hipertensão?
Já sofro de mal de Parkinson
Possuo safenas no coração
Os políticos em minhas redes
Esquecem que sinto sede
Perdem a vergonha e a visão.
Como se tivessem Alzheimer
Esqueceram minha história
Porque a doença vai causando
Total perda de memória
A tal da qualidade de vida
É só uma recordação perdida
Não dão mão à palmatória.
No meu corpo de sul a norte
Buraco feito ruga aparece
Já caminho com dificuldade
Minha economia desfalece
Tornou-se azedo como fel
O político não cumpre o papel
Elege-se e de mim esquece.
Do mal político tenho alergia
O que aumenta minha sinusite
Com sintomas de infarto
Não tratam minha bronquite
Meu pulmão com tuberculose
Grito de dor com artrose
Por conviver com a Covid.
Às vezes, tenho ânsia de vômito
Vertigens crônicas e labirintite
Caio de cama com febre
Olhos vermelhos, conjuntivite
Me bate uma dorzinha chata
Quando me ataca a catarata
Que peguei com a poliomielite.
Vivendo junto com ratos
Adquiri leptospirose
Nas pernas tenho as marcas
Da mais recente trombose
Um mosquito me trouxe dengue
Que faz com que eu capengue
Desde que me operei da fimose.
Será que só me resta a morte?
Ter disfunções intestinais
Não percebem que estou urinando
Sofrendo com problemas renais
O Brasil perde o sentido
Vem sendo muito dolorido
Confesso, não aguento mais!
Espere aí, alto lá!
Tudo pode ser diferente
Ser idoso sem saúde
É coisa de antigamente
Para bem me administrar
É só o político me cuidar
E não ser tão indecente.
Procurar me ver saudável
Não me deixar abandonado
Ver certinho minha pressão
Ter meu colesterol controlado
Pois se meu sofrimento é profundo
Não quero ser visto pelo mundo
Como mais um velho cansado.
Alimentar-me com fibras
Com alimentos integrais
Preservar as minhas folhas
Frutas, verduras e sais minerais
Não me façam de engaço
Enchendo os meus palácios
Com seus cabos eleitorais.
Não preciso de pratos enlatados
Porque contêm conservantes
Glutamato monossódico
Muito sódio e os corantes
Pensem bem em quem votar
E qualquer candidato ajudar
Elejam bons governantes.
Fazer caminhada diária
Frequentar academia
Fazer esporte, aeróbica
Ter saúde e cidadania
A esses políticos respondo
Se continuarem brigando
Não terei mais alegria.
Tenho previdência social
Pois pensei no meu futuro
Pra conseguir esse bônus
Trabalhei muito, dei duro,
Minha arrecadação é decente
Só me falta um bom presidente
Que me faça render juro.
Mesmo velho, posso ser saudável
Tenho um corpo e boa mente
Cuidar de mim, dia após dia
Pra que eu não fique doente
Se o fogo consome a natureza
Por todo lado vejo tristeza
Posso sucumbir, de repente
Para quem vai me administrar
E pra quem me faz de bandolim
Bebendo, comendo e usufruindo,
Aviso: não sou galinha com aipim.
Deixe disso, a vida é bela
Não caia nessa balela
Vocês vão morrer antes de mim!
Publicado em 23/09/2021 - por Beltrano