O ladrão de galinha e as aves de rapina
No último mês de outubro
Este causo repercutiu
Foi aqui mesmo, em Palhoça
Que a polícia descobriu
Prendeu um ladrão de galinha
E para a delegacia o conduziu.
O jovem Irineu da Costa
Conhecido por “Rolinha”
Aproveitou a madrugada
E resolveu sair da linha
Invadiu um galinheiro
E roubou duas galinhas.
Apanhou um saco plástico
Que ali mesmo encontrou
O Rolinha, muito esperto,
Escondeu no saco o que furtou
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.
O seu Juca Leotério
Homem de muito tato
Notando que havia sido
A vítima do grave ato
Procurou a delegacia
Pra prestar queixa do fato.
Ante a notícia do crime
A polícia, diligente
Tomou as dores do Juca
E formou seu contingente
Mandou um cabo e dois soldados
Pra prender o delinquente.
Assim foi todo aparato
Da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa
Do comandante titular
Foram mais de 10 viaturas
Para o bandido pegar.
Depois da investigação
O larápio foi encontrado
Num bar lá no Passa Vinte
O Rolinha foi capturado
Não esboçou reação
Foi conduzido, então
À frente do delegado.
Perguntado pelo furto
Que havia cometido
Respondeu o Rolinha
De modo extrovertido:
“Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?”
“Os da Lava Jato estão soltos
Na cadeia, ficaram alguns dias
E no pouco que lá estiveram
O povo bancou a mordomia
Agora, a cambada de ladrão
Vai curtir as aposentadorias.
“Depois de receber propinas
Fizeram acordo com satanás
Estão roubando gasolina
Querosene e bujão de gás
É tamanha a ladroeira
Que faliram a Petrobras.
“O povo já não aguenta
Ser roubado e iludido
Por políticos corruptos
Que não passam de bandidos
Gente da pior espécie
Que não devia ter nascido”.
Ante a tão forte argumento
Calou-se até o delegado
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.
E já se passava um mês
Da prisão do Rolinha
Chegou às mãos do juiz
A investigação todinha
E ele pensou, surpreso:
“Solto ou eu deixo preso
Esse ladrão de galinha?”
Soltá-lo era uma decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É pra pobre, preto e puta…
Por isso, pediu a Deus
Que norteasse sua conduta.
Seria justa a sentença
Cadeia é lugar de ladrão
Quem furtou duas penosas
Devia ficar na prisão
Se já estão fora dela
Os ladrões desta nação?
Afinal, não foi tão grave
E a própria lei ensina:
Roubar galinha pra comer
Não é como receber propina
O político virou sinônimo
E roubar é sua sina.
Ser enganador, mentiroso,
Enrolador, trambiqueiro
Gostar de fazer promessa,
Não pagar, ser trapaceiro,
Eis os requisitos básicos
De um político brasileiro.
Fazer tudo por dinheiro,
Detestar pessoa séria,
Não se importar se o povo,
Tá morrendo na miséria.
O Brasil vive sofrendo
Entre vírus e bactéria.
E assim deu-se a sentença:
“A esse homem da simplória
Com base no CPP
Dou-lhe liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.
“Se virar homem honesto
E não sair de novo da trilha
Que permaneça em Palhoça
Ao lado de sua família
Mas se continuar na ladroeira
Deve arrumar uma cadeira
No Congresso Nacional em Brasília!”
Publicado em 01/04/2021 - por Beltrano